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Produtores dependem da colheita da soja para cultivar o milho safrinha
Produtores dependem da colheita da soja para cultivar o milho safrinha| Foto: Gilson Abreu/AEN

“Estou acompanhando com atenção. Pode aumentar perdas”, alertou o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, à Gazeta do Povo, ao analisar o volume de chuva registrado nas últimas semanas em diversas regiões do estado, que é o segundo maior produtor de soja e milho do Brasil.

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Somadas as duas culturas, o estado prevê fechar a safra 2022/2023 com uma produção de pouco mais de 40 milhões de toneladas, quase 21 milhões de soja e pouco mais de 19 milhões de toneladas de milho (considerando primeira e segunda safra), representando 14% da produção nacional. O primeiro colocado é o Mato Grosso, que deve colher 40 milhões de toneladas de milho e 43 milhões de toneladas de soja, atingindo 30% do volume nacional de produção.

Enquanto no Mato Grosso as condições de plantio e semeadura são consideradas normais, no Paraná a medição elevada de precipitação tem impedido o avanço da colheita da soja e, também, trava o plantio da segunda safra do milho, a chamada safrinha.

Até a segunda-feira (27), o Paraná havia colhido 17% das áreas de oleaginosa, o que representava menos de um milhão de hectares em um universo de 5,7 milhões de hectares cultivados. “Avançou nos últimos dias porque houve janelas sem chuva em algumas regiões desde o último levantamento [há duas semanas], quando tínhamos apenas 7% das lavouras colhidas”, afirma o analista da cultura de soja do Departamento de Economia Rural (Deral), Edmar Gervásio.

Do total colhido, 3% são consideradas áreas ruins, 12% em condições médias e 85% em boas condições. Mas ainda é cedo para falar em volume de perdas, avalia Norberto Ortigara. Em algumas regiões do Paraná, onde a colheita estava em estágio mais avançado, começam a aparecer de forma pontual lavouras danificadas.

O Paraná ainda estima colher 20,7 milhões de toneladas do cereal. “Esse volume é 70% maior que o registrado no ciclo 2021/2022, quando se enfrentou uma das piores secas da história e tivemos quebra recorde no Paraná. Não podemos dizer ainda que o que estamos observando com relação às condições climáticas são anormais, mas vamos manter a atenção e observar os próximos boletins”, completou Edmar Gervásio, do Deral.

As regiões paranaenses em que há maior preocupação com as condições climáticas são a oeste e a sudoeste. No oeste, por exemplo, onde foi cultivado um milhão de hectares e se espera colher algo próximo a 5 milhões de toneladas de soja, a previsão do tempo não é animadora. Segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), há previsão de mais chuva para os próximos sete dias. Desde o início do mês, a região contabilizou índice pluviométrico de 406 milímetros. A média para o período é 177 milímetros. Ainda de acordo com o Simepar, é o segundo mês de fevereiro mais chuvoso da história para a região. Em fevereiro de 2018 foram 439mm.

“É sim, uma situação que preocupa. Com chuva e sem alguns dias de sol não tem como entrar na lavoura para a colheita”.

Secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara

A safra de soja no Paraná vinha de um ciclo mais lento de desenvolvimento, com condições que não foram tão favoráveis nos meses de setembro e outubro, quando ocorreu o plantio. Lá foram registrados excesso de chuva e temperaturas muito baixas. Em novembro e dezembro as condições melhoraram bastante, segundo avaliação do Deral, mas voltaram a sofrer interferência nesta reta final do ciclo.

Milho safrinha

O atraso com a soja deverá afetar outro cultivo: o do milho. As áreas com a oleaginosa precisam ser colhidas para a semeadura da segunda safra do milho, que é a que representa maior volume de produção do cereal no país.

O Paraná vai destinar 2,6 milhões de hectares ao grão e espera colher, em uma projeção inicial, 15,4 milhões de toneladas. O Brasil calcula uma colheita na segunda safra de 93,1 milhões de toneladas. Assim, o Paraná representa 17% do que deve ser colhido no país, considerando apenas a segunda safra.

Fim do zoneamento

“Em algumas regiões, como no oeste do Paraná, o zoneamento acaba agora e a avaliação que fazemos é que parte dos produtores poderá plantar fora do zoneamento ou vai migrar para outros cultivos”, avalia Edmar Gervásio.

Com base no levantamento do Deral divulgado nesta terça-feira, o Paraná plantou algo próximo a 26% da área estimada à safrinha. Há duas semanas, esse indicador era de apenas 12%. “Nas duas safras produzimos cerca de 19 milhões de toneladas de milho, mas o maior volume vem deste cultivo”, explica.

As principais regiões produtoras no estado deverão ser, em 2023, o norte, com 983 mil hectares, e o oeste, com 788 mil hectares. A produção nestas duas regionais está estimada em 5,5 milhões de toneladas e 4,85 milhões de toneladas, respectivamente. “A situação que mais preocupa é a do oeste, onde o zoneamento encerra na maioria dos municípios nesta semana. No norte ele se estende um pouco mais “, destaca o secretário Norberto Ortigara.

No oeste do Paraná, em torno de 7% das áreas haviam sido cultivadas com milho até a semana passada e os produtores terão, na maioria dos municípios, até o fim da próxima semana para plantar. A região representa quase um terço da produção estadual e 5% da produção nacional no segundo ciclo do milho. Um novo boletim regional será publicado pelo Deral na quinta-feira (2).

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