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Mário Takahashi (à esq.) e Rony Alves | Divulgação/Câmara Municipal de Londrina
Mário Takahashi (à esq.) e Rony Alves| Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Londrina

O presidente da Câmara de Vereadores de Londrina, Mário Takahashi (PV), foi afastado do cargo após operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã desta quarta-feira (24). O vereador Rony Alves (PTB) também foi afastado. Ambos já utilizam a tornozeleira eletrônica, uma das medidas impostas pela Justiça dentro das investigações. Além dos vereadores, outros nove acusados devem colocar o dispositivo de monitoramento ainda nesta quarta.

Foram 25 mandados de busca, apreensão e intimação que partiram do juiz Délcio Miranda da Rocha, da 2ª Vara Criminal de Londrina. A princípio, os investigados seriam presos preventivamente, mas a situação foi amenizada e Rocha não permitiu as detenções. O mandado determina o uso de tornozeleira eletrônica por parte dos investigados por 90 dias, além da proibição de acesso e frequência às dependências da Câmara e prefeitura e do afastamento de Takahashi e Alves do cargo de vereador por 180 dias.

Batizada de ZR3, zona industrial de Londrina que passou a ser zona residencial, a operação investiga esquemas de corrupção e benefício a empresários, vereadores e agentes públicos por meio de alterações nas leis de zoneamento da cidade. De acordo com o Gaeco, o dinheiro circulava por empresários para benefício do grupo e os parlamentares comunicavam os pareceres prévios dos projetos de lei que modificariam os zoneamentos aos gestores. Entre os esquemas havia propinas de até R$ 1,6 milhão. A investigação se dá sobre o período de 2013 a 2017.

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Os acusados também estão proibidos de manter contato entre si. Além dos vereadores, são investigados um assessor parlamentar de Alves, um servidor público municipal e cinco empresários. O funcionário da prefeitura de Londrina foi preso em flagrante durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, quando os agentes do Gaeco encontraram cinco armas de fogo em sua residência.

Outros dois acusados fizeram parte do primeiro escalão de secretários da gestão de Alexandre Kireeff (Podemos). Ignes Dequech, ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) e Cleuber Brito, ex-secretário do Meio Ambiente. Sobre as acusações, o ex-prefeito disse que espera que seja tudo rigorosamente apurado e que “qualquer um que tenha se envolvido em maracutaia seja punido conforme a lei prevê”.

Com o afastamento de Takahashi (PV), o vereador Ailton Nantes (PP) assumiu a presidência da casa. O presidente em exercício disse que está sendo estudada a lei orgânica para verificar o início do ano legislativo com 17 parlamentares. “Mesmo com o ocorrido, lógico que a gente vai fazer de tudo para começar dentro da normalidade, mas ainda estou me sentindo prematuro para afirmar como vai começar [o ano] com relação aos números”, disse.

Para Miguel Aranega, procurador jurídico da Câmara, os mandados implicam no afastamento dos vereadores da função pública, mas é necessário esclarecimentos para ter certeza da convocação de suplentes e suspensão salarial dos vereadores. “Estou fazendo um pedido ao juiz para ter acesso aos autos. A princípio, os vereadores suplentes não serão convocados, somente após 120 dias. Preciso ver o teor da decisão da Justiça”, relata.

Os advogados de Takahashi e Alves, Michel Neme e Maurício Carneiro, afirmaram ainda não ter acesso aos pedidos cautelares. “Nós não sabemos o conteúdo da denúncia do Gaeco, mas o vereador está tranquilo. Ele desconhece qual fato pode ser atribuído a ele. Precisamos saber se alguém o envolveu, já que ele nunca foi questionado”, conta Carneiro. Ignes Dequech e Cleuber Brito foram procurados pela reportagem, mas não foram encontrados para comentar as investigações.

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Corrupção e associação criminosa

O delegado Alan Flore, do Gaeco, conta que a investigação está apurando a existência de corrupção ativa e passiva e associação criminosa. “A investigação está em aberto e durante o curso pode ficar evidenciado outras práticas e outras pessoas envolvidas”, comenta. Flore disse ainda não ter os valores das propinas, já que cada caso tem sua particularidade, mas que houve um suposto serviço de assessoria no qual a gratificação chegava a R$ 1,6 milhão. “Os empresários faziam alteração do zoneamento da área de seus terrenos para empreendimentos e ocorria uma negociata entre o particular e os agentes públicos”.

Segundo o Ministério Público, outras 15 pessoas ainda devem ser investigadas por envolvimento no esquema, sendo treze de Londrina e duas de Curitiba.

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