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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Às seis da manhã, horário em que geralmente acontecem operações, integrantes da Polícia Federal e também membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço policial do Ministério Público Estadual, chegaram aos mesmos endereços, envolvendo o ex-governador Beto Richa e aliados, para cumprir mandados de prisão e também de busca e apreensão referentes a investigações diferentes, nesta terça-feira (11). Parecia uma ação coordenada, combinada para conseguir reunir o conjunto mais significativo de provas que atendesse aos dois inquéritos. Mas os dois núcleos investigativos afirmam que foi apenas coincidência.

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Durante a coletiva de imprensa na sede da Polícia Federal, tanto o delegado Felipe Hayashi como o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Diogo Castor disseram que foram surpreendidos pela operação do Gaeco. De forma extraoficial, um integrante do MPF ainda disse que foi sorte a “coincidência” não se transformar em algo pior: um grupo fortemente armado chegando a um lugar e dando de cara com outros policiais, sem saber do que se tratava.

Também o coordenador do Gaeco, procurador Leonir Batisti, reforçou que não foi uma ação casada: “ninguém vai acreditar, mas foram operações independentes”. Como são apurações diferentes, a PF evitou até mesmo cravar que provas serão compartilhadas.

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Até o momento foi confirmado que ao menos um alvo estava nas duas operações: Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete de Beto Richa, com mandado de prisão em ambas as investigações. Ele foi levado para a carceragem da PF, para cumprir prisão preventiva, juntamente com o empresário Jorge Atherino.

A 53ª fase da Lava Jato, batizada de Piloto, em função de um codinome beneficiário de dinheiro do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, investiga a destinação de propina em troca de favorecimento na licitação de uma obra bilionária, o pedágio na PR-323, vencida pela Odebrecht, mas que nunca foi realizada porque a empresa se envolveu nos escândalos da Lava Jato. Já a investigação do Gaeco envolve Richa e aliados, mas tem como objeto licitações da patrulha rural.

Outro lado

A defesa do ex-governador Beto Richa informa que não há razão para o procedimento desta terça (11), especialmente em período eleitoral, segundo a advogada Antônia Lélia Neves Sanches. Ela completa que Richa está sereno e sempre esteve à disposição para esclarecimentos. De acordo com a advogada, não há vedação de prisão por conta do período eleitoral, “mas há oportunismo”. A defesa diz que irá ingressar com habeas corpus ainda nesta terça (11).

O DER, responsável pelas obras do Patrulha do Campo, comunicou que o programa foi criado em março de 2013 e encerrado em julho de 2015. A nota trouxe ainda que, “por determinação da governadora Cida Borghetti (PP)”, o DER está colaborando com as operações do Gaeco e Lava Jato.

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Vice-governadora na última gestão de Richa, Cida Borghetti se defendeu. Também por meio de nota, disse que “não participou de qualquer dos fatos que estão sendo alvos de operação policial nesta terça-feira”. No texto, ressaltou ainda a demissão de Deonilson Roldo logo após um áudio revelar a ligação dele com um esquema de fraude na licitação da PR-323 que beneficiou a Odebrecht, bem como a extinção da secretaria especial que era ocupada por Ezequeias Moreira. E termina: “Confio que a Justiça será feita”, afirma.

A defesa de Deonilson Roldo disse que ainda não teve acesso aos detalhes da investigação encabeçada pelo Gaeco no âmbito da Paraná Patrulha do Campo, mas que sabe que o segundo mandado – da Lava Jato, sobre as irregularidades da licitação para a PR-323 – pediu prisão preventiva do ex-secretário de Richa.

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O advogado Roberto Brzezinski Neto falou que Roldo “está abalado” e que a prisão foi desnecessária, uma vez que Roldo já tinha se colocado à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. “O que me chama a atenção é que logo depois que a imprensa divulgou um pretenso áudio entre ele e um empresário, nós fizemos uma petição ao juíz nos colocando a disposição para prestar esclarecimentos. Ele jamais foi intimado para qualquer manifestação. Me parece que a prisão dele, nesse momento, não se fazia necessária”, disse.

A reportagem segue tentando contato com os demais envolvidos.

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