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| Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República, disse que não haverá surpresas em seu governo se for eleito e pediu confiança a um grupo de investidores e analistas do mercado financeiro com que se reuniu a portas fechadas nesta quinta-feira (28).

“O que eu quero é a confiança de vocês, não precisam gostar de mim”, afirmou Ciro, de acordo com o relato de um participante do encontro. Organizado pela corretora XP Investimentos, o evento pôs o presidenciável em contato com 70 clientes da empresa durante duas horas e meia.

Num esforço para desfazer a imagem criada por seu temperamento explosivo, Ciro disse não se reconhecer no retrato que os jornais costumam fazer dele e arrancou gargalhadas da plateia com piadas em pelo menos quatro momentos. No fim, cumprimentou todos um a um ao se despedir.

A performance do presidenciável foi descrita como “cativante e agradável”. Segundo a coluna “Painel”, da “Folha de S.Paulo”, o pré-candidato mostrou seu lado ponderado. Defendeu o respeito a contratos e admitiu que a crise fiscal existe e é grave.

Ciro apresentou as linhas gerais de sua plataforma de campanha, destacando como prioridades o ajuste das contas do governo federal, a recuperação da sua capacidade de investimento e a redução do elevado grau de endividamento das famílias e das empresas.

Ciro defendeu o aumento dos tributos cobrados sobre heranças, lucros e dividendos das empresas, e sugeriu a criação de um imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da antiga CPMF, além da redução de subsídios.

Reforma da Previdência

Sem oferecer detalhes, disse que todas as despesas do governo serão revistas e reafirmou linhas gerais de sua proposta de reforma da Previdência, como a criação de um sistema de capitalização, baseado em contas individuais.

Segundo outro participante do encontro, o presidenciável afirmou aos investidores que pretende ganhar sua confiança dizendo sempre com clareza o que pretende fazer se vencer a eleição de outubro. 

Na saída, Ciro disse aos jornalistas que recebeu R$ 30 mil da XP pela participação no evento. “Tenho que pagar o gim das crianças”, brincou. “Quando a candidatura for homologada, aí evidentemente eu suspendo [as palestras]”.

Nesta semana, Ciro virou alvo de vídeos produzidos por dois adversários. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) o criticou por ter trocado de partido várias vezes, e o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) pôs no ar uma cena em que ele grita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “é um merda”.

Ciro também tem despertado ceticismo entre investidores por causa de suas propostas. Há dúvidas sobre a capacidade de sustentar seu plano para a Previdência sem que a dívida pública exploda. Numa entrevista recente, ele defendeu a expropriação de campos de petróleo cujos direitos de exploração foram concedidos a empresas estrangeiras.

No encontro com os clientes da XP, o presidenciável defendeu genericamente o respeito aos contratos, afirmou que a política de preços da Petrobras precisa ser repensada e disse que as empresas estatais terão metas de eficiência fixadas pelo governo federal. 

Ciro disse que está perto de fechar uma aliança com o PSB e que tem conversado com o PP, o DEM e o Solidariedade, mas que nada será definido antes de meados de julho.

Após o evento, ele disse aos jornalistas que pedirá desculpas aos líderes do DEM que tiverem considerado ofensivo o comentário que ele fez sobre o vereador Fernando Holiday, que chamou de “capitãozinho do mato” numa entrevista.

Holiday, que é negro, afirmou que vai processar Ciro. “Falei ao [presidente nacional do DEM] ACM Neto: faça uma lista de quem você acha que eu preciso ligar, que eu ligo, sem problemas”, disse Ciro.

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