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Ato teve a participação de movimentos sociais e militantes | Jefferson Bernardes/AFP
Ato teve a participação de movimentos sociais e militantes| Foto: Jefferson Bernardes/AFP

Na véspera do julgamento que pode decidir seu futuro político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou criticar abertamente os magistrados que vão analisar o seu recurso contra a condenação do juiz Sergio Moro. Em discurso para uma multidão de militantes e integrantes de movimentos sociais na Esquina da Democracia, no centro de Porto Alegre, o petista começou dizendo que não falaria a respeito do processo, que vai a julgamento nesta quarta-feira (24) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), porque considera que seus advogados já provaram sua inocência.

“Não vou falar do meu processo. Não vou falar da Justiça. Primeiro, porque tenho advogados competentes que já provaram minha inocência. Segundo, porque eu acredito que aqueles que vão votar (desembargadores da 8ª Turma do TRF-4) deverão se ater aos autos do processo e não às convicções políticas de cada um”, afirmou.

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Lula preferiu adotar uma postura de candidato à Presidência. Afirmou estar “preocupado com o povo brasileiro” por conta do desmonte de programas relacionados à educação, como o Programa Universidade Para Todos (Prouni), o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e as escolas técnicas. O ex-presidente fez, ainda, ataques à imprensa, afirmando que as empresas de comunicação brasileiras não têm “compromisso com a verdade”.

Durante o discurso, que durou aproximadamente 40 minutos, Lula disse ter a “tranquilidade dos inocentes” e salientou o que considera serem as conquistas de seus anos de governo. “Eles inventaram uma doença chamada PT que provocava a ascensão dos mais pobres”, declarou. Ao final, afirmou que continuará “lutando por uma sociedade mais justa” independentemente do resultado nos tribunais. “Só uma coisa vai me tirar das ruas desse país e será o dia que eu morrer (...). Qualquer que seja o resultado do julgamento, eu seguirei na luta pela dignidade do povo desse país”, disse.

A ex-presidente Dilma Rousseff também falou, questionando a legitimidade do seu impeachment em 2016. Segundo ela, a condenação de Lula, se concretizada, seria a continuação do “golpe”. Além disso, vários nomes do PT discursaram seguindo a mesma narrativa. Entre eles estavam os líderes do partido no Congresso, Paulo Pimenta e Lindbergh Farias, além da presidente da agremiação, Gleisi Hoffmann .

O ato teve, ainda, a participação de lideranças de outros partidos - como a pré-candidata à Presidência Manuela D’Ávila (PCdoB/RS) e o senador Roberto Requião (PMDB/PR) - e de Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou que, independentemente do resultado do julgamento de quarta, os militantes não permitirão que Lula seja preso.

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Antes da chegada do ex-presidente, que desembarcou em Porto Alegre por volta das 17 horas, a manifestação já acontecia na capital gaúcha. O ato começou com uma marcha, às 15h30. Mais cedo, Dilma Rousseff já havia falado aos manifestantes, participando de um ato de mulheres que ocorreu em frente à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Ela negou que o PT tenha um plano alternativo à candidatura do ex-presidente para as eleições deste ano, afirmando que isso seria uma “covardia”.

A ida de Lula a Porto Alegre havia sido confirmada no dia anterior, em uma coletiva de imprensa com Gleisi e o vice-presidente do PT, Alexandre Padilha. Segundo eles, a viagem é um “ato de agradecimento” do ex-presidente às manifestações a seu favor. Ainda segundo a cúpula do PT, Lula não permanecerá em Porto Alegre para acompanhar o julgamento, que começa às 8h30. Ele retorna a São Paulo ainda na noite desta terça.

Vem pra Rua faz protesto paralelo em Porto Alegre

Enquanto a militância petista ouvia Lula, o movimento Vem Pra Rua promovia um protesto paralelo pedindo pela condenação do ex-presidente. Cerca de 300 pessoas estiveram presentes, segundo os organizadores, no Parque Moinhos de Vento. Uma faixa com uma charge do Lula como se fosse um sapo, sendo cozido em um caldeirão e com um boné do MST dominava o cenário do protesto. Nela, os manifestantes também escreveram “vai mentindo, vai fugindo, tua hora vai chegar”.

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