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Software lê QR Code  das notas fiscais  faz o lançamento no sistema do Nota Paraná | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
Software lê QR Code das notas fiscais faz o lançamento no sistema do Nota Paraná| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

Um aplicativo criado por voluntários tem tornado mais fácil a vida de pelo menos duas instituições sem fins lucrativos do estado que recebem os créditos do programa Nota Paraná. Por meio do programa gratuito, o Pequeno Cotolengo e a Amigo Animal conseguem registrar de modo automatizado os dados das notas fiscais que recebem como doação para lançar no sistema do programa do governo do estado.

Com o nome de Doa Nota Paraná, o aplicativo foi desenvolvido por três voluntários da Sage Foundation, ligada à Sage, multinacional britânica de software. A idealização é do analista de sistemas Rodrigo Daron Wong, que contou com o auxílio de Éder Luis Wosniak, gerente de desenvolvimento, e Carlos Eduardo dos Santos, arquiteto de sistemas. Com ele, o Pequeno Cotolengo tem conseguido cadastrar cerca de 1.500 notas por hora, e saltou de cerca de 50 mil documentos fiscais cadastrados para 80 mil.

Coordenadora do Nota Paraná pede cautela com aplicativos de terceiros

Os três desenvolviam trabalho voluntário para o Pequeno Cotolengo. Nele, perceberam que uma das dificuldades da instituição - assim como de outras organizações parceiras da Sage - era registrar manualmente, no sistema da Nota Paraná, as notas fiscais depositadas nas urnas da instituição pelos consumidores que preferem transferir os créditos do programa a entidades sem fins lucrativos. Para isso, basta não informar o CPF no ato do pagamento da conta. As notas são depositadas em urnas de estabelecimentos comerciais.

Como funciona

O Doa Nota Paraná funciona da seguinte maneira: ao receber as notas depositadas nas urnas das instituições parceiras do Pequeno Cotolengo, funcionários e voluntários da instituição envolvidos nessa função apontam o QR Code da nota para uma câmera - que pode ser uma webcam tradicional - de um computador com o software instalado. O programa salva os dados no local e faz automaticamente o envio para o governo. Se a validade da nota já estiver vencida ou se houver CPF registrado nela (com o documento, ela não serve para doação), o aplicativo informa no momento que faz a leitura.

Ele também trabalha offline, realizando o cadastro sem enviar as notas no mesmo momento para o sistema do programa. Neste caso, o aplicativo salva as notas em um banco de dados local e fará o envio quando estiver conectado à internet.

“No trabalho voluntário, percebemos que algumas instituições utilizavam aplicativos [para o cadastramento da nota], outras não, mas os aplicativos que existiam eram pagos”, lembra Wosniak. O Cotolengo já fazia também uso de um app, mas ele não identificava, por exemplo, se a nota ainda estava válida ou se já havia vencido. “O diferencial do nosso é que ele lê a nota e já identifica se a nota é válida ou se já está vencida”, aponta Wong.

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“O processo era dividido em duas etapas: separação de notas [válidas] e lançamento no sistema”, explica Thiago Porto, analista do Pequeno Cotolengo. “Hoje, o software é que faz essa separação. O que for nota fora de prazo ele não lança. Isso nos deu um ganho de produtividade representativo”, destaca. Cada nota é válida até o último dia do mês subsequente à sua emissão.

Porto informa que a instituição já utilizou, no passado, um software semelhante. Mas que, além de pago e de não identificar as notas já vencidas, o programa antigo remetia os dados cadastrados para um outro servidor, que então os enviava ao sistema do programa. “Tivemos alguns problemas para saber se tudo o que a gente passava ia mesmo para a Receita [Estadual]”, lembra. “Já este software faz a transmissão simultânea [para a Receita]. Para nós, foi fenomenal, ganhamos a confiabilidade do que a gente estava fazendo seguia mesmo para o lugar certo”.

Pelo Doa Nota Paraná, o Cotolengo consegue identificar ainda quais urnas estão sendo mais vantajosas com relação às notas recebidas, por ficarem registradas em um banco local, o que permite uma análise do histórico dos documentos.

Cautela

O programa Nota Paraná conta com um software homônimo, gratuito, que permite tanto a consumidores utilizarem a tecnologia para realizar notas fiscais para entidades ou fazer o resgate de crédito quanto dá às entidades a oportunidade de fazer o cadastro das notas recebidas como doação.

Marta Gambini, coordenadora do programa, entende o tipo de aplicativo como uma opção às entidades cadastradas no programa – desde que gratuito e que não prometa “milagres” no envio de informações ao sistema. Mas faz questão de ressaltar o aplicativo do próprio Nota Paraná, gratuito, habilitado para desenvolver o mesmo tipo de função, que permite também ao consumidor utilizá-lo para fazer a doação de notas a entidades cadastradas. E além de recomendar às mais de mil instituições participantes do programa que utilizem o software do programa, pede cautela no uso de aplicativos desenvolvidos por terceiros, sobretudo nos pagos e que trabalham de modo offline.

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“Se há um bloqueio no cadastro da entidade ou se ela fica inativa por conta de algum vencimento de alguns dos documentos obrigatórios, ela fica inapta para receber doações, e esse aplicativo offline não lê que a entidade está inapta”, explica. E lembra do caso de uma entidade que pagava R$ 160 por mês para um software que executava o mesmo trabalho feito de graça pelo aplicativo do programa.

Ela não reprova o uso por parte da instituição se ele tem atendido às necessidades mais urgentes, mas defende a aplicação da tecnologia fornecida pelo próprio programa, uma vez que ela foi desenvolvida especificamente com esse objetivo.

A coordenadora informa que o Nota Paraná trabalha de modo ininterrupto para identificar fraudes, robôs ou mecanismos que permitam que vários CPFs estejam logados no sistema ao mesmo tempo, o que faz com que o sistema seja constantemente aperfeiçoado e atualizado. Tais atualizações podem, eventualmente, tornar aplicativos terceiros não compatíveis com os mecanismos do programa. O que não acontece, explica, com a tecnologia própria do programa, já que ela acompanha todas as movimentações do sistema.

“O programa vem buscando alternativas para evitar fraudes e evitar que exista concorrência desleal entre as entidades. Todas precisam ter os mesmos critérios e condições para [receber] doações. A gente busca aperfeiçoar o sistema para que não haja irregularidades”, conta.

Até o momento, são mais de 154,57 milhões de notas digitadas no sistema desde a criação do Nota Paraná, em 2015. Além de atender as instituições participantes do programa, o aplicativo Nota Paraná pode ser utilizado também pelo consumidor que deseja fazer doação das notas a alguma entidade específica ou utilizar os créditos gerados em uma compra.

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