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Motoristas ficaram horas esperando para abastecer nos poucos postos do país que conseguiram receber algum combustível. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Motoristas ficaram horas esperando para abastecer nos poucos postos do país que conseguiram receber algum combustível.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A cena mais vista no país no sábado (26), sexto dia de greve dos caminhoneiros, foi a de filas nos poucos postos de combustíveis que conseguiram receber algum caminhão ao longo do dia. Algumas prateleiras ficaram vazias, principalmente de verduras, legumes e carne, além do relato de dificuldades, em várias cidades, no abastecimento de GLP, o gás de cozinha.

Este domingo (27) promete ser bastante parecido, com mais um ingrediente: a adesão dos petroleiros ao movimento dos caminhoneiros. No início da noite de sábado (26), a categoria decidiu que vai parar por 72 horas a partir da 0h de quarta-feira (30) e que até lá fará vários atos de protestos, pedindo a redução do preço do gás de cozinha, a saída de Pedro Parente do comando da Petrobras e outros itens.

Balanço

Na noite de sábado (26), os ministros do governo federal se reuniram para uma coletiva de imprensa fazendo um balanço positivo do dia. Mesmo que os caminhoneiros não tenham cumprido o acordo feito por algumas lideranças e o governo na quinta-feira (24) à noite, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que o diálogo está sendo mantido e que o governo está trabalhando em duas frentes. “Temos dois eixos principais. O primeiro é manter aberto o canal do diálogo, ainda que, o acordo firmado não tenha sido cumprido na sua integralidade. E o outro eixo é evidentemente da autoridade, e estamos exercendo plenamente”.

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O presidente Michel Temer já determinou a aplicação de multas aos empresários que apoiam o movimento. O governo acredita que as empresas estão por trás da greve, o chamado locaute, o que é proibido no país.

“Chegamos aos 37 inquéritos abertos pela Polícia Federal, praticamente em todos os estados. Identificamos um movimento criminoso por parte dos empresários de grandes empresas que mantêm apoio para seus motoristas permanecerem paralisados. Nossa preocupação não é tanto a interdição, mas o fato de que precisamos que os caminhões rodem”, relatou Jungmann.

Jungmann apresentou números do balanço feito pela equipe que acompanha a greve. Segundo ele, de sexta (25) para sábado (26), foram expedidos 400 autos de infração pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), num total de R$ 2.033 milhões, “não computadas as multas de 100 mil aplicadas, por hora, cumprindo determinação do STF, que acolheu pedido do governo”.

Aeroportos

Segundo a Infraero, pelo menos 14 aeroportos brasileiros estão sem combustível, na manhã deste domingo, 27. São eles: Carajás (PA), São José dos Campos (SP), Uberlândia (MG), Ilhéus (BA), Goiânia (GO), Campina Grande (PB), Juazeiro do Norte (CE), Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Vitória (ES), Petrolina (PE), Joinville (SC) e João Pessoa (PB). Os dados foram atualizados às 7h30 deste domingo (27).

Embora algumas ações com o apoio do Exército tenham sido levadas a cabo em alguns locais do país, como a escolta de caminhões de querosene para o Aeroporto de Brasília e o apoio às negociações para o desbloqueio da Régis Bittencourt, em Embu das Artes, e do Rodoanel Sul, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, elas não mudaram muito o número de estradas obstruídas no país.

O último balanço da Polícia Rodoviária Federal, às 22h de sábado (26), apontava para 554 bloqueios nas estradas do país, contra 596 no período da manhã, a maioria de caráter parcial. No Paraná, eram 60 pontos de bloqueio e/ou manifestação, contra 86 no período da manhã. Em nota, a corporação informou que “corredores para a circulação de transporte de animais vivos, gêneros alimentícios, equipamentos essenciais, medicamentos, combustíveis e outras cargas sensíveis estão sendo mantidos pela PRF, além de prestação de apoio aos manifestantes durante as desmobilizações no intuito de garantir a segurança de todos os usuários das rodovias federais”.

No Sul, o comando militar disse ao Diário Catarinense que as forças federais permanecem de prontidão para ações pontuais e a escolta de cargas essenciais, mas que não havia sido acionado por nenhum órgão estadual. O Palácio Iguaçu, por sua vez, informou que mantém o diálogo com os caminhoneiros e que o esquema de liberação de cargas essenciais com o adesivo da Defesa Civil está funcionando.

Em vídeo, o Exército pede a colaboração de caminhoneiros para evitar uso da força. Assista aqui.

Governadores fogem da raia em relação ao ICMS

O agravamento da paralisação dos caminhoneiros levou o governo a firmar uma série de acordos com representantes da classe na última quinta-feira (24). Uma delas passa pela redução do ICMS sobre combustíveis.

Governadores de estados sob a jurisdição da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) – Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Minas Gerais – divulgaram uma carta aberta no sábado (26) em que atacam a política de preços de combustíveis da Petrobras e rechaçam qualquer mudança na taxa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre esses produtos.

“Consideramos absolutamente inaceitável a tentativa do Governo Federal de transferir para os Estados a responsabilidade pela solução de uma crise que foi provocada pela União, através de uma política de preços de combustíveis absurda, perversa e irresponsável. Colocar sobre os Estados Federados o ônus de qualquer redução da alíquota sobre os combustíveis – além de ser desrespeitoso – é atitude inconsequente e, por isso mesmo, inaceitável”, dizem os governadores no documento.

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