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Ônibus mais confortáveis são mais procurados que os aviões pelos turistas brasileiros, mostra pesquisa do Ministério do Turismo.
Ônibus mais confortáveis são mais procurados que os aviões pelos turistas brasileiros, mostra pesquisa do Ministério do Turismo.| Foto: Divulgação / Volvo

Um a cada quatro ônibus rodoviários vendidos no Brasil em 2023 foram fabricados pela Volvo, a partir da unidade industrial instalada em Curitiba. Parte da performance se deve ao crescimento de 60% nas entregas dessas unidades no ano passado. Para 2024, a expectativa da marca é um aumento ainda maior nas vendas de ônibus, com previsão de crescimento de 20% no setor.

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Os dados fazem parte do balanço de 2023 apresentado pela Volvo no último mês de fevereiro. De acordo com André Marques, presidente da Volvo Buses na América Latina, este crescimento previsto para o ano deve ser alavancado por dois fatores: as eleições municipais, para os ônibus urbanos, e a reação do mercado do turismo, para os ônibus rodoviários.

Mercado de ônibus foi afetado negativamente na última década

Em entrevista à Gazeta do Povo, Marques explicou que dos últimos 10 anos no mercado de ônibus, cinco deles foram afetados negativamente por crises sucessivas. A primeira, lembrou, foi a crise econômica dos anos 2016 e 2017. A segunda foi a pandemia de Covid-19. Em anos considerados normais, apontou o executivo, o mercado nacional gira em torno de 1,8 mil entregas por parte das montadoras. Nos períodos de desaceleração, comentou Marques, esse número caiu pela metade.

“Um ciclo normal de uso de ônibus urbanos é de cerca de 10 anos, geralmente por força dos contratos. Só que essa frota envelheceu além da conta durante esses anos de crise. Quem ia renovar essa frota em 2017 postergou, e quando veio a pandemia postergou de novo”, apontou.

Dos últimos 10 anos no mercado de ônibus, cinco deles foram sob crise, analisou André Marques, presidente da Volvo Buses para a América Latina.
Dos últimos 10 anos no mercado de ônibus, cinco deles foram sob crise, analisou André Marques, presidente da Volvo Buses para a América Latina.| Divulgação/Volvo

Ano de eleição pode alavancar renovação das frotas de ônibus urbanos

Com a prorrogação do fim da vida útil dos ônibus, os operadores dos serviços de transporte urbano passaram a sentir aumento nos custos de manutenção. Além disso, de acordo com o executivo, as exigências por redução nas emissões de poluentes são mais um fator pelo movimento de renovação das frotas, normalmente impulsionadas em períodos anteriores às eleições municipais.

“Estamos em um ano de eleições, e muitas vezes esse segmento se move mais em anos políticos. As frotas não foram renovadas, estão vencidas, e seguem rodando fora das especificações atuais, como é a linha Euro 6, mais econômica e eficiente. E um problema de se estender a permanência de uma frota além de sua vida útil é que o custo da manutenção se torna muito mais elevado”, comentou.

Turistas brasileiros preferem viajar de carro e ônibus

A pesquisa “Tendências de turismo”, conduzida pelo Ministério do Turismo em 2023 e divulgada no fim de janeiro, mostrou que um em cada três brasileiros irá fazer uma viagem a lazer durante a alta temporada no país. Quase metade dos entrevistados pretende viajar com o próprio carro – 45% do total. Outros 29% disseram que devem realizar os passeios de ônibus. As viagens de avião, indicou o levantamento nacional, devem ser a opção escolhida por 23% dos entrevistados.

“A pesquisa mostra o sentimento do brasileiro querer viajar pelo país e isso é importante para a construção de novas políticas públicas que ajudem a ampliar a capacidade do turismo de impulsionar a economia”, ressaltou o ministro do Turismo, Celso Sabino.

A preferência massiva por outros meios de transporte que não o avião pode ser explicada pelas sucessivas altas nos preços das passagens aéreas. Dados do IBGE mostram que viajar de avião ficou 48,11% mais caro em 2023, em comparação com o ano anterior. Foi o terceiro ano seguido com índices de alta com dois dígitos – em 2021 as passagens de avião haviam subido 16,76%, e em 2022 houve um aumento de 24%.

Para atender a essa demanda, avaliou o presidente da Volvo Buses na América Latina, as empresas de transporte rodoviário também devem investir na compra de modelos mais confortáveis e eficientes. As duas características são atendidas pela linha de chassis produzidos pela Volvo em Curitiba.

Ônibus "premium" conquistam quem antes viajava de avião

Com o mesmo trem de força da linha F, os chassis de ônibus rodoviários da Volvo contam com motor Euro 6 de 13 litros com opções que vão desde 380 até 510 cavalos de potência. Aliados à caixa de câmbio I-Shift, os veículos dessa linha chegam a um consumo de combustível 9% menor do que a geração anterior.

“Os encarroçadores estão prevendo um aumento nessas linhas mais premium. Os ônibus Double Decker são um exemplo claro disso. Eles são voltados para aquele cliente que iria viajar de avião, mas está disposto a comprar uma passagem de ônibus. Essa mudança na compra é reforçada quando a categoria do ônibus é mais confortável”, explicou.

Testes de eletrificação de ônibus urbanos têm resultados promissores

A linha BLZ de ônibus elétricos, em testes nas cidades de Curitiba e São Paulo, têm demonstrado resultados promissores para a Volvo. Para Marques, o que até há alguns anos era visto como mais um plano pela montadora agora está mais próximo de se tornar realidade.

Modelo BZL, ônibus elétrico que está sendo testado em Curitiba e São Paulo.
Modelo BZL, ônibus elétrico que está sendo testado em Curitiba e São Paulo.| Divulgação / Volvo

Os planos de eletrificação das duas cidades são diferentes, avaliou o executivo. A realidade paulistana é calcada em uma transição mais acelerada. O modelo curitibano, disse Marques, é mais voltado para uma mudança escalonada no modelo de transporte urbano.

“A estrutura e a maneira como as cidades estão abordando a eletrificação variam. Algumas colocam a operação apenas em uma determinada rota. Outras têm uma ambição mais forte, como é o caso de São Paulo. Curitiba montou uma jornada de transição baseada em degraus, avançando em um primeiro momento para 30% da frota, depois para 50% para só depois alcançar a totalidade”, comentou.

Para o executivo, o trabalho feito em conjunto com as autoridades de trânsito locais tem mostrado que os veículos elétricos, uma vez homologados para o uso nas cidades, trarão ganhos em eficiência energética e conforto para motoristas e passageiros. Marques ainda lembrou do envolvimento da Volvo em parceria com prefeituras e empresas de energia para minimizar os impactos negativos que a adoção dos novos ônibus elétricos pode causar.

“Essa parceria é essencial para disponibilizar as redes de energia, principalmente próximo aos pátios onde esses veículos serão armazenados. São 50, 100 veículos necessitando de recarga ao mesmo tempo, e se isso não for escalonado da forma correta pode derrubar a rede de toda uma região da cidade. Nós buscamos estar presentes nestas discussões, colaborando neste cenário que precisa ser acordado entre as empresas de energia e as prefeituras”, concluiu.

*O repórter viajou a são Paulo a convite da Volvo.

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