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Requião (sentado), em conversa no Senado com Aécio Neves (PSDB) e dois caciques do MDB, Renan Calheiros e  Romero Jucá. | Roque de Sá/Agência Senado
Requião (sentado), em conversa no Senado com Aécio Neves (PSDB) e dois caciques do MDB, Renan Calheiros e Romero Jucá.| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O senador Roberto Requião (MDB-PR) quer concorrer à Presidência da República pelo partido. Até recebe alguns apoios e incentivos publicamente. Mas quando caciques emedebistas são questionados sobre a possibilidade, a primeira reação é uma risada; a segunda, negativas.

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A Gazeta do Povo conversou com oito líderes do MDB. Nenhum deles sequer cogita esse cenário. Mas procuram não falar isso publicamente. “Por mais que ele saiba o que todos pensam, melhor não comprar briga”, ponderou um deles.

Há duas semanas, Requião mandou uma carta à bancada no Senado em que se contrapõe às diretrizes que o MDB tem mostrado e, sem citar nomes, critica a pré-candidatura de Henrique Meirelles – na terça (22) o presidente Michel Temer deu sua benção ao seu ex-ministro da Fazenda.

“É um insulto à consciência emedebista e à própria cidadania que dirigentes do governo, os mesmo que levaram ao descalabro a economia, agora, confiados apenas em dinheiro, se apresentem como postulantes às eleições presidenciais”, escreveu na carta.

E encerrou: “Embora essa iniciativa pareça solitária, tomo-a, para que ninguém, amanhã, possa dizer que me omiti”.

Requião é conhecido internamente no MDB por suas contraposições às ideias do partido. Em raras oportunidades, como ao relatar o projeto de abuso de autoridade, se junta às vozes mais ressonantes.

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É a terceira vez que o senador vai tentar ser o candidato do MDB, anteriormente PMDB, à Presidência. A última foi em 2010, quando a sigla se aliou ao PT e Michel Temer foi vice na chapa de Dilma Rousseff. Requião foi contra o acordo. “Tanto pragmatismo, sem nenhuma ideologia, decepciona”, disse ao discursar na convenção partidária daquele ano.

Em 2014, seguiu a mesma linha. Foi amplamente rechaçado na convenção do partido e recebeu apenas 95 votos por sua candidatura, contra 560 favoráveis a Temer.

É crescente no MDB, desde a primeira gestão de Dilma Rousseff, as mostras da vontade de ter um protagonismo na política. Não bastava ao partido ser detentor das maiores bancadas na Câmara e no Senado. E a rejeição crescente à petista foi a desculpa perfeito para a legenda, principal articuladora do impeachment.

Desde o início do processo para destituir Dilma, Requião se colocou contrário. Votou contra, seguido somente pela senadora Kátia Abreu (TO), que havia acabado de deixar o Ministério da Agricultura da petista.

Meirelles realmente será candidato?

Neste ano, ainda não há definição se o MDB terá mesmo um candidato à Presidência ou se, mais uma vez, vai se aliar à outra sigla. O presidente Michel Temer tem defendido que os partidos do centro concentrem-se em uma só candidatura. E defende Meirelles.

Há duas semanas, no evento em que o MDB lançou um programa de governo denominado “Encontro com o Futuro”, Temer deu um recado aos emedebistas descontentes.

“Pode haver divergência, mas divergência que será resolvida até a convenção nacional. Mas, vamos parar com essa história de ‘mas eu não, eu vou pra tal lugar, eu não apoio o Meirelles, eu não apoio fulano’. Não pode. Então saia do partido! Não é verdade. Não é possível isso aí. Temos que ter unidade absoluta”.

Temer se referiu a um grupo que, junto a Requião, ensaia uma rebelião interna. O líder é o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), também acompanhado do atual presidente da Casa, Eunício Oliveira (CE), igualmente descontente com o partido. As questões de ambos, porém, são consideradas por demais emedebistas como regionais e solucionáveis até o pleito. “No fim das contas, o Renan sempre dá um jeito na situação dele, e o Eunício dá pra resolver”, falou um cacique do MDB mais afinado com Temer e Meirelles.

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A reportagem tentou, sem sucesso, contato com Requião. Mas pelos corredores do Senado, ele não tem escondido de ninguém que vai sim insistir na candidatura e disputar no voto a preferência dos correligionários emedebistas com quem quer que seja.

A convenção nacional do MDB, onde o futuro eleitoral será definido, deve ocorrer no fim de julho. Os partidos têm até 15 de agosto para registros de candidaturas na Justiça Eleitoral.

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