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 | LUIS MACEDO/ Câmara dos Deputados
| Foto: LUIS MACEDO/ Câmara dos Deputados

Partido com maior número de envolvidos e citados no escândalo da Lava Jato – 27 de seus 46 deputados – o Partido Progressista, o PP, decidiu punir os "traidores" que contrariaram suas orientações em cinco votações na Câmara. A punição: vai descontar repasse do fundo eleitoral para as campanhas à reeleição de quem votou, por exemplo, contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a favor da abertura de investigação contra Michel Temer (MDB) nas duas acusações do Ministério Público. O PP vai receber um total de R$ 131 milhões do TSE.

Mas o maior naco desse desconto será mesmo no "bolso" de quem votou contra a criação desse fundo, aprovado ano passado e oficialmente conhecido como Fundo Especial de Financiamento de Campanha, que vai distribuir R$ 1,7 bilhão de dinheiro público para todos os candidatos do país. Quem foi contra a criação do "fundão" perderá 50% dos R$ 2 milhões que o PP comunicou ao TSE que irá distribuir para cada um que disputar a reeleição para a Câmara. 

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Aqueles que votaram contra Temer nas duas acusações do ex-procurador Rodrigo Janot vão perder ainda 10% em cada na fatia do fundo. Se o parlamentar foi contra o impeachment de Dilma, deixará de receber mais 15%. Quatro pepistas votaram contra o impeachment da petista e dois se abstiveram.  O PP diz que usou esses critérios "em homenagem à fidelidade partidária" 

O maior prejuízo será repartido entre oito deputados do PP, que votaram contra a criação do fundo. Eles deixarão de receber R$ 1 milhão desse dinheiro, cada um.  Entre esses estão o deputado Espiridião Amin, ex-governador de Santa Catarina e uma liderança do partido, e Jerônimo Goergen (RS). O caso de Goergen é mais dramático, porque ele ainda votou a favor da abertura de processo contra Temer nas duas vezes. Ou seja, terá um desconto de pelo menos 70% dos R$ 2 milhões que receberia.

Ele está bem pessimista e até concorda em não receber verba do fundo por ter sido contra sua criação, mas acha que o partido exagerou na mordida. "Se votei contra o fundo, não posso nem fazer qualquer reivindicação desse dinheiro. E não farei. Uma coisa é votar contra a lei e outra é, se aprovado, ser alvo desse corte. Mas, tudo bem. Agora, os critérios é que não são adequados. Se votei ou a favor do Temer, por exemplo, serei punido por isso? É questionável. Acho que o mais justo então seria punir em relação a ser favorável ao fundo ou não", disse Jerônimo Goergen.

Ele fez até os cálculos de quanto deve receber dos R$ 2 milhões inicialmente previstos pelo partido. "Vou receber, no máximo, uns R$ 600 mil. Se receber! Tô pessimista", completou. 

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“Taxa de sucesso”

Outros partidos estão usando critérios semelhantes na hora da divisão do dinheiro desse fundo. Criaram uma espécie de "taxa de sucesso": quem pode mais, leva mais. Ou seja, quem tem mais votos e mais chances de se eleger, terá mais dinheiro. Até porque este ano está em vigência a cláusula de barreira que exige que os partidos elejam um deputado em nove estados diferentes ou atinjam o 1% dos votos em nove estados. 

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A esquerda também estabeleceu seus critérios. É o caso do PSOL, que criou uma lista de "favoritos" e os classificou em: "prioritários", "com potencial de polarizar", "com visibilidade", "com chances", "muitas chances" e "puxadores de votos".  O PSOL escolheu investir mais na briga por uma vaga na Câmara do que pelos governos de estados. Selecionou seis candidatos com maiores chances de saírem vitoriosos numa vaga de deputado e vai destinar a campanha de cada um cerca de R$ 300 mil. São eles: Marcelo Freixo, Jean Wyllys e Glauber Braga, todos do Rio de Janeiro; Ivan Valente e Luiza Erundina, por São Paulo; e Edmilson Rodrigues, no Pará. Desses, cinco já são deputados federais nessa legislatura.  

Cada um dos 11 candidatos a governador do PSOL vai receber apenas R$ 104 mil. Candidato ao Senado pelo Rio, o deputado Chico Alencar terá à disposição para sua campanha R$ 258 mil. O PSOL, ao todo, tem direito a R$ 15,3 milhões do fundo eleitoral. A bancada do partido na Câmara votou contra a criação do fundo. 

O Democratas é outro que associou a destinação de recursos a desempenho na campanha e chances de ganhar. Cada candidato a deputado receberá, no máximo, R$ 1,5 milhão. "A distribuição dos recursos observará a viabilidade eleitoral das candidaturas, bem como a estratégia política-eleitoral do partido,objetivando o crescimento de suas bancadas na Câmara dos Deputados e nas Casas Legislativas Estaduais e Distrital", diz a resolução do DEM, que será aquinhoado com um fundo eleitoral de R$ 85 milhões.

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