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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou indignação na semana passada ao criticar imigrantes do Haiti, El Salvador e países africanos – pessoas que, segundo ele, vêm de “países de merda”. Mais de dois anos antes, o deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência da República, havia se referido a imigrantes haitianos, senegaleses, iranianos, bolivianos e sírios como “escória do mundo”.

Em 18 de setembro de 2015, em entrevista ao jornal “Opção”, de Goiás, Bolsonaro lamentou a falta de verba para as Forças Armadas e a possível redução de seu efetivo. Para o deputado, esse encolhimento seria prejudicial ao enfrentamento do que chamou de “marginais do MST”, “engordados agora” por imigrantes.

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“Não sei qual é a adesão dos comandantes, mas, caso venham reduzir o efetivo [das Forças Armadas], é menos gente na rua para fazer frente aos marginais do MST, que são engordados agora por senegaleses, haitianos, iranianos, bolivianos, e tudo que é escória do mundo, né, e agora tá chegando os sírios também aqui. A escória do mundo tá chegando aqui no nosso Brasil como se nós já não tivéssemos problemas demais para resolver. Esse é o grande problema que nós podemos ter”, afirmou.

(Abaixo, o áudio da entrevista para o jornal “Opção”. A questão sobre as Forças Armadas aparece por volta de 3min 30s da gravação)

Quatro dias depois da entrevista, o deputado tentou esclarecer o uso do termo “escória”, que segundo ele teria sido distorcido pela mídia. Num vídeo intitulado “Refugiados e Bolsonaro: a verdade”, Bolsonaro ignora as nacionalidades que citou na entrevista ao “Opção” e se concentra em países do norte da África que vivem uma situação que definiu como “político-terrorista”.

“Gente de tudo o que é origem e credo está saindo daquela região que transformou-se na antessala do inferno. Obviamente, junto com essas pessoas, muitas de bem, outras de péssima índole embarcam nessa onda e estão, na verdade, se imiscuindo no mundo todo”, afirma na gravação.

(Abaixo, o vídeo em que Bolsonaro tenta esclarecer o uso do termo “escória”)

Em seguida, Bolsonaro diz que o governo Dilma Rousseff estava usando “essa questão terrorista, política, do norte da África, para importar, junto com pessoas de bem, a escória do mundo, os integrantes do estado islâmico”.

“Se depender de mim, não virão para cá sem um rígido controle de sua vida pregressa, de sua cultura, de sua educação, de seus costumes. Não podemos colocar a nossa sociedade à mercê dessa minoria, escória, que vai se juntar à outra escória que está no Brasil, muitos coligados ao PT, para impor o terror aqui no nosso meio”, diz o deputado.

Enquanto Bolsonaro fala, o vídeo exibe um mapa do norte da África e de parte do Oriente Médio, onde aparecem em destaque Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Kuwait, Iêmen, Omã e Djibouti.

Nenhum dos países que o deputado inicialmente relacionou à “escória do mundo” – Haiti, Bolívia, Senegal, Irã e Síria – é destacado nesse mapa, até porque nenhum deles fica no norte da África mencionado por Bolsonaro em sua tentativa de esclarecimento. O Haiti fica na América Central, a Bolívia, na América do Sul, Senegal fica na África Ocidental e Irã e Síria, no Oriente Médio.

Sobre Dilma: “Que acabe infartada ou com câncer”

Na entrevista ao “Opção”, depois de falar dos imigrantes, Bolsonaro foi questionado se achava que Dilma chegaria até o fim do mandato, em 2018. “Espero que acabe hoje, infartada ou com câncer, qualquer maneira. O Brasil não pode continuar sofrendo com uma incompetente, ou incompetenta, à frente de um país tão grande e maravilhoso como esse aqui”, disse.

Entre outros temas, Bolsonaro também abordou o processo movido contra ele pela deputada Maria do Rosário (PT-RS). Na época, ele tinha sido condenado em primeira instância por afirmar, no ano anterior, que a deputada “não merece [ser estuprada] porque é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”.

A decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que o condenou a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais, foi mantida em novembro do ano passado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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