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Cena do crime que vitimou o ex-tenente-coronel da PM Valdir Copetti Neves.  | Danilo Schleder/aRede/JM/
Cena do crime que vitimou o ex-tenente-coronel da PM Valdir Copetti Neves. | Foto: Danilo Schleder/aRede/JM/

O ex-tenente-coronel da Polícia Militar Valdir Copetti Neves foi encontrado morto na tarde desta segunda-feira (29), na área rural de Ponta Grossa. Considerado o “inimigo número um” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante anos no Paraná, ele chegou a ser condenado pela Justiça sob a acusação de formar uma milícia com policias aposentados que fariam a guarda ilegal de terras na região dos Campos Gerais. A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o caso.

O corpo de Neves, que foi levado ao Instituto Médico e Legal (IML), estava dentro de um carro na região conhecida como Botuquara. De acordo com as primeiras informações, ele teria recebido 14 tiros, de calibre 12 e .40. A Polícia Civil informou que deve ouvir as primeiras testemunhas em breve, mas não repassou mais detalhes do caso para não atrapalhar as investigações.

Histórico contra o MST

Em dezembro de 2009, Neves foi condenado pela Justiça Federal a 18 anos e 8 meses de prisão e à perda do cargo que possuía na PM. Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), fazendeiros contrataram um grupo de ex-PMs, comandado por Neves, para fazer a segurança de algumas propriedades rurais na região de Ponta Grossa. Eles utilizavam armas sem registro e, de acordo com o MPF, algumas teriam sido importadas irregularmente.

Num dos casos, em dezembro de 2004, depois de integrantes do MST invadirem um sítio próximo a um território monitorado pela quadrilha, os ex-PMs tentaram sem sucesso desocupar a terra à força. O ex-tenente-coronel ainda teria pagado uma mulher para que fizesse uma falsa denúncia contra lideranças do MST e planejado um acidente de carro para que se “plantasse” maconha no veículo de um dos líderes do movimento.

Quatro meses depois, uma operação da Polícia Federal (PF), batizada como “Março Branco”, prendeu Neves e outras sete pessoas por formarem a organização criminosa que prestava os “serviços” de segurança particular. Na época, junto com os acusados foram encontrados recibos de pagamentos realizados pelos fazendeiros à quadrilha.

A sentença de 2009 dizia que “o réu frustrou as expectativas da sociedade, que esperava vê-lo como garantidor da correta aplicação da lei e jamais o contrário, ou seja, como criminoso contumaz e sério”. Neves foi condenado por exercício arbitrário das próprias razões, constrangimento ilegal, formação de quadrilha, tráfico internacional de arma de fogo e também por fornecer maconha para ser colocada no veículo de um terceiro.

Neves também chegou a ser ouvido por duas CPIs do Congresso − das Armas e da Terra −, nos anos 2000.

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Outros crimes

Em 1999, Neves foi acusado de envolvimento em interceptações nas linhas telefônicas de cooperativas ligadas ao MST. A Justiça teria autorizado o grampo sem fundamentação legal, nem notificação ao Ministério Público, o que rendeu ao Brasil uma condenação pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em agosto de 2009.

O ex-policial também foi acusado de grilagem de terras. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ele teria ocupado irregularmente a Fazenda São Francisco, em Ponta Grossa, que pertencia à União. Neves comprou as terras de um posseiro e ingressou com pedido de usucapião em 1999. Posteriormente, avançou em outras áreas da Embrapa. A propriedade acabou invadida pelo MST, e ele afirmou à época ser vítima de retaliação por parte do movimento.

Já em 2005, Neves foi acusado de integrar uma quadrilha suspeita de planejar e executar roubos contra comerciantes de Curitiba para depois oferecer um serviço clandestino de segurança. Policiais militares, advogados e assaltantes faziam parte do grupo que foi descoberto em uma força-tarefa da PF e da Secretaria da Segurança Pública.

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