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| Foto: André Gonçalves/Gazeta do Povo

O crescimento da Lava Jato e o avanço das investigações na direção da classe política levaram a um aumento no compartilhamento de boatos e teorias da conspiração, principalmente nas redes sociais. As histórias são as mais variadas possíveis e envolvem desde assassinato e envenenamento até incêndio criminoso e intervenção dos Estados Unidos nas investigações.

A Gazeta do Povo listou as sete principais “lendas” que rondam a Lava Jato nos últimos anos.

1 - Youssef foi envenenado para não delatar Dilma e Lula?

Em 25 de outubro de 2014, véspera do segundo turno das eleições presidenciais, o doleiro Alberto Youssef, até então o preso mais importante da Lava Jato, passou mal na cadeia e foi internado em um hospital de Curitiba. Em poucas horas, espalhou-se pelas redes sociais um boato de que Youssef teria sido envenenado – alguns falavam até em morte. O boato era de que o doleiro havia sido envenenado dentro da cela na superintendência da Polícia Federal para não delatar os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Quando foi internado, Youssef ainda não tinha concluído os depoimentos da delação premiada. Falava-se em “queima de arquivo”.

A história espalhou tanto, que a PF teve que ir a público no dia da eleição para desmentir o boato. Youssef, na verdade, teve uma forte queda de pressão arterial. Por ser cardiopata e já ter sofrido dois infartos, ele foi levado ao hospital, onde permaneceu em observação por 48 horas. Depois de receber alta, o doleiro finalizou os depoimentos da colaboração, e atualmente, cumpre prisão domiciliar em São Paulo.

2 - O pai do juiz Sérgio Moro fundou o PSDB em Maringá?

O pai do juiz Sérgio Moro, Dalton Moro (já falecido), era professor de geografia na Universidade Estadual de Maringá (UEM), cidade onde o magistrado nasceu. Segundo relatos de pessoas próximas, Dalton não se envolvia com questões políticas. Em 2016, circulou nas redes sociais a informação de que ele teria sido o fundador do diretório municipal do PSDB em Maringá – versão negada pelo juiz federal Anderson Furlan, amigo próximo da família Moro.

“O falecido senhor Dalton Moro era um sério e dedicado professor de Geografia e nunca exerceu qualquer atividade político-partidária em sua vida”, disse o juiz em entrevista à Gazeta do Povo em dezembro de 2016. Outro amigo, que preferiu não se identificar, acrescentou: “Talvez ele não tenha se envolvido em política nem mesmo no Departamento de Geografia”.

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3 - Incêndio criminoso na superintendência da PF para destruir provas?

Um curto-circuito em equipamentos eletrônicos provocou um princípio de incêndio no subsolo da superintendência da Polícia Federal no Paraná na madrugada do dia 20 de fevereiro deste ano. Os sistemas de eletricidade, de internet e de telefonia do prédio foram afetados, o que levou à suspensão do atendimento ao público por doze dias. O fogo foi controlado rapidamente pelo Corpo de Bombeiros, mas foi o suficiente para incitar novos boatos na internet.

A Polícia Federal logo descartou uma ação criminosa, mas nas redes sociais, falava-se em um incêndio provocado com intuito de destruir documentos e provas importantes da Lava Jato. A força-tarefa, no entanto, garantiu que nenhum material foi danificado pelas chamas. Os presos da Lava Jato também não foram prejudicados.

4 - A Lava Jato tem relações com a CIA?

Um dos boatos de maior repercussão envolvendo a Lava Jato é o de que a operação teria conexões com a CIA, uma agência de inteligência dos Estados Unidos. Desde 2015, circulam informações de que o juiz Sérgio Moro teria recebido até treinamento em solo norte-americano para atuar nos processos da Lava Jato em Curitiba. Falou-se também que os agentes da CIA prometeram “acompanhamento em tempo real” aos investigadores do Petrolão.

O boato indicava que os Estados Unidos estariam de olho na Lava Jato para desmoralizar a Petrobras, favorecendo o crescimento de petroleiras americanas. Além disso, estariam interessados em “roubar o pré-sal brasileiro”. Nunca foi provado nenhum tipo de ligação direta entre os EUA e a força-tarefa da Lava Jato – alguns delatores firmaram acordos por conta própria com o Departamento de Justiça americano, como os executivos da Odebrecht.

5 - A Lava Jato foi criada para validar a privatização da Petrobras?

Na mesma linha das teorias de que a CIA e a Lava Jato estariam diretamente ligadas, existem os boatos de que a operação foi arquitetada para validar a privatização da Petrobras. Seria uma espécie de liquidação silenciosa dos ativos da estatal. As investigações seriam o “disfarce perfeito” para entregar a companhia ao capital privado – especialmente os Estados Unidos que, segundo as teorias da conspiração, seria o maior interessado em assumir o controle da Petrobras.

6 - Teori Zavascki foi assassinado para atrapalhar a Lava Jato?

A morte do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, às vésperas da homologação das delações premiadas de 77 executivos da Odebrecht movimentou as redes sociais com teorias da conspiração. Zavascki morreu num acidente aéreo em 19 de janeiro. O avião bimotor em que estava o ministro caiu no mar de Paraty, no Rio de Janeiro.

Para muitos usuários das redes sociais, Zavascki teria sido assassinado numa tentativa de esfriar as investigações da Lava Jato – e até mesmo atrasar a divulgação das delações da Odebrecht, o que o ministro estava prestes a fazer quando ocorreu o acidente. Os acordos atingiriam em cheio o presidente Michel Temer e o alto escalão do Governo.

Investigadores de Curitiba e até mesmo o filho de Zavascki também ventilaram a hipótese de crime. O fato de Temer indicar um novo ministro para ocupar a vaga deixada por Zavascki no STF aumentou ainda mais os rumores. As causas do acidente ainda estão sendo investigadas. Um novo relator foi sorteado para conduzir a Lava Jato (ministro Edson Fachin) e a presidente do Supremo, ministra Carmen Lúcia, foi quem homologou as colaborações da Odebrecht no início de fevereiro.

7 - A Lava Jato quer acabar com o PT?

Os grandes críticos da Lava Jato disseminam em blogs e redes sociais a tese de que a operação tinha o objetivo único de tirar o PT do Governo. Isso porque, personagens importantes do partido foram presos com o avanço das investigações. Exemplos: os ex-ministros José Dirceu, Guido Mantega e Antônio Palocci. A 24ª fase, realizada em março de 2016, levou o ex-presidente Lula, principal nome do PT, para prestar depoimento à Polícia Federal através de um mandado de condução coercitiva expedido pelo juiz Sérgio Moro.

Desde então, os apoiadores de Lula passaram a difundir cada vez mais a ideia de que a Lava Jato tinha motivações políticas e não seria apenas uma operação de combate aos crimes do colarinho branco. Procuradores e delegados sempre negaram a existência de qualquer tipo de interferência política nos trabalhos. A justificativa para um número maior de ações contra o PT seria o fato de a legenda governar o Brasil por mais de uma década e ter o controle da Petrobras desde 2003. O argumento não convenceu os críticos, que insistem em atribuir motivações políticas à operação.

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