O Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) recomendou que a Prefeitura de Paranaguá interrompa imediatamente a distribuição gratuita de ivermectina à população. O medicamento, cuja função é tratar verminoses, está sendo oferecido sob o pretexto de prevenir infecções pelo novo coronavírus e combater a evolução precoce de casos assintomáticos de Covid-19. O Tribunal contesta a dispensa de licitação e o gasto de recursos públicos em um medicamento sem eficácia comprovada.
As principais notícias do Paraná no seu whatsapp
Grupos de médicos no Brasil e no mundo têm feito uso do medicamento nas primeiras fases da doença e se baseiam em estudos empíricos para pleitear sua adoção em protocolos de saúde pública. No entanto, não há qualquer comprovação científica de que o remédio seja capaz de desempenhar tais papéis, conforme detalha o Apontamento Preliminar de Acompanhamento (APA) do Tribunal de Contas, encaminhado ao município no último dia 23 de julho. O documento tomou como base dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa).
Para os analistas da Corte, a Dispensa de Licitação nº 26/2020 - que resultou na aquisição, por R$ 2.992.000,00, de 352 mil caixas com quatro comprimidos do medicamento - careceu de motivação legítima, sendo, portanto, irregular e causadora de dano ao patrimônio público. "Tais recursos poderiam ser utilizados para o reforço de medidas sabidamente eficazes, considerando-se ainda que se trata de momento de franca queda de arrecadação em todas as esferas da federação", destaca o ofício.
O APA ressalta ainda que a suspensão da distribuição de ivermectina à população possibilitará que o Município de Paranaguá armazene o medicamento para que este seja distribuído a pessoas acometida por verminoses realmente curáveis pelo remédio, conforme descrito em sua própria bula.
O APA é um instrumento jurídico do TCE que permite aos gestores corrigir falhas verificadas pelo órgão na fiscalização preventiva, sem que seja necessária a abertura de processo administrativo, cujo trâmite é mais demorado e custoso. Quando os administradores não corrigem as falhas apontadas, ficam sujeitos a Tomada de Contas Extraordinária, com o risco de aplicação de multas administrativas, devolução dos recursos e outras sanções.
Apesar de notificado há uma semana pelo TCE, Paranaguá mantém a distribuição do medicamento. Depois de concentrar a entrega do medicamento na Arena Albertina Salmon – ginásio municipal -, a prefeitura levou a estrutura de distribuição para o ginásio João Hélio Alves, para atender as populações dos bairros Jardim Esperança, Vila Garcia, Labra, Jardim Ouro Fino e demais localidades próximas. Para esta sexta-feira, 31, a prefeitura anuncia, em seu site, a distribuição da ivermectina para aos moradores da Ilha dos Valadares.
À reportagem, a prefeitura encaminhou uma nota sobre o caso. Confira:
A prefeitura municipal de Paranaguá informa que já encaminhou toda a documentação solicitada pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público e que está em análise. A prefeitura sempre divulga em suas plataformas oficias e em pronunciamentos dos porta-vozes que a Ivermectina é um tratamento profilático. Vale destacar que a aquisição e distribuição do medicamento está sendo feita seguindo todas as normas de segurança e protocolo médico.
-
Um guia sobre a censura e a perseguição contra a direita no Judiciário brasileiro
-
O “relatório da censura” e um momento crucial para a liberdade de expressão
-
Braço direito de Moraes no STF já defendeu pena de morte e é amigo de Val Marchiori
-
Três governadores e 50 parlamentares devem marcar presença no ato pró-Bolsonaro de domingo
Reintegrado após afastamento, juiz da Lava Jato é alvo de nova denúncia no CNJ
Decisão de Moraes derrubou contas de deputado por banner de palestra com ministros do STF
Petrobras retoma fábrica de fertilizantes no Paraná
Alep aprova acordos para membros do MP que cometerem infrações de “menor gravidade”
Deixe sua opinião