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O empresário Marcelo Odebrecht afirmou, nesta quarta-feira (11), à Justiça Federal que os e-mails entregues por ele no processo contra Luiz Inácio Lula da Silva confirmam caixa 2 e envolvimento de aliados do petista na compra de um terreno que abrigaria o Instituto Lula, em São Paulo, em 2010, no valor de R$ 12 milhões, em nome de uma empresa “laranja” parceira. Odebrecht foi ouvido como colaborador no processo da Operação Lava Jato, em que Lula e ele são réus acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.

“Eu avisei a (José Carlos) Bumlai e tinha avisado também Paulo Okamoto (presidente do Instituto) que eu não faria nada sem autorização do ‘Italiano’, em outros e-mails fica evidente isso. Porque o dinheiro ia sair da conta do ‘Italiano’”, afirmou Odebrecht.

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“Italiano” era o codinome do ex-ministro Antonio Palocci (governos Lula e Dilma Rousseff), que gerenciou um caixa de R$ 200 milhões, conforme ele mesmo confessou em juízo, colocado à disposição pela empresa à Lula, decorrente do acerto entre ele e o patriarca do grupo, Emílio Odebrecht – também delator. Internamente o empresário disse que não tratavam como “conta Italiano” – “isso veio com a Lava Jato”.

“Era a conta do PT, assim que a gente chamava.”

Em fase final, o processo é o próximo da Lava Jato originária, em Curitiba, em que Lula vai ser sentenciado. Condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em segunda instância no caso triplex do Guarujá – que envolve R$ 3,2 milhões de propina da OAS -, o ex-presidente está preso desde sábado, 7, em uma “cela” especial na sede da Polícia Federal, na capital paranaense.

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Odebrecht passou parte de sua pena em regime fechado – que agora cumpre em casa – na carceragem da PF em Curitiba. Como delator, entregou dezenas de mensagens de e-mail no início do ano nesse processo que corroborariam sua delação premiada. Nela, confessou ter comprado o imóvel, por intermédio da DAG Construtora, para dar a Lula, após acerto com o pecuarista Bumlai, amigo de Lula com livre acesso ao Planalto, durante os governos, e o advogado e compadre Roberto Teixeira – também réu nessa ação.

Odebrecht reforçou no depoimento que Teixeira e Bumlai teria sido os principais negociadores da compra do terreno. “Era um pacote fechado”, disse o delator sobre o envolvimento de Teixeira, compadre e e sogro do advogado de Lula, Cristiano Martins.

As mensagens, segundo o delator, foram trocadas à partir de julho de 2010 e foram intensificadas em setembro e tem registros do ‘Drousys’ – sistema de informática para comunicação do setor de propinas da empreiteira – e o ‘MyWebDay’ – software desenvolvido pela empreiteira para gerenciar contabilidade paralela.

Confirmou, por exemplo, e-mail de 7 de julho de 2010 e conversas com o executivo do grupo Paulo Mello e Bumlai, que trataram da forma de pagamento. Pelo menos R$ 3 milhões saíram do Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina da Odebrecht.

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O empresário apontou que o envolvimento de Marcos Grillo, identificado nos e-mails nas tratativas, confirma que o negócio envolvia caixa-2. “Marcos Grillo era quem gerava o caixa-2.”

Outro e-mail destacado de 9 de setembro de 2010, Odebrecht afirma: “Eh uma conta que HS mantem e debita a 3 fontes distintas”.

Segundo os advogados do empreiteiro, o e-mail ‘esclarece que “conta” se refere à “Planilha Italiano”, o que corrobora a afirmação de que os valores foram debitados daquela “conta corrente”, que, à época, tinha justamente 3 fontes, pelo que o colaborador pode recordar’. Uma delas era o setor de propinas.

“As coisas eram conduzidas de forma meio irresponsável”, disse Odebrecht

Discussão

A audiência iniciou com uma discussão entre Moro e a defesa de Lula. O advogado Cristiano Martins. defensor, questionou o magistrado quando ele abria a sessão e informava que designou a oitiva adicional a pedido da defesa e foi interrompido: “A audiência não foi pedida pela defesa”.

Moro disse que o advogado deveria “estar de brincadeira” e disse que a petição era clara.

Zanin alegou não ter tido acesso a documentos dos arquivos de comunicação secreta da Odebrecht, de sua delação, e por isso não faria questionamentos. Houve discussão e Moro seguiu a sessão.

“Eu vou prosseguir a audiência.”

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