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Obras de pavimentação na Rua Raggi Izar, no bairro Boqueirão | Divulgação/Prefeitura de Curitiba
Obras de pavimentação na Rua Raggi Izar, no bairro Boqueirão| Foto: Divulgação/Prefeitura de Curitiba

Desde março, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), tem divulgado de forma efusiva a produção da Usina de Asfalto Norte do município, utilizada para revitalização das ruas. É a tentativa de dar uma resposta à população: nas audiências públicas presenciais e na internet, a pavimentação de vias aparece como prioridade número um dos curitibanos. Mas uma estrutura própria para fabricar asfalto é a melhor solução?

Por questão de custos, as administrações municipais costumam se dedicar mais às operações tapa-buracos do que à pavimentação. Mas o foco da usina é produzir o concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), para novas vias, e, com o tempo, diminuir a demanda pelas ações emergenciais de manutenção.

Segundo a Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP), o custo da massa asfáltica fica 17% mais barato com a estrutura própria. E, se forem considerados todos os serviços envolvidos, como produção de CBUQ e ações de fresagem, recapeamento e reciclagem, a redução chega a 30%.

Demandas

A prefeitura de Curitiba recebeu 2.847 sugestões para a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018, entre participação presencial nas audiências públicas e via internet. Do total, 48% dos pedidos estavam relacionados às vias públicas. Em seguida aparecem saúde (13%); trânsito (9%); segurança (8%); esporte e lazer (7%); habitação (5%); meio ambiente (5%); e educação (2%), entre outras.

O custo estimado de produção da tonelada de CBUQ é de R$ 172,08. O plano da prefeitura é chegar a uma produção de 10 mil toneladas por mês ainda neste ano e, em 2018, reativar a Usina de Asfalto Sul. Com isso, diz a SMOP, haverá aumento da produção de CBUQ, o que reduzirá a demanda pelas operações paliativas de tapa-buracos. Segundo a SMOP, as ações tapa-buracos são feitas pela Secretaria do Governo Municipal, nas ações de manutenção, e nelas são usadas principalmente massa asfáltica adquirida por licitação, ainda que a usina forneça parte do material.

Para Juliano Gewehr, engenheiro de aplicação do grupo alemão Wirtgen, que atua com equipamentos de pavimentação, capitais de grande porte, como Curitiba e Porto Alegre, têm vantagens com uma estrutura própria. “Há menor custo de aplicação por metro quadrado pavimentado e maior rapidez na solução de problemas emergenciais”, explica.

Entretanto, para tudo funcionar bem, a prefeitura precisa superar alguns entraves próprios do serviço público. “Como sabemos, órgãos públicos no Brasil em sua grande maioria são muito mal administrados. Então a prefeitura precisa formar uma equipe técnica muito boa para manter a usina em boas condições de funcionamento”, observa Gewehr.

Outra questão é a qualidade dos equipamentos utilizados e a seleção adequada da usina, para não adquirir uma de baixa qualidade. A Usina Norte está em operação desde 2007, mas nos últimos anos operou de forma intermitente, sem produção constante. A mão de obra também é fundamental. “É preciso fornecer treinamento para os funcionários executarem um serviço de qualidade. Um dos maiores problemas que temos na pavimentação brasileira é a forma precária de aplicação na obra”, diz o engenheiro.

Segundo a SMOP, atualmente trabalham na Usina de Asfalto Norte dez funcionários, todos servidores públicos. A responsável técnica é uma engenheira química, o gerente da usina é engenheiro mecânico e há três engenheiros civis que trabalham na assessoria e fiscalização dos serviços junto ao departamento. Para evitar atrasos, manutenções preventivas são programadas.

O professor de engenharia civil da UFPR Joe Arnaldo Villena destaca que o gasto de energia de uma usina é muito alto, e que para compensar os gastos fixos, é preciso que ela funcione a todo o vapor. “É muito vantajoso porque a prefeitura não visa ao lucro, mas a manutenção dos equipamentos é muito importante, se for utilizada de forma permanente, até para permitir esse fluxo contínuo.”

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