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O cenário de indefinições, o excesso de pré-candidatos e o espírito de sobrevivência dos partidos estão jogando as definições sobre as chapas que vão disputar as eleições presidenciais para o limite do prazo previsto pela lei eleitoral, que é 5 de agosto. A maior parte dos partidos está deixando para decidir aos 47 minutos do segundo tempo, aproveitando esses tempos de Copa.

Os partidos estão adiando ao máximo suas convenções, quando definem o que irão fazer nas eleições: se terão candidatos próprios, se vão apoiar fulano ou beltrano ou se seguem sem adesão a alguma candidatura à Presidência. O período das convenções vai de 20 de julho a 5 de agosto. Quase todos estão deixando suas definições para agosto, com poucas exceções.

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Líder na última pesquisa Ibope sem a presença de Lula na disputa, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou não ter pressa e que nem está preocupado com isso. "Por que eu tenho que definir primeiro quem será meu vice? Não tenho que ser. Aliás, não estou preocupado com essa data", disse o presidenciável à Gazeta do Povo, na tarde desta terça-feira (3) no plenário da Câmara.

Enquanto isso, seus aliados se articulam. O deputado Ônyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que há uma lista de cerca de 100 deputados apoiando a candidatura de Bolsonaro. Mas contou que não serão divulgados os nomes desses supostos entusiastas do militar. "É para não constranger ninguém. Por enquanto, preferem o anonimato", disse Lorenzoni.

Partido cobiçado por grandes legendas, o PSB é uma indefinição só. Depois da desistência do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa em disputar a eleição, o partido ficou sem rumo. Pode se juntar ao PT, ao PDT de Ciro Gomes, à Rede de Marina Silva ou não apoiar ninguém. Os próprios integrantes do partido lamentam essa situação. 

"É muito ruim chegarmos a essa altura e estarmos nesse quadro. É muito ruim. Se não tivermos candidato próprio ou não dermos o nome de vice para ninguém, vamos fazer encontros estaduais para definir chapas nos estados. Não queria essa vocação de MDB, que serve de palanque regional a vida inteira", disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), ex-líder da legenda na Câmara. 

O PT continua com seu intuito único de lançar Lula. Já adiou de julho para agosto sua convenção que irá confirmar o nome de seu líder maior na corrida eleitoral ao Planalto. "Será o nosso candidato. E ponto. No dia 4 de agosto faremos nosso encontro e vamos trabalhar até lá para uma formar nossa chapa e compor nossos aliados", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). 

O deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará – legenda que pode ter o deputado Roberto Freire (SP) como vice de Marina Silva –, afirmou que a Copa do Mundo vai acabar e o cenário na eleição brasileira ainda estará confuso. A decisão do Mundial será no próximo dia 15. "A coisa vai se arrastar mesmo. Está tudo ainda muito confuso, nebuloso. O cenário não é o mesmo de quatro anos atrás, quando os partidos definiram com bastante antecedência. Será mesmo nos 47 minutos do segundo tempo", disse Jordy. 

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A campanha eleitoral começa no dia 16 de agosto, um dia após o fim do prazo para inscrição de chapas e candidaturas na Justiça Eleitoral. Na eleição presidencial de 2014, seis partidos realizaram suas convenções logo na primeira semana do período determinado pela legislação (entre 10 e 30 de junho, à época): PMDB, PSDB, PV, PSC, PSTU e PRTB – e somente o PMDB, que hoje se chama MDB, não teve candidato próprio. 

O PSDB, do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, deve realizar sua convenção também na reta final, a primeira semana de agosto. Uma ala do partido queria que o encontro fosse feito em 21 de julho, mas Alckmin não conseguiu fechar alianças e não quer fazer uma convenção esvaziada, sem ter um candidato a vice para anunciar. "Ou vai ser a primeira ou a última", disse ele. 

Cortejado por Alckmin e Ciro Gomes (PDT), o DEM deve anunciar a desistência de lançar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), como candidato próprio, mas não tem previsão de quando realizará seu encontro nacional. "Primeiro, vamos definir nosso caminho, depois, a data da convenção", disse o presidente da sigla, o prefeito de Salvador, ACM Neto. 

MDB não quer perder poder

Em reunião na tarde desta terça-feira (3), lideranças do MDB definiram a data da convenção, que ocorrerá em 31 de julho. Acertaram, ainda, a divisão dos recursos do fundo eleitoral. Caberá ao MDB R$ 234 milhões, dos quais, R$ 70 milhões poderiam ser usados por Meirelles. Contudo, o ex-ministro bancará a própria campanha e não receberá recursos do partido. É esse o discurso oficial em justificativa à não destinação de verba à campanha presidencial do MDB. 

Nos bastidores, já se trabalha pela união do partido com o PSDB de Geraldo Alckmin. Embora nenhum dos dois presidenciáveis venha demonstrando fôlego nas pesquisas, avalia-se que o tucano tem mais chances de subir com a propaganda de TV, que começa em agosto. 

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O presidente Michel Temer tem se reunido com nomes ligados à campanha de Alckmin para tratar da futura possível aliança. As conversas também ocorrem com o DEM de Rodrigo Maia. 

A discussão, agora, é sobre quem vai levar a vice na chapa: MDB ou DEM. Após oito anos no poder, seis dos quais aliado ao PT, os emedebistas não querem ter poder reduzido num futuro governo. O DEM, contudo, um dos líderes do impeachment e que ganhou projeção desde então, também não quer abrir mão de alguns espaços desejados, como as pastas das Cidades, Saúde e Transportes, os maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios. 

Divisões à parte, a tendência é que a convenção do MDB venha formalizar o apoio do partido a outro, deixando Meirelles em segundo plano. 

Outras legendas

Até agora agendaram as datas de suas convenções: o PDT (20/7), de Ciro; o PSC (20/7), do ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro; o PSOL (21/7), de Guilherme Boulos; o Podemos (22/7), do senador Alvaro Dias; o PCdoB (1º/8); que tem a deputada estadual gaúcha Manuela d'Ávila como postulante ao Planalto; e o Novo (4/8), do ex-executivo de bancos João Amoedo. 

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