• Carregando...
Obras de construção do Hospital Regional de Ivaiporã, no Vale do Ivaí, em agosto de 2019.
Obras de construção do Hospital Regional de Ivaiporã, no Vale do Ivaí, em agosto de 2019.| Foto: Divulgação / Sesa

Nos últimos dez anos, o Paraná avançou na prestação de serviços hospitalares sofisticados: houve crescimento de 15% no número de internamentos de média e alta complexidade, acima da média do Brasil e das regiões Sul e Sudeste. Entretanto, esses atendimentos continuam concentrados em duas regionais de saúde: a de Curitiba e de Londrina. Agora, a necessidade do governo de aumentar a oferta de leitos, em função da Covid-19, levou à aceleração de obras de hospitais regionais de Guarapuava (5ª Regional de Saúde),Telêmaco  Borba (21ª), e de Ivaiporã (22ª), que devem ser entregues em 45 dias, contra uma previsão inicial de ficarem prontos no fim do ano.

RECEBA notícias do Paraná pelo WhatsApp

Em 2009, o Paraná realizou 713.861 internamentos de média e 50.663 de alta complexidade. Em 2019, os números passaram a 766.053 e 113.406 respectivamente, mostrando um salto significativo no serviço mais complexo. Esse desempenho foi observado em vários outros estados, que também ampliaram o atendimento de alta complexidade em maior proporção.

Um dado positivo é que os internamentos de alta complexidade estão mais distribuídos pelo Paraná: em janeiro de 2010, por exemplo, a Regional de Saúde Metropolitana, que agrega Curitiba e cidades vizinhas, respondeu por 54% desse serviço. Agora, em janeiro de 2020, a participação caiu para 44%. Das 22 regionais do Paraná, 9 conseguiram ampliar esse tipo de atendimento. As que mais cresceram nesse quesito foram Umuarama, Maringá e Cascavel.

O volume que é atendido nas demais regionais, porém, continua distante do registrado pela metropolitana (veja infográfico com a participação de cada uma). Além disso, o serviço de média complexidade ficou ainda mais concentrado, com queda em quase todo o interior do Paraná.

Ainda que o atendimento hospitalar seja concentrado, ele não é desorganizado; isto é, segue fluxos definidos pela Secretaria de Saúde com as regionais. Os internamentos só são feitos após encaminhamento das unidades de saúde das cidades de origem, e os pacientes do interior ganham transporte e estadia em casas de apoio contratadas via licitação pelas prefeituras.

O Plano Diretor de Regionalização (PDR) do Paraná, por exemplo, define os serviços de referência para a alta complexidade. De 27 especialidades listadas, 3 só são ofertadas na regional Metropolitana: transplante de fígado, transplante de rim e pâncreas; e neurologia focada na investigação e cirurgia de epilepsia. Há outras especialidades em que essa regional é responsável oficial por atender a pacientes do interior, ainda que o serviço seja ofertado em outras cidades. Nesse caso estão os transplantes de medula óssea; de pele; de tecido músculo-esquelético; de válvula cardíaca; e, na área pediátrica, a nefrologia, oncologia e eletrofisiologia.

Impacto da pandemia

A pandemia de Covid-19 levou os sistemas de saúde a suspenderem consultas e tratamentos eletivos, mas os casos graves continuam sendo encaminhados para os respectivos centros de alta complexidade. Em Curitiba, alguns estabelecimentos que recebem pacientes do interior viram o movimento cair até 90%. Na Ideal Casa de Apoio, por exemplo, o fluxo em dias normais é de 400 pessoas; agora, são 50. Na Casa de Apoio Vale do Ivaí, o usual era receber 200 pessoas; agora, são 20.

Segundo a enfermeira responsável pela Casa de Apoio Vale do Ivaí, Aline Azzolini Mocellin, a maioria dos pacientes atuais são de transplantes. Ela relata que, em alguns casos, municípios do interior têm equipamentos adequados para os pacientes, mas faltam profissionais capacitados. “Ainda existe uma resistência dos bons profissionais atuarem no interior do estado. Por mais que lá tenha equipamentos, em Curitiba há mais opções e melhores, e por isso os profissionais preferem atuar aqui. Por isso a cidade acaba sendo referência não só para o estado, como para outros estados também”, observa.

Herança futura

Em relação aos novos hospitais regionais de Guarapuava, Telêmaco Borba e Ivaiporã - que devem ser entregues em um mês e meio - o governo estadual anunciou que está sendo feita uma força-tarefa para conclusão de alas específicas para pacientes com Covid-19, mas no médio e longo prazo as estruturas serão usadas para várias especialidades e fazem parte do plano de descentralização da saúde no Paraná, conforme anunciado pelo governador Ratinho Jr. em visita às obras hospitalares ao longo desta semana.

Conteúdo editado por:Marcos Tosi
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]