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| Foto: CARL DE SOUZA/AFP

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) vestiu nesta segunda-feira (30) um figurino especialmente desenhado para o seu próprio eleitorado durante entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura. Nas respostas, preocupou-se mais em manter os votos que tem no momento do que conquistar novos eleitores. 

De acordo com a pesquisa mais recente do Paraná Pesquisas, publicada nesta quarta-feira (31), se a estratégia der certo, ele chega ao segundo turno. Em três cenários testados, ele lidera em dois, com 24% das intenções de voto, e está em segundo quando o ex-presidente Lula aparece como candidato do PT, com 22% contra 29% do petista. 

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Com dificuldade em se coligar com legendas de peso e para ter um vice de relevo, além da previsão de baixíssima exposição nos programas eleitorais de rádio e TV, o foco é não deixar seu eleitor fiel escapar. 

Bolsonaro não inovou nas ideias, mas no jeito de se apresentar. Estava menos agressivo, se comparado com as reações de algum tempo atrás para os mesmos questionamentos feitos no Roda Viva. Voltou a mostrar que carece de programas claros: reduzir seu programa de educação ao Escola Sem Partido foi um dos exemplos. Nesse ponto, as deficiências de propostas de governo poderiam ter sido mais exploradas pela banca que o sabatinou.

O capitão da reserva foi provocado muitas vezes para falar sobre o regime militar e as violações cometidas naquele período. É um assunto que ele gosta. Desta vez, reconheceu que pode ter ocorrido algum excesso, mas sempre rebatendo que a esquerda também cometeu suas barbaridades. 

Voltou a elogiar o coronel Carlos Brilhante Ustra - reconhecido pela Justiça como um torturador -, e tratou de botar panos quentes quando questionado se vai abrir os arquivos da ditadura. 

“Isso é uma ferida que está cicatrizada. O país tem 14 milhões de desempregados. O povo está sofrendo”, disse um não exaltado Bolsonaro. 

Manteve outras ideias que polemizam e que dialogam com um eleitorado mais à direita: elogiou o “excelente” governo Trump; confirmou ser contra cotas para negros e que vai revê-las se eleito; pretende flexibilizar e facilitar o porte de armas; irá suspender a intervenção do Exército no Rio e vai lotar os ministérios com militares, se eleito. Escorregou ao dizer que o Brasil não tem dívida histórica com a escravidão e que os próprios escravos os entregavam para o tráfico. 

No estilo, o candidato não bateu boca com os entrevistadores, deixou de responder uma ou outra pergunta e repetiu muita coisa que vem dizendo nos últimos meses, como “ninguém no Brasil nem sabe o nome do ministro da Ciência e Tecnologia”, para na sequência, dizer que o astronauta Marcos Pontes será seu guia nessa área. Se não for o ministro.

Bolsonaro não mostrou preocupação em dizer que não domina alguns assuntos. Disse que tem muitos “postos Ipiranga” a seu lado. 

É a referência que tem feito ao economista Paulo Guedes, e agora a outros. Esse anúncio de TV é conhecido. Sempre que perguntado de alguma coisa, o protagonista repete o bordão: “pergunta lá no posto Ipiranga”. O candidato, como no anúncio, terceirizou questões “técnicas”.

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