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O jurista Miguel Reale Júnior  foi co-autor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff ao lado de Janaina Paschoal e Hélio Bicudo. | Pedro Serapio/Arquivo Gazeta do Povo
O jurista Miguel Reale Júnior foi co-autor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff ao lado de Janaina Paschoal e Hélio Bicudo.| Foto: Pedro Serapio/Arquivo Gazeta do Povo

A aproximação da advogada Janaina Paschoal com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que a convidou para ser vice em sua chapa, provocou um racha entre os principais personagens do movimento que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Recebi com muita tristeza a aproximação de Janaina com Bolsonaro. Há uma contradição dele com a democracia. É impossível que qualquer democrata vote no Bolsonaro”, disse o jurista Miguel Reale Júnior à reportagem.

Orientador de Janaina no mestrado e doutorado de direito da USP, Reale convidou a advogada em 2015 para ajudá-lo a elaborar o documento que seria a base do pedido do impeachment da petista. Filiado ao Podemos, o jurista é cotado para ser vice na chapa de Alvaro Dias na disputa presidencial. Mais tarde, o advogado e ex-petista Hélio Bicudo se juntou ao grupo na elaboração do pedido de impedimento de Dilma que foi protocolado na Câmara dos Deputados.

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Reale lembrou que seu primeiro discurso após o pedido de impeachment chegar ao Senado foi uma crítica ao deputado do PSL por ele ter elogiado no plenário o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI do 2.º Exército, um dos órgãos da repressão política durante a ditadura militar. “Eu disse em nome dos três (que assinaram o pedido) que era lamentável que o impeachment tenha servido para que ele (Ustra) fosse homenageado.”

Reale e Janaina não se falam há cerca de um ano. Nota divulgada terça-feira (24), na Coluna do Estadão, mostrou que Janaina tem dito aos aliados do PSL que foi pressionada a desistir do pedido de impeachment por Reale.

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Líder do Nas Ruas, um dos grupos que lideraram o movimento pelo impeachment de Dilma, a ativista Carla Zambelli, que se filiou ao PSL e vai disputar uma vaga de deputado federal, escreveu um livro sobre esse episódio, o Não foi golpe. “Eu conto a saga da Janaina tentando manter o pedido, enquanto Reale queria retirar para dar o pedido da OAB”, disse Carla.

“Eu não fazia questão de ser o proponente (do impeachment). Teria muito mais força um pedido da OAB do que de três pessoas físicas. Isso faria desaparecer o discurso do golpe. Mas ela bateu o pé”, relatou Reale. Ele lembrou que também foi o autor do pedido do impeachment de Fernando Collor de Mello, mas, naquele caso, a OAB foi a proponente.

‘Inepta’

Pelo Twitter, a ativista do Vem Pra Rua Luciana Reale, filha do ex-ministro, subiu o tom. “Sua peça, Janaina, era inepta. Se não fosse o aditamento do meu pai não teria passado. Você e o Bolsonaro se merecem.”

Ex-líder do Vem Pra Rua e pré-candidato a governador de São Paulo pelo Novo, Rogério Chequer também criticou a aproximação de Janaina com Bolsonaro. “É difícil de entender como uma pessoa que se posicionou tão fortemente contra práticas que não estavam ajudando a população no governo petista cogita entrar num projeto que traz políticos da velha política”, disse Chequer.

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Janaina não respondeu aos contatos da reportagem, mas se manifestou pelo Twitter após a publicação da reportagem. “O pedido para que eu desistisse do impeachment ocorreu quando a denúncia já estava recebida e já havia sido instalada a Comissão na Câmara”, escreveu.

“Não estou entendendo os ataques que estou sofrendo. Eu não poderia desistir de uma denúncia já recebida, inclusive com aval do STF em prol do pedido da OAB, pois eu não sabia se a denúncia feita pela OAB seria recebida! Como ter certeza? Entendem?”, continuou.

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