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Alexander Gintsburg e Denis Logunov, diretores do Instituto Gamaleya
Alexander Gintsburg e Denis Logunov, diretores do Instituto Gamaleya| Foto: Reprodução

Pela primeira vez desde o registro da vacina SputinkV, no dia 11 e agosto, os representantes do Instituto Gamaleya e do Fundo de Investimento Direto Russo manifestaram-se à comunidade internacional sobre os estágios de desenvolvimento da vacina e deram explicações sobre a tecnologia desenvolvida. Em entrevista coletiva online para 300 jornalistas de diferentes países, o diretor geral do instituto, Alexander Gintsburg, o diretor científico, Denis Logunov, e o diretor do fundo de investimentos, Kirill Dmitriev, explicaram que, com o registro obtido junto ao governo local, a vacina, por conta da legislação específica para o enfrentamento da Covid-19 na Rússia, já pode ser aplicada em pacientes do grupo de risco para a doença (idosos e pessoas com comorbidades) paralelamente aos estudos clínicos pós-registro, que preveem o teste da vacina em 40 mil voluntários. O Paraná tem convênio assinado com os russos que prevê o teste da vacina no estado e a posterior troca de tecnologia para a produção local.

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“Esse registro foi possível, conforme declaração do governo russo, e nos proporciona produzir essa vacina para os grupos de risco, mas não deixa fazer qualquer coisa com a vacina. Pelo contrário. Temos muito controle e cada dose será controlada com muita atenção. Será revisada, verificada e acompanhada. Também somos obrigados a fazer mais ensaios clínicos e já estamos com um protocolo de 40 mil pessoas. Esses ensaios serão feitos para verificar o grau de eficácia da vacina. Para aí termos o registro definitivo. Se correspondermos com todas essas condições, daí poderemos começar a produção em massa”, afirmou Logunov. “A Rússia vai começar a vacinar em outubro. E já poderemos exportar a vacina a partir de novembro”, emendou Dmitriev, ressaltando que a importação e distribuição dependerá da legislação de cada país.

Gintsburg revelou que a vacina foi testada, nas fase 1 e 2 dos ensaios clínicos, em 220 voluntários, que apresentaram boa resposta imunológica e efeitos colaterais considerados irrelevantes, como aumento da temperatura corpórea e dores de cabeça. O diretor do instituto atribuiu a velocidade com que se chegou ao registro da vacina aos trabalhos já desenvolvidos para outros vírus. “Temos registrada a vacina contra o Ebola, desenvolvida desde 2014, e usada durante a epidemia em Guiné, em 2015. Com a mesma tecnologia, estávamos desenvolvendo a vacina contra Mers, já na fase 3 de estudos, acompanhando os voluntários há cerca de um ano. Com o início da pandemia da Covid-19, causada por um vírus semelhante ao da Mers, suspendemos os trabalhos nesta vacina e direcionamos toda a equipe, esforços e conhecimentos à vacina contra o coronavírus”.

Os pesquisadores explicaram que a vacina russa utiliza uma técnica semelhante à vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, utilizando adenovírus para transportar ao organismo material genético que o estimula a produzir a “proteína espinho” que combate o coronavírus. A principal diferença é que, enquanto o estudo de Oxford trabalha com um adenovírus de chimpanzés, os russos desenvolveram sua vacina com dois tipos de adenovírus humanos.  “A vacina é inserida duas vezes, com intervalo de 21 dias. Insere-se o mesmo gene, mas com uma pausa. E o involucro do gene é diferente . A primeira dose é com o AD 26 e segunda com AD 5. E, assim, podemos melhorar a resposta imune do corpo humano, porque são dois tipos de adenovírus que usamos”, comentou Gintsburg. Pelo observado na vacina do ebola e nos testes com a vacina contra Mers, os responsáveis pelo Instituto Gamaleya acreditam que a vacina SputinikV garantirá imunidade por dois anos aos pacientes.

Kirill Dmitriev, diretor do fundo de investimentos que está financiando a pesquisa, contou que já há três plataformas produzindo a vacina na Rússia, e mais duas em vias de serem ativadas. “Para produzir em massa, na quantidade que está sendo encomendada pelos diversos países, estamos firmando parcerias para produção no Brasil, em Cuba, na Coréia do Sul e no Oriente Médio. E estamos abertos a quem quiser importar nossa tecnologia. Estamos abertos à troca de tecnologia. A Rússia também vai produzir a vacina de Oxford e a vacina chinesa”, disse. “Há uma certa guerra contra a vacina russa, mas, mesmo assim, podemos ver que muitos países estão interessados na vacina. Pedimos para não falar em política quando se discute vacina, pois queremos ajudar a população mundial com nossa vacina”, conclui.

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