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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Flávio Arns garantiu que vai concorrer a uma vaga ao Senado pelo Paraná neste ano. Pré-candidato pela Rede Sustentabilidade, o ex-senador foi o quinto sabatinado pela Gazeta do Povo , na tarde desta quarta-feira (9).

Curitibano de 67 anos, Arns já foi deputado federal, senador, vice-governador e ocupou também os cargos de Secretário da Educação e de Assuntos Estratégicos nos governos de Beto Richa (PSDB). Ele começou na política pelo PSDB, depois foi para o PT, sigla pela qual se elegeu senador em 2002, e em seguida retornou ao PSDB. Em abril deste ano, foi para o Rede, partido da presidenciável Marina Silva. Arns diz que as mudanças de partido aconteceram quando viu que as legendas não representavam mais seus ideais de construção conjunta e coletiva de soluções para toda a sociedade. “Fui para o PT acreditando que defenderia essas ideias e voltei para o PSDB mantendo meus conceitos, mas vi que também se desviou. Existe uma necessidade de reciclagem geral”, afirma.

Por estar agora num partido jovem, com pouco tempo de televisão e poucos recursos para campanha, Arns reforçou a importância de construir política com a sociedade civil. “O mais importante é o apoio da população a nossas bandeiras e princípios. E o povo já nos acompanha há bastante tempo e sabe diferenciar discurso de uma prática diária de vida”, acredita.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Polarização Richa x Requião

Uma das análises feitas sobre a corrida eleitoral para o Senado neste ano é a polarização dos votos em Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (PMDB) – apesar de Requião ainda não confirmar se concorre para o Senado ou para o governo do estado. Acredita-se que o eleitor que votar em Richa, não votará em Requião como segundo nome e vice-versa. Haveria, então, espaço para um terceiro nome “azarão”. Nesse sentido, Arns acredita que o importante é conscientizar os eleitores de que precisam escolher dois nomes. “Vão votar duas vezes para senador, que vão estar lá para representar nosso estado e os debates que vão acontecer no Brasil”, disse. Por mais de uma vez, Arns ressaltou que o Senado é o local adequado onde acontecem os debates mais amplos de interesse da sociedade.

Lava Jato

O ex-senador acredita que foi no Paraná que a história do Brasil começou a ser reescrita, a partir da Operação Lava Jato. Em sua opinião, o ex-presidente Lula teve todas as condições de ser julgado, sua defesa pôde apresentar todas as provas que quis e, se foi condenado, deve cumprir o que determinou a pena. O candidato também espera que o mesmo aconteça com Aécio Neves, com direito à ampla defesa e cumprimento da justiça. “O Judiciário está atuante no Brasil e, se queremos ter um pais justo, ele precisa ser a balança”, afirmou.

29 de Abril

Arns ressaltou que o 29 de Abril de 2015, que ficou conhecido como “Batalha do Centro Cívico”, aconteceu um ano depois de ele ter deixado a Secretaria da Educação, quando já ocupava o cargo de Secretário de Assuntos Estratégicos de Richa. “O que aconteceu foi algo horrível, que jamais teria acontecido com a gente. O respeito à dignidade humana, particularmente do profissional de educação, deve ser o máximo”, disse. O ex-secretário criticou, ainda, falas como a do ex-secretário da Fazenda Mauro Ricardo sobre como os professores “reclamam de barriga cheia”, considerando uma posição desrespeitosa. “Estamos negociando o tempo todo com essa área, que é fundamental para o Paraná e para o Brasil. Não pode haver isso”, ponderou. Arns disse que continuou como secretário do governo após o episódio porque via que era um canal de comunicação e negociação, em uma pasta que, mesmo sem orçamento, se articulava bem em assuntos de interesse da sociedade. “Decidimos manter este canal o quanto fosse possível”, afirmou.

Operação Quadro Negro

Ainda sobre educação, o candidato respondeu sobre a Operação Quadro Negro, que investiga o desvio de dinheiro que deveria ir para construção e reforma de escolas paranaenses. Ele apontou todos os avanços na área durante o período em que foi secretário, e disse ver uma fraude orquestrada, em especial com a recriação do Fundepar, em 2014, que passou a ser responsável pela “parte física” da área de Educação, como obras, transportes de alunos e merendas. Quando recriado, o Fundepar foi oferecido a Maurício Fannini, principal investigado pela Quadro Negro.

Reformas Trabalhista e Previdenciária

Arns atribuiu a confusão gerada pela reforma trabalhista à característica do atual governo federal. “Fazendo tudo atropelado porque querem deixar uma marca. E uma reforma dessas não é simples, afeta a vida de milhões de brasileiros”, disse. Ele critica a possibilidade de empresas terceirizarem a atividade-fim e a possibilidade de negociações diretamente entre patrão e funcionário, e não via acordo coletivo. Ele culpa o Senado por aceitar uma lei que traz tantos transtornos, sem ter dialogado com a sociedade. “A reforma foi aprovada com a promessa do presidente de editar uma Medida Provisória para corrigir distorções, o que não aconteceu e o prazo acabou”, lembrou. Ele acredita que é, sim, preciso modernizar a legislação trabalhista, e que os trabalhadores também entendem neste sentido, mas que é preciso ser feito um amplo debate.

Sobre a previdência, o candidato disse que é preciso fazer a conta de quanto entra e quanto sai, no presente e no futuro, uma vez que é preciso garantir também a aposentadoria de gerações futuras. “Precisamos chamar a sociedade, mostrar os números, os documentos e chegarmos num consenso. As pessoas dizem que consenso é impossível, mas já houve esta prática no Congresso e precisa ser retomada”, acredita. Arns cita a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação como um exemplo disso.

Reforma política

Arns defendeu a implantação do voto distrital misto como fundamental para que o eleitor consiga identificar que político representa cada região. Ele também defende que se proíbam coligações nas proporcionais, pois um candidato deve se eleger pelo voto que recebe, e não pelo de outros partidos coligados.

Casamento homossexual, adoção e aborto

Tema considerado polêmico, Arns defendeu que pessoas do mesmo sexo tenham seus direitos civis assegurados, o que passa pela união civil. Já sobre adoção por casais homossexuais, ele diz que o processo deve ser igual para qualquer casal, ou até mesmo para quem é solteiro e deseja adotar uma criança, com avaliação social, psicológica, da residência e demais circunstâncias previstas e, a partir dessas avaliações, decidir se a adoção é possível.

Arns se colocou contra o aborto e defende que a vida começa já na concepção. Ele também critica o uso de embriões humanos para pesquisas. “É uma questão de direitos humanos e de direito à vida”, adicionou.

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