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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ter recebido com naturalidade a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, que liberou da prisão o ex-deputado federal paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB).

Segundo o procurador-geral, a decisão é natural, já que o ministro entendeu que a prisão já tinha surtido seu efeito de impedir a continuidade dos delitos. Janot também fez a mesma análise sobre a decisão do ministro Marco Aurélio Mello que autorizou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) a retomar seu mandato. “Isso faz parte”, afirmou.

Ele disse, entretanto, que as imagens do ex-deputado paranaense deixando uma pizzaria com uma mala contendo R$ 500 mil são irrefutáveis. “A mala diz tudo”, afirmou Janot.

As declarações foram dadas pelo procurador-geral em uma entrevista concedida à jornalista Renata Lo Prete em frente a uma plateia de cerca de 400 pessoas. A conversa fez parte da programação do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que acontece em São Paulo.

Além dos comentários sobre as decisões recentes do STF, Janot aproveitou a ocasião para fazer um balanço de sua atuação à frente da Procuradoria-Geral da República, cargo que deixará de ocupar em setembro, e defender a acusação contra o presidente Michel Temer (PMDB).

Denúncia contra Temer

Janot rebateu as críticas de que a denúncia por corrupção passiva apresentada contra Temer carece de provas. Segundo ele, a peça é sólida e a narrativa dos crimes apontados é clara. O procurador-geral rebateu as críticas de falta de provas afirmando que ninguém passa recibo deste tipo de crime.

“Não é possível que para pegar um picareta eu tenho que ter a foto dele tirando a carteira do bolso do outro”, disse ao comentar a denúncia, mas sem se referir expressamente ao presidente.

Janot afirmou que há mais duas linhas de investigação no Ministério Público contra Temer: uma por obstrução de justiça e outra de organização criminosa. Sem dar mais detalhes, ele disse que uma das investigações já está mais adiantada, mas não deu prazo para conclusão do trabalho. 

Acordo com a JBS

Ele também rebateu as críticas de que o acordo de colaboração premiada firmado com os irmãos Batista, da JBS, tenha sido muito generoso, já que a PGR não apresentou denúncia contra Joesley e Wesley. Referindo-se a Joesley como bandido, Janot afirmou que caso tivesse que decidir novamente sobre o caso, optaria pelo mesmo caminho. 

“Se eu não tivesse dado imunidade, não teria o acordo; se não tivesse o acordo, não teria investigação; se não tivesse investigação, o crime não teria cessado”, afirmou. 

Balanço

Janot afirmou que o fim de seu mandato seguirá no mesmo ritmo que tem adotado até agora. “Enquanto houver bambu, lá vai flecha. Até 17 de setembro a caneta está na minha mão”, disse.

Ele ainda fez um balanço da Operação Lava Jato e disse ter ficado assustado com a extensão e insistência da organização criminosa.

“Depois de todo esse trauma para o país você vê pessoas, hoje, com a maior desfaçatez e cara de pau continuando a mesma prática delituosa. Isso é de assustar, me decepciona muito. A desfaçatez, a cara de pau dessas pessoas de continuarem delinquindo à luz do dia; altos dignatários da República”, disse. 

Sobre a escolha de Temer por Raquel Dodge para substituí-lo na PGR, Janot afirmou que não vê problemas no fato de o presidente ter escolhido a segunda colocada na lista tríplice indicada pela Associação Nacional do Procuradores da República. Segundo ele a escolha é legítima, já que o nome de Dodge compunha a lista. Ele afirmou que não existe a obrigatoriedade e o presidente escolher o primeiro colocado, afinal é uma lista tríplice e não uma eleição direta para o cargo de procurador-geral da República. 

Janot ainda comentou sobre a polêmica saída do procurador Marcelo Miller do Ministério Público para trabalhar em um escritório de advocacia que participou dos acordos com a JBS. O fato foi criticado pelo presidente Michel Temer em seu pronunciamento feito na terça-feira (27).

Janot afirmou que Miller não trabalhou nas negociações da JBS com a PGR. Segundo ele, o escritório em que Miller atua começou a fazer – mas não concluiu – um acordo com a Procuradoria da República do Distrito Federal, não com a PGR.

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