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 | Beto Barata/Presidência da República
| Foto: Beto Barata/Presidência da República

O MDB chega para sua convenção nacional, nesta quinta-feira (2), dividido, como é comum no partido. Apesar disso, vai confirmar o ex-ministro Henrique Meirelles como candidato à Presidência da República. Em voo solo, a missão oficialmente é buscar a vitória. Nos bastidores, porém, há uma batalha para manter a principal característica da legenda: gravitar em torno do governo e, para isso, já se conversa sobre alianças no segundo turno. 

Cálculos realistas e a visão política de emedebistas tradicionais apontam para uma derrota de Meirelles, embora publicamente fale-se em vitória. Porque então apostar em um nome que, já se espera, será derrotado? 

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A estratégia foi costurada em conjunto com os tucanos. Para alguns caciques do MDB é Geraldo Alckmin (PSDB) quem tem mais chances de vitória, apesar das pesquisas de opinião até o momento não mostrarem isso. Avaliam que, com os apoios selados, a experiência em campanha, o predomínio no horário eleitoral, o tucano já está no segundo turno. Aí então o MDB anunciaria apoio a ele. 

Tudo isso para afastar a má avaliação da gestão do presidente Michel Temer do candidato predileto. E também não contaminar a campanha de Alckmin com as explicações sobre acusações de corrupção contra emedebistas. Claro que também há denúncias contra tucanos. Mas, no momento, melhor cada um lidar com a sua e vencer a primeira etapa nas urnas, em 7 de outubro. 

Disputa interna

Para a estratégia emedebista, não poderia haver candidato melhor que Henrique Meirelles. Aos 72 anos, aposentado, ele vai bancar a própria campanha, que deve passar dos R$ 30 milhões. 

As resistências internas que ainda persistem à candidatura de Meirelles partem especialmente do Nordeste, onde o PT tem mais força e as alianças com o partido tendem a ser mais comuns. Um crítico contumaz é o senador Renan Calheiros (AL), que ainda trabalha contra a candidatura do ex-ministro.

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Apesar disso, aliados de Meirelles calculam que nesta quinta, na convenção, ele terá apoio de mais de 450 dos cerca de 630 votos em questão. A estratégia de alçá-lo candidato tem o apoio de nomes como Moreira Franco, Eliseu Padilha e Romero Jucá, alguns dos auxiliares mais próximos de Temer. 

Os oposicionistas à candidatura do ex-ministro dizem que o placar será apertado. Vale lembrar que, em 2014, quando Michel Temer foi confirmado vice na chapa de reeleição de Dilma Rousseff, venceu por 55% dos votos. Temer está no partido há mais de 30 anos. Meirelles filiou-se em abril. Um placar acirrado, portanto, não é problema em um partido tradicionalmente diversificado. 

Otimismo

O discurso predominante é que, com o início da campanha, da veiculação do programa eleitoral e da possibilidade de comícios e eventos, Meirelles se tornará mais conhecido e, assim, poderá galgar a vitória. "Quando as pessoas me conhecem, decidem votar em mim. O problema é que não me conhecem. Ainda", afirma Meirelles sempre que aparece em público. Atualmente ele pontua traços nas pesquisas de intenção de voto. 

Quem tem experiência em eleições, contudo, não acredita numa reviravolta tão grande no cenário capaz de levar o ex-ministro ao Palácio do Planalto. "Em eleição tudo pode acontecer, mas é difícil", afirmou um emedebista que apoia Meirelles mas, como outros, duvida do futuro. 

Para convencer a população de que o MDB está mesmo com o ex-homem forte da Fazenda, o presidente Michel Temer divulgou uma carta de apoio à candidatura dele. Semana passada, a direção do partido também soltou um comunicado em defesa do ex-ministro. 

Outra estratégia é colar em Lula. Meirelles repete por aí que foi protagonista nas políticas econômicas que fizeram o país sair da crise. Nesse contexto, refere-se à presidência do Banco Central, que ocupou nos oito anos da gestão Lula, e no comando do Ministério da Fazenda, no governo Temer.

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