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O deputado Jair Bolsonaro e o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, quando a filiação do presidenciável foi oficializada. | Divulgação/PSL
O deputado Jair Bolsonaro e o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, quando a filiação do presidenciável foi oficializada.| Foto: Divulgação/PSL

Partidos fora do eixo tradicional PT–PSDB devem se destacar nas eleições deste ano, podendo levar até a resultados surpreendentes, conforme avaliações de analistas políticos. Após a redemocratização, em 1985, o Brasil já escolheu presidente sete vezes – em seis delas, os eleitos foram petistas ou tucanos. Uma das provas da influência de novos perfis eleitorais está no balanço do troca-troca partidário do último mês.

Entre os partidos que mais cresceram estão o PSL, do deputado Jair Bolsonaro (RJ), que triplicou de tamanho, e o Podemos, do senador Alvaro Dias (PR), que praticamente quadruplicou. Em números absolutos, por outro lado, quem mais perdeu deputados foi o MDB (ex-PMDB), do presidente Michel Temer, que deixou de ser a maior bancada da Câmara.

Para Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília, as mudanças de partido são um indicador para as eleições. “O político trabalha com horizonte de poder e escolhe o partido que tem uma boa perspectiva de conquistar esse poder. Se ele próprio não for eleito, vira ministro”, disse.

Leia também: Acabou o show dos milhões: menos dinheiro vai melhorar a propaganda eleitoral?

Vitor Oliveira, diretor da Consultoria Pulso Público, acredita que o pleito deste ano terá semelhanças com a eleição de 1989. “Todos os partidos lançaram candidatos. Isso fez com que Lula, por exemplo, chegasse ao segundo turno com menos de 20% de votos”, avaliou. Segundo o consultor, esses candidatos “não tradicionais” devem disputar uma parte do eleitorado que não apoia o PT nem o PSDB, cerca de um terço dos votantes. “Tiram voto da esquerda e da direita”, afirma Vitor.

Numa eleição em que mais sobram dúvidas do que certezas, com o país mergulhado numa crise política, o perfil do eleitorado tem mudado. Acredita-se numa tendência de rejeitar figuras políticas tradicionais. É nesse contexto que surgem nomes que apostaram na mudança de partido para se lançar na disputa à Presidência da República. Veja seis pré-candidatos que podem surpreender nas urnas em outubro:

Jair Bolsonaro

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) – militar da reserva e deputado desde 1991 – deixou o PSC e se filiou ao Partido Socialista Liberal em 7 de março deste ano.

A intenção dele de concorrer à Presidência deixou de ser novidade há muito tempo. Ao buscar uma nova sigla, quis costurar essa indicação. O deputado tem catalisado o antipetismo radical que emergiu após a eleição de 2014 e a crise econômica que veio na sequência.

Com ampla capacidade de angariar apoiadores nas redes sociais, a dúvida é se isso será suficiente para garantir a sua chegada ao segundo turno. Faltam a ele estrutura partidária, tempo de televisão – não deve passar de 15 segundos – e um projeto que vá além de seu discurso radical.

Para contornar as dificuldades financeiras, aliados apostam na “vaquinha virtual” autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral para atrair doações de pessoas físicas, frente à proibição que empresas contribuam financeiramente.

Joaquim Barbosa

Os rumores de uma candidatura do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa se intensificaram durante o julgamento do mensalão. Ele consolidou sua fama de xerifão ao relatar o processo, uma das maiores repercussões políticas da história da Suprema Corte. Ele se filiou discretamente ao PSB na última sexta (6), partido que conta com uma estrutura nacional mediana.

Mas a peleja é outra: o entrosamento com correligionários. Dirigentes da sigla querem que Barbosa amplie sua interlocução e exponha suas ideias a mais filiados.

Ainda sem uma oficialização, o PSB discute a montagem de uma estrutura de campanha para o ex-ministro. A intenção é que Diego Brady, que trabalhou na campanha presidência de Eduardo Campos, seja o marqueteiro. Apesar de qualquer pesar, entre aliados e adversários, a avaliação é que Joaquim Barbosa tem potencial para tirar voto de lulistas, de antipetistas e de eleitores que buscam uma renovação.

Alvaro Dias

Depois de 18 anos no PSDB e de outros dois no PV, o senador Alvaro Dias migrou para o Podemos, o antigo PTN. O parlamentar ficou conhecido por seu protagonismo no Senado, crítico ferrenho e ativo das gestões petistas, integrante participativo de inúmeros comissões, inclusive CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito).

Bancar esse personagem, contudo, não solucionou o maior problema da provável candidatura de Dias: pouco conhecido nacionalmente, ele tem apenas 4% de votos sinalizados nas pesquisas. Como em todos os partidos nanicos, Dias também terá pouco tempo de rádio e televisão, por volta de 12 segundos, o que não favorece a divulgação do seu nome.

Frente a isso, o senador aproveita a brecha deixada pela letargia atual de Geraldo Alckmin (PSDB) para se firmar como uma opção de centro.

Flávio Rocha

O empresário, dono da redes de lojas Riachuelo, já foi deputado constituinte pelo PFL e deputado federal, em 1988, pelo PRN. Por muito tempo, ele sumiu da cena política. Agora, ressurge no PRB, o partido da Igreja Universal do Reino Deus.

Visto como um candidato que pode agregar votos tradicionais, conservadores, evangélicos. Pode ser uma opção ainda a defensores de propostas econômicas liberais.

É desconhecido, mas tem condições de se autofinanciar. E entrou em um partido que conta com amplo poder de persuasão em uma parcela importante do eleitorado.

Henrique Meirelles

Não há nenhuma garantia de que Henrique Meirelles conseguirá se lançar candidato pelo MDB, partido do presidente Michel Temer, que ainda não definiu se pretende tentar se manter no Palácio do Planalto, ou não. Mas em caso positivo, claro, contaria com a preferência dos correligionários para encabeçar a disputa.

Mesmo assim, Meirelles decidiu sair do Ministério da Fazenda, cargo que ocupa desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. E trocar o PSD pelo MDB. Embora tenha estado muito presente na mídia pelo cargo que ocupou recentemente, Meirelles também é uma incógnita para a maioria dos eleitores, conforme pesquisas recentes.

Mas, ao contrário das demais novidades, está num dos maiores e mais ricos partidos brasileiros, o que lhe garantiria uma estrutura eleitoral invejável por muitos oponentes.

Guilherme Boulos

Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos apresenta-se como a alternativa da extrema esquerda. Ele se filiou ao PSol em 5 de março. Foi ele quem chamou o primeiro grupo de pessoas que acampou em frente ao Instituto Lula, no ABC paulista, semana passada, como uma “resistência” à prisão do petista.

Como retribuição, ganhou um importante afago de Lula no discurso que o ex-presidente fez antes de se entregar à Polícia Federal. Entre petistas, o destaque foi recebido com espanto. A intimidade de Guilherme Boulos com o presidente, também.

Essa proximidade é vista como o ponto de maior relevância da candidatura dele. Há quem acredite na possibilidade de, lá na frente, ele acabar sendo o “herdeiro” de votos que iriam para Lula se ele pudesse se candidatar neste ano.

O apoio demonstrado por Lula é importante, mas o desafio do reduzido tempo de propaganda eleitoral – cerca de 13 segundos – é uma sombra a ser iluminada.

Aldo Rebelo

O sim à disposição do PSB em lançar o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa como candidato à Presidência pelo partido foi a deixa para que Aldo rebelo, ex-ministro dos governos petista, se retirasse da sigla. Aldo já tinha trocado o PCdoB pelo PSB, mas decidiu agora ir para o Solidariedade. O partido ainda não o confirma como candidato pela sigla, mas Aldo garante que vai disputar.

O ex-ministro, que também já presidiu a Câmara dos Deputados, deu início a conversas para se viabilizar. Uma das alianças projetadas é com a ex-senadora Marina Silva, da Rede -- possivelmente com ele como vice da chapa. Apesar do 20 milhões de votos em 2010 e 2014, Marina viu sua popularidade declinar e seu partido reduzir depois da última eleição.

Ambos ainda são considerados nomes frágeis, embora conhecidos, mas iniciada a campanha, a união tende a lhes fortalecer.

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