Deputados trabalham na sexta-feira, algo que só ocorreu três vezes em 15 anos

• 0

O Congresso Nacional fica vazio nas sextas-feiras. Deputados e senadores viajam para seus estados. Mas hoje (7), os deputados da base de apoio ao governo Michel Temer fizeram algo que só aconteceu outras duas vezes em 15 anos. Eles trocaram seus voos, cancelaram reuniões, caíram da cama e abriram sessão da Câmara numa manhã de sexta-feira, com o objetivo de apressar a votação sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer.

Um grupo de 69 deputados da base aliada esteve presente, às 9h15, para atingir o quórum necessário, de 51 deputados e abrir a sessão. Sob a convocação e esforço de deputados próximos a Temer, como Darcísio Perondi (PMDB-RS), os parlamentares registraram quórum e a sessão foi aberta. O deputado afirma que havia representantes de todos os partidos da base, inclusive do PSDB.

Os governistas querem correr para que seja votada o quanto antes a denúncia contra Temer na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e depois no plenário da Casa. Com a sessão de hoje, eles seguem o plano de ler o relatório sobre a denúncia contra Temer na segunda-feira (10) na CCJ para que seja votada na quarta-feira (12) e esperam levar a plenário na sexta-feira (14). “Queremos mostrar que o presidente tem base e também afastar logo essa denúncia descabida e matar essa crise”, afirmou Perondi.

No total, 73 deputados estavam presentes, nas contas dele. Em 15 anos, somente outras duas vezes se abriu sessão da Câmara numa sexta-feira, segundo o deputado: no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (o que ele credita à pressão popular das manifestações) e na votação da PEC dos gastos.

Quanto mais se demora a votar a denúncia, pior para Temer, que sangra politicamente. Isso também dá mais tempo para que os deputados indecisos sejam convencidos por alas que querem aceitar a denúncia contra Temer.

E a oposição não vai ajudar o governo a seguir o plano de votar tudo na semana que vem. Os líderes de partidos da oposição na Câmara encaminharam requerimento para que a votação sobre a denúncia ocorra num domingo, em sessão extraordinária, a exemplo do que aconteceu com Dilma. O requerimento é assinado pelos líderes do PT, Carlos Zarattini (SP); do PcdoB, Alice Portugal; do PSOL, Glauber Braga; da Rede, João Derly; do PDT, Weverton Rocha; da Minoria, José Guimarães (PT-CE); e da Minoria no Congresso Nacional, Décio Lima (PT-SC).

Entenda o rito da denúncia contra Temer