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Carli Filho: para defesa, dosagem alcoólica foi obtida ilegalmente | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Carli Filho: para defesa, dosagem alcoólica foi obtida ilegalmente| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

O advogado Roberto Brze­­zinski Neto protocolou ontem, na 2.ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, a defesa do ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho no processo em que ele é acusado pelas mortes de dois jovens em um acidente provocado pelo ex-parlamentar, na madrugada de 7 de maio, no bairro Mossunguê, na capital paranaense. A defesa de Carli questionou as provas do inquérito, entre elas o exame de dosagem alcoólica que apontou que Carli Filho dirigia embriagado no momento da colisão.

Brzezinski não quis comentar os argumentos da defesa do ex-deputado. Já o advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de Gilmar Rafael Yared, uma das vítimas, teve acesso ao documento e contou que Carli Filho alega que o exame de sangue não poderia ser utilizado sem autorização dele. A tese da defesa é que isso invalidaria a dosagem alcoólica como prova de embriaguez.

Para Assad, a alegação não procede, pois a amostra de sangue de Carli Filho já havia sido coletada, estava armazenada no Hospital Evangélico e foi analisada por determinação judicial. "A Justiça determinou o exame e, na época, não houve questionamento nem por parte do médico ou da defesa do ex-deputado", afirmou Assad.

A defesa de Carli Filho também alegou ilicitude na obtenção das provas pela participação do Ministério Público (MP), que teria agido como órgão de investigação, em vez de apenas acompanhar a apuração dos fatos. "Ele quis dizer que o MP tirou a autonomia da polícia, mas nunca vi isso. Até no dia da reconstituição, os promotores estavam presentes, mas acompanharam de longe", afirmou Assad.

Quanto ao dia do acidente, a defesa não fez nenhuma menção no documento de defesa. Segundo Assad, isso será usado para sustentar o depoimento dado à polícia em que o ex-parlamentar não se lembra de nada do dia da colisão.

A defesa de Carli Filho, no documento, também arrolou 20 testemunhas de defesa para deporem a favor do ex-parlamentar. Elas moram em Curitiba, São Paulo, Guarapuava, Florianópolis, Cuiabá e Joinville. Entre as testemunhas de defesa estão os deputados estaduais Durval Amaral (DEM) e Valdir Rossoni (PSDB).

Durval afirmou estar surpreso com a indicação para defender Carli Filho. Ele não quis comentar o motivo que teria levado a defesa a arrolá-lo como testemunha. Rossoni também afirmou que não havia sido comunicado que seria testemunha. "Não posso falar sobre a vida pessoal dele. Só posso falar sobre o trabalho e as atividades dele na Assembleia", disse o tucano.

O advogado Elias Mattar Assad afirmou que a quantidade de testemunhas listadas pela defesa não deve atrasar o andamento do processo. "Não são testemunhas presenciais, não estavam no dia do fato. São testemunhas abonatórias, que vão falar sobre a vida dele", explica o advogado.

Tramitação

Depois que analisar o documento de defesa, o juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, responsável pelo processo, deve marcar a audiência de instrução e julgamento. A expectativa é de que isso deve ocorrer até novembro e que, ainda em dezembro, o juiz decida se Carli Filho vai para júri popular.

O ex-deputado responde por duplo homicídio qualificado, em razão das vítimas não terem chance de defesa. O ex-deputado foi denunciado ainda por dirigir embriagado, em alta velocidade e com a carteira de habilitação suspensa.

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