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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A paciência de Jair Bolsonaro com o seu candidato a vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) parece ter chegado ao limite e abriu uma nova crise na campanha do presidenciável do PSL. Bolsonaro publicou uma mensagem nas redes sociais nesta quinta-feira (27) em que repreende o general – mesmo sem citá-lo nominalmente – pela crítica feita ao pagamento do 13º salário e férias. 

“O 13º salário do trabalhador está previsto no artigo 7º da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, escreveu Bolsonaro, que segue internado no hospital em recuperação da facada que levou no abdômen durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro.

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Mourão afirmou em palestra no Clube dos Diretores Lojistas de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, na quarta-feira (26), que o 13º salário é uma “jabuticaba brasileira”, uma “mochila nas costas dos empresários” e “uma visão social com o chapéu dos outros”. 

A manifestação de Mourão soma-se a outras de ampla repercussão que proferiu nas últimas semanas. Ele afirmou que casas com apenas mães e avós são “fábricas de desajustados” e chamou países latino-americanos e africanos com os quais o Brasil teve relações comerciais de “mulambada”.

Depois desses episódios, o general teve a atenção chamada reservadamente por Bolsonaro e, por decisão da cúpula da campanha, ouviu que não deveria mais participar de eventos públicos com frequência.

Mourão gera nova crise na campanha de Bolsonaro, que quer silenciá-lo

A nova polêmica disparada por Mourão gerou uma nova crise na campanha de Bolsonaro. O entorno do candidato quer silenciar o militar da reserva. A reação da campanha de Bolsonaro foi rápida, em contraposição a crises recentes.

Mourão só ficou sabendo da confusão na estrada, voltando a Porto Alegre. A um amigo, disse que não é contra o 13º, e que sua fala havia sido tirada de contexto. Afirmou que apenas pintava o quadro geral dos elementos de custo-Brasil com os quais o empresariado tem de lidar, sem dizer que é a favor de acabar com o benefício.

Para o amigo que conversou com Mourão, houve precipitação por parte do comando da campanha, que não chegou a falar com o general antes de desautorizá-lo.

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O grupo de generais da reserva que trabalha no programa de governo de Bolsonaro ficou contrariado com a velocidade da reação, mas quer evitar um choque direto e disse entender a necessidade de tentar conter a inevitável viralização da fala. Há a expectativa de que Bolsonaro e ele conversem sobre o caso.

Nas campanhas adversárias, a nova polêmica soou como música. Se a recriação da CPMF, aventada e depois negada, foi parar nas peças de propaganda do PSDB, estrategistas já estudavam como incluir a “extinção do 13º” no próximo programa nacional, no sábado (29).

No olho do furacão

Mourão, um militar que ainda na ativa se notabilizou por declarações polêmicas, está no centro das atenções desde que Bolsonaro foi esfaqueado durante ato de campanha em Juiz de Fora, no dia 6. Ele cogitou substituir o candidato em debates, atraindo a ira da família de Bolsonaro, e sua visibilidade e frases incompatíveis com o marketing eleitoral o levaram a ser questionados pelo grupo partidário da campanha.

De sexta-feira (28) até quinta-feira (4), Mourão tem apenas compromissos fechados em sua agenda, sem acesso da imprensa ou do público. A coligação também o proibiu de participar de todos os debates de candidatos a vice até o primeiro turno, marcado para 7 de outubro.

  

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