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 | Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Abr/Agência Brasil
| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Abr/Agência Brasil

Não era segredo a vitória de Michel Temer ontem na Câmara, mas os votos contrários a ele foram acima do esperado: 227 deputados optaram pela continuidade da denúncia. E a oposição contou com muitos votos de integrantes da base que surpreenderam. Entre eles os votos de três deputados do PP que são investigados na Lava Jato, seis votos do Democratas, alguns deles ferrenhos opositores do PT, como Sóstenes Cavalcante (RJ) e Ônyx Lorenzoni (RS), da família Bolsonaro, pai e filho, do tucano Carlos Sampaio (SP) e o Delegado Francischini (SD-PR).

Heinze contou à Gazeta do Povo que preferiu ouvir seus eleitores que seu partido nesse caso. E relatou também que sofreu forte pressão das lideranças da legenda, como o ministro da Saúde, Ricardo Barros, e do líder ruralista e ministro da Agricultura, Blairo Maggi. O deputado é ligado a esse setor. Seu nome apareceu entre os parlamentares do PP beneficiados com dinheiro de propina e citados pelo doleiro Alberto Yousseff em 2015.

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“Se eu posso ser investigado por quê o presidente da República não pode?! O pessoal conhece a gente. Tenho posição. Disse que não iria me ausentar da votação e disse para o líder e para o pessoal do partido. A pressão foi muito forte da base e votei como meus eleitores queriam” - disse Heinze, que, desde que seu nome surgiu na Lava Jato já foi à Procuradoria-Geral da República 28 vezes tentar resolver sua questão. Os procuradores ainda irão decidir se vão apresentar denúncia ou não contra ele.

Na mesma situação está Jerônimo Goergen, também do PP gaúcho. Ele foi um dos entusiastas para tirar Dilma Rousseff da Presidência. Se aliou, à época, a lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL). Votou contra Temer e também está nas mãos dos procuradores, também citado por Yousseff.

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) disse que é “bobagem” associar o voto contrário a Temer a uma possível ajuda a Lula.

Leia mais: Bolsonaro, quem diria, já votou no “companheiro” Lula para presidente

“Isso não tem sentido, dizer que estamos dando chance do Lula voltar. O grande problema do país chama-se corrupção. São pegos com uma mala com R$ 500 mil (que segundo a PGR beneficiaria Temer) e não pode ser investigado? Aí estão ignorando a lei. Me considero um exemplo: fui citado pela JBS como beneficiado por recursos na campanha, mas quando recebi encaminhei imediatamente ao partido. Na época do mensalão, fui citado duas vezes pelo ministro Joaquim Barbosa (do STF) como um dos poucos do PP que não recebeu recursos ilegais. O Yousseff falou a mesma coisa. Só pega dinheiro na Petrobras quem vota no governo. Se eu fosse votar de acordo com meus partidos do passado, estaria certamente enrolado na Lava Jato hoje”, disse Bolsonaro.

Francischini, outro da linha de frente para tirar Dilma do Planalto e um adversário do PT, também defendeu que Temer virasse réu no STF. E justificou assim: “Depois de votar pelo impeachment de Dilma, pedir a prisão de Lula e ir para as ruas protestar contra a corrupção, ainda mais como delegado que representa a instituição Polícia Federal no Congresso Nacional, votei coerentemente contra o arquivamento da denúncia contra Temer”, disse o delegado.

Um dos “dissidentes” do DEM, Sóstenes deu um voto anti-Temer atacando o PT. Como se quisesse se justificar. E, na véspera de ano eleitoral, também afirmou ter compromisso com seus eleitores.

“Meu compromisso é com a população brasileira, com os 104.697 eleitores que confiaram a mim este mandato. Sempre disse em alto e bom som que não tenho corruptos de estimação. PSOL, PCdoB e PT não tem moral para falar de corrupção! São hipócritas! Eu votei para prosseguir a investigação! Sou a favor que sejam investigados todo e qualquer indicio de corrupção e que os culpados sejam punidos”, disse Sóstenes.

Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), que também se posicionou contra Temer, disse não esperar retaliação de seu partido.

“Não vai ter isso não. Por isso chama democratas”, afirmou Mandetta à Gazeta.

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