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| Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

A investigação da Aeronáutica sobre a queda do avião que matou o ministro do STF Teori Zavascki, em janeiro de 2017, apontou que os equipamentos recolhidos após o acidente estavam em “condições esperadas para um voo sem problemas, normal”. A apuração da Aeronáutica, assim como o inquérito em andamento na Polícia Federal, não encontrou sinais de sabotagem no voo.

A investigação também concluiu que um dos “fatores contribuintes” para o acidente foi uma desorientação espacial do piloto Osmar Rodrigues, 56 anos, que também morreu no acidente. Os dados sugerem, segundo a Aeronáutica, que, viajando sob chuva e depois de arremeter duas vezes para pouso na pista de Paraty (RJ), o piloto se confundiu sobre a verdadeira altitude do avião e acabou batendo na água.

“As condições de voo enfrentadas pelo piloto favoreceram a ocorrência da ilusão vestibular [um dos sistemas de orientação humana, na região do ouvido] por excesso de [aceleração da gravidade] ‘G’ e da ilusão visual de terreno homogêneo”, diz o relatório.

“O piloto, muito provavelmente, teve uma desorientação espacial que acarretou a perda de controle da aeronave”, diz o relatório da Aeronáutica.

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Os resultados da investigação, que durou um ano, estão sendo divulgados nesta segunda-feira (22) aos jornalistas pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), em Brasília, pelo chefe do órgão, brigadeiro do ar Frederico Alberto Marcondes Felipe, e pelo investigador encarregado, coronel-aviador Marcelo Moreno.

A investigação também apontou que a condição de visibilidade na baía de Paraty (RJ) estava “muito abaixo da requerida” nas regras de tráfego aéreo para aquela região. Segundo a Aeronáutica, as regras a serem observadas eram “teto igual a superior a 450 metros (1.500 pés) e a visibilidade horizontal igual ou superior a 5.000 metros”.

“A previsão dizia que a visibilidade seria de 4.000 metros, devido a previsão de chuvas e montanhas obscurecidas nas serras do Mar Mantiqueira”, informou Moreno. O piloto, Osmar Rodrigues, 56 anos, trabalhava com voo visual na hora do pouso pois não há torre de controle em Paraty.

O piloto tinha 7.464 horas de voo. No modelo acidentado, quase 3.000 horas de voo. “Posso chamar de um piloto experiente, era piloto há 30 anos, operava aeronaves multimotoras em voos privados desde 1994. Operava no avião acidentado desde 2010. Nos últimos 12 meses, realizou 33 voos com destino a Paraty. Realizava a revalidação periodicamente”, informou o coronel. “Não foram verificadas questões de qualificação que indicassem deficiências nas operações conduzidas pelo piloto.”

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A Aeronáutica informou que, por força de lei, não divulgará declarações tomadas na investigação, “comunicações entre as tripulações envolvidas”, informações de caráter médico ou pessoal, gravações das conversas do piloto e suas transcrições, entre outros itens.

A investigação militar não aponta “culpados” nem “causas”, mas sim os principais fatores que contribuíram para a queda do avião. O objetivo maior é prevenir futuros acidentes. Segundo a Aeronáutica, o relatório final “resgata o histórico da ocorrência, apresenta as informações factuais, as análises dos elementos de investigação, conclusões e recomendações de segurança”.

Os resultados são distribuídos a diversas autoridades responsáveis pela segurança de voo no país. Antes do anúncio à imprensa, a Aeronáutica informou o resultado da investigação aos familiares das vítimas.

Teorias conspiratórias

A queda do avião turboélice King Air, prefixo PR-SOM, no mar perto do aeroporto de Paraty (RJ) completou um ano na última sexta-feira (19). Na época do acidente, Zavascki era o relator, no Supremo Tribunal Federal, dos casos derivados da Operação Lava Jato. A morte violenta do ministro deu origem a dúvidas de familiares e teorias conspiratórias.

Além de Zavascki, que viajava de férias, e do piloto, morreram o proprietário do hotel Emiliano de São Paulo e dono do avião, Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, 69 anos, a massoterapeuta Maíra Panas, 23 anos, e sua mãe, Maria Hilda Panas Helatczuk, 55 anos.

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Em paralelo à apuração do Cenipa, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam o caso para saber os responsáveis pelas mortes, ainda que de forma involuntária – por exemplo, uma falha do piloto ou do serviço de manutenção da aeronave.

O inquérito policial ainda não tem prazo para ser encerrado, mas a direção da PF, em reunião no último dia 10 com a presidente do STF, Cármen Lúcia, informou que a hipótese mais provável é a desorientação espacial do piloto.

A investigação da PF está a cargo do delegado da PF Rubens Maleiner, que também é piloto e investigou outros casos de acidentes aéreos nos últimos anos, como o que matou, em 2014, o então governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).

A PF trabalha com a hipótese de desorientação espacial do piloto como principal explicação para a queda do avião King Air.

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