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| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

A Operação Jabuti aponta que a chef de cozinha do Palácio Guanabara e a governanta particular do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) eram pagas com verba do Senac. Desdobramento da Operação Lava Jato deflagrado nesta sexta-feira (23), a ação prendeu o presidente da Fecomércio do Rio, Orlando Diniz por ordem do Superior Tribunal de Justiça. Diniz também é presidente afastado do Sesc/Senac

A Lava Jato afirma que Diniz contratou a pedido de Sérgio Cabral pelo menos outros seis funcionários fantasmas, que recebiam salários mas nunca prestaram serviços para essas entidades. Além da chef de cozinha e da governanta, foram contratados parentes de operadores de propina do esquema. “Os salários eram pagos com verbas do orçamento do Sesc/Senac, sendo que o total de pagamentos atingiu o valor total de R$ 7.674.379,98”, afirma o Ministério Público Federal (MPF), do Rio, em nota.

“Através de seu amigo Orlando Diniz, Cabral ‘terceirizou’ essa rotina de entrega do produto da propina aos seus colaboradores, considerando essa ‘vantagem indevida’ oferecida ao ex-governador (e influente político fluminense) pelo presidente daquelas entidades, consubstanciada na inclusão na folha de pagamento do Sesc/Senac de pessoas de fato a serviço privado de Cabral ou que jamais exerceram quaisquer funções nas entidades.”

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De acordo com o Ministério Público Federal a governanta particular de Cabral prestou depoimento “e admitiu que era funcionária do Senac, mas nunca lá comparecera para trabalhar”.

O MPF, a Polícia Federal e a Receita foram às ruas nesta sexta para cumprir um mandado de prisão preventiva, três prisões temporárias, dez ordens de busca e apreensão e dez intimações para investigados prestarem depoimentos, determinadas pelo Juízo da 7ª Vara Federal Criminal. A operação investiga crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e pertinência a organização criminosa.

Segundo a força-tarefa da Lava Jato no Rio, a Operação Jabuti mira um esquema que seria ‘uma ramificação da organização criminosa liderada por Sérgio Cabral no Sistema Fecomércio do Estado do Rio de Janeiro, presidido por Orlando Santos Diniz.

O chefe da entidade, afirma a Procuradoria da República, “lavou” entre os anos de 2007 e 2011 cerca de R$ 3 milhões pela sua empresa de consultoria Tunder Assessoria Empresarial, em esquema autorizado pelo ex-governador e que contou com a atuação dos seus operadores Carlos Miranda e Ary Filho, o Arizinho.

“A lavagem de dinheiro se efetivava pela assinatura de contratos em que a Thunder prestaria serviços de “elaboração de clipping de notícias” e de “comentário conjuntural com a análise dos fatos mais importantes nos setores empresariais selecionados” para empresas dos Grupos Dirija e Rubanil, serviços estes que nunca foram realizados de fato”, afirma a Lava Jato.

Acusações são ‘infundadas’, diz defesa do presidente da Fecomércio-RJ

A defesa do presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, afirmou que as acusações contra o dirigente são “infundadas”. “As acusações que recaem sobre Orlando Diniz são infundadas. Ele vai esclarecer todos os pontos levantados pela PF e pelo MPF e o devido processo legal deve provar sua inocência”, afirmou a defesa em nota.

Segundo a defesa, “o comando nacional da Confederação Nacional do Comércio, dirigida desde 1980 pela mesma pessoa, tem interferindo indevidamente na entidade do Rio de Janeiro com a finalidade de se manter no poder”.

“As inverdades levantadas contra o grupo legitimamente eleito para dirigir a Fecomércio e o Sesc têm resultado na destruição de projetos importantes para a sociedade fluminense (como o investimento no esporte), no enfraquecimento do comércio no Estado e na desprofissionalização da Fecomércio, hoje controlada por interventores indicados politicamente”, afirma a nota. “Orlando Diniz sempre colaborou com as investigações e esteve à disposição para esclarecimentos junto às autoridades.”

Já Rodrigo Roca, advogado de Cabral, afirmou por nota que “a mecânica da operação policial de hoje” é a mesma. “A Polícia Federal prende alguém que diz ser suspeito de ter praticado algum ilícito em conjunto com o ex-governador; após a prisão, o suspeito recebe algum benefício depois de ter acusado Sergio Cabral de praticar tudo o que disse a acusação. A única dúvida é sobre quem será o delator (e beneficiário) desta vez. Nada de novo”, afirmou, no texto.

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