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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Primeiro evento de 1.º de maio unificado desde a redemocratização do país, o evento organizado pelas forças sindicais e movimentos sociais em Curitiba só trouxe mais do mesmo. Além de lideranças sindicais e artistas, diversos políticos participaram do ato na Praça Santos Andrade, que começou por volta das 14 horas e reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso desde o dia 7 de abril, o ato foi encerrado com a leitura de uma carta enviada pelo petista.

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No documento, lido pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, Lula enalteceu as conquistas de seu governo, principalmente na área econômica e social, e disse que o país vai mal. A presidente do PT insistiu que Lula é o candidato do partido à presidência e criticou a imprensa. Durante o ato também foi exibida uma animação feita pelo PT e lançada no dia da prisão.

A organização do evento falou em “Primeiro de Maio histórico e suprapartidário”, que reuniu lideranças de todo o país em Curitiba, mas os discursos não trouxeram nenhuma novidade ao longo do dia.

As falas centraram em críticas à reforma trabalhista e ao governo do presidente Michel Temer (PMDB), pedidos de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixe a prisão, críticas à força-tarefa da Lava Jato e cobranças das autoridades sobre o caso da morte da vereadora do Rio de Janeiro, Mariele Franco. O desabamento do prédio de 24 andares no Centro de São Paulo depois de um incêndio também foi lembrado nos discursos.

As lideranças também falaram de episódios de violência sofridos pelo grupo, como o caso do ataque a tiros a caravana do ex-presidente Lula, no interior do Paraná, e ao acampamento montado na região da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Várias lideranças políticas insistiram no discurso de que o acampamento deve continuar até que o ex-presidente deixe a prisão.

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“Só vamos sair daqui levando o Lula. Não adianta vir Moro, a Polícia Federal...”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Além de figuras ligadas aos sindicatos e movimentos sociais, diversos políticos marcaram presença no ato. Entre eles os presidenciáveis Manuela D’Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (Psol) e Aldo Rebelo (SD) – este último foi vaiado pelo público presente na Praça Santos Andrade.

Aldo Rebelo é pré-candidato à presidência pelo Solidariedade, partido que foi à favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Aldo, que por décadas foi militante do PCdoB, contrapôs as vaias falando mais alto. Em tréplica, os manifestantes aumentaram o tom das vaias.

Pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, a deputada Manuela d’Ávila fez uma defesa enfática do ex-presidente Lula, e reiterou que “Curitiba é hoje o símbolo da nossa unidade e da nossa resistência”. Porque “aqui está preso o maior líder popular do Brasil”, o “primeiro presidente operário da história deste gigante país. Não é pouca coisa”. Manuela criticou ainda o “Golpe que tirou Dilma sem nenhum crime de responsabilidade”, o “fim da CLT com a Reforma Trabalhista”, e a Emenda Constitucional 95 (a PEC do “teto dos gastos”). A deputada também ressaltou a importância das centrais sindicais se unirem.

O pré-candidato Guilherme Boulos (Psol) bateu na tecla da “defesa da democracia” em seu discurso. “Mesmo essa democracia precária e limitada está sendo destruída”, disse ele, que criticou o que chamou de “hordas de fascistas, que precisam ser enfrentados e parados enquanto há tempo”. Boulos citou a morte de jovens negros, de mulheres, o assassinato da vereadora Marielle Franco e a prisão de Lula como ataques à democracia. O pré-candidato à Presidência da República disse ainda que “vamos seguir firmes na luta, nas ruas, ocupando e lutando. Ocupando praças como essas, ocupando terras, ocupando até tríplex de vez em quando”.

Também estiveram presentes no ato o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e os senadores Roberto Requião (PMDB), Lindberg Farias (PT) e Vanessa Grazziotin (PCdoB).

Os organizadores do ato chegaram a levar um puxão de orelha do Corpo de Bombeiros por causa do alto número de pessoas em cima do palco. A corporação chegou a cortar o som até que parte das lideranças deixasse o palco para evitar acidentes.

Por causa da impaciência do público, que começaram a vaiar a fala de lideranças sindicais, os discursos acabaram sendo encurtados.

Ao longo do dia diversos artistas passaram pelo palco para apresentações. Beth Carvalho, Flávio Renegado e Ana Cañas fizeram shows durante o ato. A atriz Lucélia Santos também esteve na manifestação.

Caminhada

Por volta das 12h15, os manifestantes que estavam concentrados no acampamento Marisa Letícia, no Santa Cândida, partiram à pé com destino à Praça Santos Andrade, numa distância de cerca de 8 km. O acampamento fica próximo à superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente Lula está preso desde o último dia 7 de abril.

O ato do 1.º de Maio em Curitiba reuniu todas as centrais sindicais: CUT, Força Sindical, CTB, NSCT, UGT, CSB e Intersindical. Além disso, estiveram presentes representantes de movimentos populares e estudantis, como o Movimento Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de entidades de movimentos feministas, de negros e negras, entre outros.

Além dos apoiadores do ex-presidente que já estavam em Curitiba, 37 ônibus fretados chegaram a Curitiba para o ato de 1.º de Maio, vindos de outros estados. A informação foi confirmada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Vieram a Curitiba delegações vindas de estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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