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Ezequias Moreira Rodrigues  acompanhou Beto Richa na Assembleia Legislativa, na prefeitura e no governo. | Marcelo Andrade/ Arquivo Gazeta do Povo
Ezequias Moreira Rodrigues acompanhou Beto Richa na Assembleia Legislativa, na prefeitura e no governo.| Foto: Marcelo Andrade/ Arquivo Gazeta do Povo

Sempre foi um mistério de onde, repentinamente, Ezequias Moreira Rodrigues, ex-braço-direito de Beto Richa, tirou dinheiro para ressarcir os cofres públicos, depositando R$ 640 mil, para devolver os salários do caso que ficou conhecido como “Sogra Fantasma”. No caso, de 2007, descobriu-se que a sogra de Ezequias era funcionária fantasma da Assembleia Legislativa. Ele reconheceu a irregularidade e assumiu toda a culpa, se comprometendo a devolver os salários recebidos indevidamente.

Agora, com a quebra de sigilo bancário feita pela Operação Lava Jato, a fonte de depósitos volumosos, em datas e valores compatíveis, apareceu. Quem socorreu Ezequias quando ele precisou acertar contas com a Justiça foi o empresário Jorge Atherino, preso na Operação Piloto no dia 11 de setembro.

Ezequias também foi preso no mesmo 11 de setembro, pela Operação Rádio Patrulha, e solto em 14 de setembro. Ele é investigado na Operação Integração 2, deflagrada no último dia 26 e que apura irregularidades no pedágio no Paraná. Veja aqui o que alegam os citados.

Como os repasses foram feitos

Nos anos de 2015 e 2016, a Krisso Agropecuária, empresa pertencente a Atherino, depositou R$ 180 mil e R$ 220 mil na conta bancária de Ezequias, no mesmo momento em que o então secretário estadual quitou a dívida com a Justiça.

Além dos R$ 400 mil vindos da empresa de Atherino, Ezequias conseguiu mais R$ 240 mil, totalizando os R$ 640 mil de ressarcimento. Ezequias declarou ter feito um empréstimo, mas a força-tarefa da Lava Jato indica que não saldou os pagamentos. A motivação da transações financeiras ainda não foi esclarecida.

Empresário já socorreu outro investigado

Atherino já apareceu socorrendo outro envolvido em investigação: Maurício Fanini, delator da Operação Quadro Negro.

Em um vídeo de depoimento prestado ao Ministério Público, o empresário relata que encontrou Fanini durante uma novena na Igreja do Perpétuo Socorro, no Alto da Glória, e, compadecido com as dificuldades financeiras do ex-diretor da Secretaria Estadual de Educação, decidiu colaborar com R$ 40 mil.

Atherino está preso pela Lava Jato, acusado pela investigação de ser emissário do então governador Beto Richa (PSDB) para buscar pagamentos irregulares da Odebrecht, na campanha eleitoral de 2014, que chegaram a R$ 3,5 milhões.

Entenda o caso da sogra fantasma

O caso da sogra fantasma veio a público em 2007, quando a Gazeta do Povo divulgou que Verônica Durau, mãe da esposa de Ezequias, reconheceu, ao ser procurada pela reportagem, que não trabalhava na Assembleia Legislativa – ao contrário do que constava na folha de pagamento.

Procurado à época, já então chefe de gabinete da prefeitura de Curitiba, Ezequias disse que se tratava de “mentiras”, fruto de perseguições políticas, que seriam em breve esclarecidas. Mas houve a comprovação de que os salários caiam em uma conta aberta por Ezequias. Ele reconheceu a irregularidade e assumiu toda a culpa, se comprometendo a devolver os salários recebidos indevidamente.

A investigação mostrou que Veronica Durau foi contratada em 1996, como funcionária do gabinete do então deputado estadual Beto Richa. Quando Richa foi eleito vice-prefeito e deixou a Assembleia em 2001, Ezequias teria negociado para que a contratação da sogra fosse transferida para a área administrativa do Legislativo, permanecendo até a descoberta da irregularidade, em 2007.

Ezequias usou a sogra como “laranja”, com salário de R$ 3,4 mil mensais em seu nome, somando R$ 539 mil ao longo de 11 anos. Ele confessou a ilegalidade e se dispôs a ressarcir os cofres públicos, com quatro cheques posteriormente depositados.

A devolução não encerrou os inquéritos, que geram duas ações – uma cível, em que foi condenado por improbidade administrativa, e outra criminal, acusado de peculato (desvio de dinheiro público).

Ezequias foi julgado pelo Tribunal de Justiça – por causa do foro privilegiado, conquistado com a nomeação estratégica como secretário – e foi condenado a uma pena de seis anos e oito meses de prisão, mas, como o Judiciário demorou demais para analisar o caso, o crime prescreveu e ele não teve nenhuma sanção efetiva. No julgamento, pesou a favor dele o fato de ter devolvido o dinheiro.

Outro lado

O advogado Marlus Arns de Oliveira, que defende Ezequias Moreira Rodrigues, declarou que a defesa será apresentada nos autos do processo, demonstrando a inocência do cliente.

Carlos Alberto Farracha de Castro, da assessoria jurídica de Atherino, informou que está elaborando a defesa preliminar e demais recursos para apresentar as justificativas das atitudes do cliente.

A defesa de Beto Richa sempre alegou que Atherino não era autorizado a agir em nome da campanha eleitoral e que os repasses feitos pela Odebrecht foram corretamente registrados, inclusive com a aprovação das contas de campanha pela Justiça Eleitoral.

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