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Vagner Marcolin Trautwein.
Vagner Marcolin Trautwein.| Foto: Arquivo pessoal

Ao descobrir um linfoma, o cirurgião geral e do aparelho digestivo Vagner Marcolin Trautwein precisou dar uma pausa na agitada rotina profissional para focar na saúde. Desta vez, a própria.

Com a positividade que lhe era característica, aproveitou o momento difícil para ajudar outras pessoas, orientando sobre esse tipo de câncer através de vídeos que misturavam informação e experiência pessoal. Foi também um momento de se dedicar à paixão pela escrita. Com o romance “Amor e Morte” já publicado e um segundo livro finalizado, durante o tratamento ele iniciou um terceiro volume, não finalizado, em que narra em primeira pessoa o drama de um jovem que sofre com linfoma.

No início de julho, Vagner comemorou a vitória sobre a doença ao realizar a última sessão de quimioterapia. Porém, ainda com a imunidade baixa, contraiu Covid-19 e morreu no dia 25 de agosto, aos 52 anos.

Graduado, mestre e doutor pela Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, assim que terminou as residências em Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo, demonstrou interesse em trabalhar fora de Curitiba, mas permanecendo perto da família paranaense. Natural de Cambará (PR), escolheu o interior de Santa Catarina para continuar a carreira. Há cerca de 15 anos trabalhava na Fundação Hospitalar de Três Barras em Canoinhas (SC) como responsável técnico da instituição, além de atuar nos internamentos clínicos e cirúrgicos.

Responsável e ético, era um grande parceiro das equipes médicas e sua perda foi sentida com intensidade pelos colegas. “Era um excelente profissional, uma pessoa simples, apoiadora, que tratava todos os funcionários por igual e cobrava responsabilidade de todos”, relata Luciane Tizatto Weinfurter, diretora administrativa da Fundação. “Sempre se preocupou com o bem-estar físico e emocional dos pacientes. Além da capacidade profissional, tinha um lado humano que o diferenciava em seus atendimentos”, completa a esposa, Sandra Inês Breve Porto Trautwein. Ela também conta que o centro cirúrgico era o local onde ele mais se realizava na profissão, sempre se especializando, atualizando e participando de congressos.

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Pensando em ajudar de outras formas a comunidade, foi vereador de Canoinhas por um mandato. Também atuou como professor, dando aulas nos cursos de Enfermagem e Farmácia na cidade onde morava e, mais tarde, na Faculdade de Medicina da Universidade do Contestado (UnC), em Mafra (SC), coordenando o curso de Medicina.

A jornada como escritor começou por causa de uma lesão no ombro durante um jogo de basquete, um dos diversos esportes que praticava. A recuperação exigia que ficasse com um braço imobilizado e em repouso por alguns meses. Como nunca gostou de ficar parado, usou o tempo “de molho” para colocar em prática o plano de escrever um romance policial. Dedicou-se aos estudos sobre o tema e sobre como colocar em palavras os seus pensamentos. E assim nasceu o livro “Amor e Morte”, lançado em Canoinhas com grande apoio de todos que o conheciam. O segundo livro, que está pronto e será publicado postumamente, é um suspense.

As ideias vinham, muitas vezes, dos sonhos. A aptidão para a escrita veio da paixão pela leitura, uma parte constante de sua rotina. Antes dos livros, a caneta era usada para escrever poesias e cartas com que presenteava a esposa e os filhos. No trabalho, combinava comprometimento com espontaneidade. Em casa, era presente e atencioso. “Uma pessoa muito amorosa e que adorava estar com a família, nunca perdia momentos diários, como o almoço em casa”, registra a esposa Sandra.

Além da esposa, Vagner deixa dois filhos, Beatriz e Vinícius.

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