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Jair Bolsonaro, do PSL, procura alguém para compor sua chapa presidencial: ele já recebeu três “nãos”. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Jair Bolsonaro, do PSL, procura alguém para compor sua chapa presidencial: ele já recebeu três “nãos”.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Com um dos argumentos de que vice "só conspira", o deputado petista Vicente Cândido (SP), que foi o relator da reforma politica há um ano, tentou acabar com esse cargo. Ele incluiu a extinção dos vices, de prefeitos a presidente da República, no seu relatório final, mas foi derrotado na comissão especial que votou seu texto. Assim, os vices persistem. E estão em falta no mercado, a julgar pela dramática dificuldade de os presidenciáveis em encontrar um companheiro de chapa nas eleições deste ano.

Cândido jurava que nada tinha de pessoal na sua vontade de acabar com os vices. Não se tratava de qualquer vingança contra a ação de Michel Temer para derrubar a titular do cargo, a também petista Dilma Rousseff. À época, o relator argumentou também que manter esse cargo era jogar dinheiro fora. Pelos cálculos do relator os cargos de vice geram custos de R$ 500 milhões – meio bilhão – por ano no país.

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O seu raciocínio: “temos quase 6 mil vices no Brasil, que devem ter no mínimo mais dois cargos de assessor. Então, temos um exército de 15 mil pessoas que ganham para não fazer nada. Se o vice não faz nada, não tem por que ser assessorado”, dizia Vicente Cândido. 

A ideia surpreendeu. Como assim acabar com os vices? A inspiração veio do México. Foi o que também afirmou o relator naqueles dias. "Professores do México estiveram aqui semana passada e disseram que o país acabou com os vices em 1917, com a constatação de que vice só conspira”, afirmou. 

Por 19 votos a 6, deputados da comissão não quiserem nem saber com essa história de acabar com o vice. E mantiveram o cargo. Os seis votos favoráveis a acabar com os vices foram de deputados do PT, PCdoB e PPS. O destaque para manter o cargo foi apresentado pelo PP, que teve o apoio de legendas do Centrão, entre outras, na empreitada. 

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“Entendo o trauma do Partido dos Trabalhadores (com Temer), mas não acho que todos os vices devam levar a culpa. Defendo a figura do vice por entender a importância da parceria do governo”, provocou o deputado Cacá Leão (PP-BA). 

Talvez seja discutível mesmo o papel do vice. O mais cobiçado entre os candidatos a vice-presidente nesta eleição, o empresário Josué Alencar – filho do ex-vice de Lula, José Alencar – recusou, até agora, convite para compor a chapa com quase todos os principais candidatos, de Lula a Alckmin. E o legado que o pai lhe deixou sobre essa história de ser vice não foi dos mais inspiradores. 

"Relembro o meu saudoso pai, que dizia que o importante na chapa é quem a encabeça. E acrescentava: 'vice não manda nada e deve evitar atrapalhar'", afirmou Josué Alencar, em nota.

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As duas experiências de vice-presidente que assumiram o cargo no país na volta das eleições diretas são diferentes. Itamar Franco assumiu o governo após o impeachment de Fernando Collor, fez uma gestão suprapartidária e deixou o legado do Plano Real. Elegeu-se depois governador de Minas Gerais.

A segunda  experiência é a atual. Michel Temer assumiu com o afastamento de Dilma. Seu governo é errático. É o presidente que tem a pior avaliação no país, o mais impopular da história, com 82% de reprovação, segundo pesquisa do Datafolha de junho. Queixou-se ser um vice "decorativo". Mas talvez não fosse tão rejeitado. 

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