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PT está acostumado com eventuais derrotas, mas do outro lado há uma incógnita | EVARISTO SA    /    AFP
PT está acostumado com eventuais derrotas, mas do outro lado há uma incógnita| Foto: EVARISTO SA /    AFP

A ferrenha disputa entre Jair Bolsonaro (PSL) contra Fernando Haddad (PT), que caminham para disputar o segundo turno da eleição presidencial, permite uma reflexão sobre que tipo de oposição o derrotado fará ao vencedor a partir de 2019. Ou como será a oposição do PT a Bolsonaro ou vice-versa, se Haddad conquistar o Planalto. 

Habituado a disputas para Presidência da República, o PT já está acostumado com eventuais derrotas. Recolhe os cacos e vai fazer sua oposição barulhenta no Congresso Nacional e mobilização de movimentos sociais. Do outro lado, caso o candidato do PSL saia derrotado, há uma incógnita. Sem mandato, Bolsonaro seria um líder de oposição de rua com uma massa de eleitores assumidamente de direita a seu lado – e cujo comportamento num revês não se sabe como será. 

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O cientista político André César entende que são dois grupos bem distintos. Ele lembra que os petistas experimentaram três derrotas seguidas logo após a redemocratização – perdeu em 1989, 1994 e 1998 – e venceu as quatro disputas seguintes. Está fora do poder desde o impeachment de Dilma Rousseff, em agosto de 2016. 

"Importante dizer isso, que o PT sabe jogar como governo e como oposição, onde foi duro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) nos anos 90. Tem expertise em ser oposição", lembra César. 

Haddad e Bolsonaro na oposição

O cientista entende que, no caso de Bolsonaro, pouco ele poderá fazer no Congresso Nacional por pertencer a um partido nanico, o PSL: uma legenda sem expressão e que deve eleger uma bancada entre 20 a 30 deputados. "E o PT iria atrair para o governo antigos aliados, que esvaziaria o poder de oposição do grupo de Bolsonaro no Congresso". 

André César entende que existem riscos de radicalização nas ruas, mas que vai caber aos envolvidos no processo evitar maiores consequências. "Os líderes do lado que perder terão que atuar na contenção desses ânimos, para evitar danos à democracia". 

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Num primeiro momento, logo após conhecidos vencedor e vencido, vai haver um "barulho inicial", acredita Cesar. "Mas a tendência é baixar a poeira e que a disputa acirrada do processo eleitoral se decante. A gente acredita que lideranças do petismo e do lado do Bolsonaro vão trabalhar para conter isso". 

Na semana passada, numa entrevista ainda no hospital, Bolsonaro declarou que não aceitaria resultado das urnas caso não fosse ele o vencedor. Para o capitão, se ele não ganhar é porque houve fraude. Dias depois, ele mesmo minimizou o conteúdo dessa declaração e afirmou que estava se referindo a não tomar determinadas atitudes, como ligar para cumprimentar Haddad em caso de vitória do petista.

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