A quebra da safra de cana, em torno de 6%, em todo o Centro-Sul do Brasil por conta da seca e a valorização do açúcar no mercado interno e internacional tem levado as usinas do Paraná e do Brasil a direcionarem a maior parte da produção para o processamento de açúcar, em detrimento do etanol. A saca de 50 quilos de açúcar, que em junho do ano passado custava R$ 90, neste ano está custando R$ 117.
Cadastre-se e receba notícias do Paraná no celular
Em consequência, a pressão sobre o preço do combustível também aumenta, comprometendo sua competitividade. O litro do etanol hidratado (usado para abastecer os veículos), que em maio de 2020 custava R$ 1,88, em maio desse ano estava custando R$ 3,57. “Apenas nos primeiros cinco meses desse ano houve uma valorização positiva do etanol de 90% por causa da quebra na safra de cana de açúcar e pelo aumento no preço da gasolina”, diz Maurício Muruci, analista de açúcar e etanol da consultoria Safras e Mercado.
Segundo ele, é justificável um direcionamento maior da cana para a produção de açúcar. “Ao contrário do combustível, o açúcar tem demanda inelástica, ou seja, ela praticamente não varia com a mudança da renda da população”, explica Muruci.
Empresário do setor, Miguel Tranin, de Maringá, no Noroeste do Paraná, está otimista com os bons preços e as perspectivas de recuperação do setor. “Realmente a demanda pelo açúcar varia muito pouco. Quando cresce 0,5% a gente comemora, mas do ano passado para cá teve um aumento de cerca de 1%”, afirma. Ele atribui a maior procura à própria pandemia, que aumentou o consumo de alimentos de um modo geral.
O economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Marcelo Alves, diz que as usinas do Estado se beneficiaram com a entrada de novos compradores. “Este ano observamos a entrada de Irã, Suíça e China, que não são tradicionais compradores do açúcar do Paraná, optando pelo nosso produto”, informa Alves.
Para Muruci, da Safras e Mercado, esses novos clientes do açúcar paranaense devem ser pontuais. “Isso aconteceu porque os principais produtores brasileiros – São Paulo e Minas Gerais – tiveram quebras mais acentuadas na safra do que o Paraná, que quebrou também, mas foi menos”. O analista acredita que nos próximos anos, com o restabelecimento das safras no Centro-Sul, os grandes compradores internacionais devem retomar as compras dos fornecedores tradicionais de São Paulo e Minas, que garantem grandes volumes. “Mas não deixa de ser uma oportunidade para o Paraná conquistar novos clientes”, pontua.
Miguel Tranin, que além de produtor preside a Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcopar), diz que as perspectivas são boas para o setor, especialmente porque as atenções de voltam para os combustíveis renováveis. “A Índia já anunciou que vai adicionar 10% de etanol na gasolina. O combustível renovável começa a ser visto com outros olhos e o mercado de bioenergia é promissor”, afirma o empresário, apostando num cenário de recuperação.
O Paraná é o terceiro maior produtor nacional de açúcar, onde o Brasil é líder mundial. 90% da produção de açúcar paranaense é exportada, especialmente para Iraque, Argélia, Canadá, Malásia, Irã, Bangladesh e Rússia. É o quinto item na pauta de exportação da indústria do Paraná, segundo a Fiep. Fica atrás do complexo soja, carnes, madeira e automóveis. Já na produção de álcool o Paraná ocupa a quinta posição no Brasil e a produção fica no mercado interno.
-
Entenda o papel da comissão do Congresso dos EUA que revelou os pedidos sigilosos de Moraes
-
Resumão da semana: Tio Paulo e a semana em que o Brasil enlouqueceu de vez
-
Lula chama Moraes para jantar e falar sobre um tal de Elon Musk
-
Três governadores e 50 parlamentares devem marcar presença no ato pró-Bolsonaro de domingo
Reintegrado após afastamento, juiz da Lava Jato é alvo de nova denúncia no CNJ
Decisão de Moraes derrubou contas de deputado por banner de palestra com ministros do STF
Petrobras retoma fábrica de fertilizantes no Paraná
Alep aprova acordos para membros do MP que cometerem infrações de “menor gravidade”
Deixe sua opinião