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| Foto: Nelson Almeida/AFP

O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) enviou carta de protesto, nesta terça-feira (8), às direções de jornalismo da Folha de S.Paulo, UOL e SBT. A sigla se queixa da exclusão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da série de sabatinas com presidenciáveis promovida pelos veículos de imprensa.

Na carta, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reivindica que um representante da legenda seja entrevistado, a fim de ‘contemplar as propostas de Lula e do PT’. “Ninguém tem o direito de excluir do debate o maior líder político do país”, diz a senadora. A nota é assinada ainda pelo secretário nacional de comunicação do PT Carlos Henrique Árabe.

As sabatinas começaram nesta segunda-feira (7), com o senador Alvaro Dias, pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Podemos. Outros cinco presidenciáveis serão entrevistados pelos jornalistas. O critério de escolha foi a colocação na última pesquisa de intenção de voto feita pelo Datafolha, divulgada em 15 de abril. Só os mais bem votados, segundo o levantamento, foram convidados.

A exceção foi justamente Lula, que lidera todas as pesquisas feitas até agora por institutos de opinião – inclusive as do Datafolha. A razão para a exclusão é óbvia: o ex-presidente petista não pode participar da sabatina porque está preso desde 7 de abril, na Polícia Federal, em Curitiba, cumprindo a pena de 12 anos e um mês de prisão a que foi condenado pela Lava Jato no processo do tríplex do Guarujá.

Alvaro Dias só foi convidado por causa da ausência de Lula – o senador aparece em 7º lugar no último Datafolha. Os próximos sabatinados serão Marina Silva (Rede), em 11 de maio, e Ciro Gomes (PDT), no dia 21. Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB) ainda não confirmaram a participação.

Gleisi diz que o fato de Lula encontra-se “injusta e ilegalmente preso” não exclui o PT do debate eleitoral. “Ao contrário, nenhum outro candidato desperta tanto interesse quanto Lula, que continua liderando as pesquisas mesmo depois da prisão arbitrária”

Na carta, a senadora petista reitera a disposição do partido de registrar a candidatura de Lula à Presidência da República na Justiça Eleitoral até 15 de agosto, conforme prazo pré-determinado, já que ele “mantém seus direitos políticos”.

“Lula está preso, mas suas ideias continuam livres, nos corações e mentes de milhões de brasileiros que o apoiam. Nenhum debate eleitoral será democrático e verdadeiramente jornalístico se não contemplar as propostas de Lula e do PT”, conclui a líder petista.

Os veículos de comunicação não se manifestaram sobre o pleito do partido.

Da prisão, Lula envia carta à Frente dos Prefeitos

Lula enviou uma carta à organização da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) para suprir a ausência de um “representante” da candidatura do PT no evento promovido nesta terça-feira (8) pela entidade, que reuniu 11 presidenciáveis em Niterói (RJ). “Soube que, infelizmente, houve alguns desencontros e não foi possível a apresentação de um representante da candidatura do PT, por isso lhes envio essa carta”, escreveu o petista.

“Antes de eu ser eleito presidente da República em 2002, a Marcha Nacional de Prefeitos chegou a ser recebida com cachorros e tropa de choque em Brasília por presidentes que só buscavam os prefeitos no período eleitoral. No meu governo criei uma sala permanente de atendimento aos prefeitos no Palácio do Planalto”, continua. “E garanto: nenhum governo atendeu tão bem os prefeitos quando das gestões onde fui presidente.”

O ex-presidente não comentou sobre a situação de sua própria candidatura, mas diz que só um governo eleito conseguirá recuperar a economia. “Boa parte do prolongamento da crise econômica vem da crise política, que impediu ou atrasou em 2015 a implementação de medidas necessárias para ajustes e retomada de crescimento”, disse.

Lula ainda elogia algumas vitrines das gestões petistas, como o programa Mais Médicos, e critica a adoção de medidas a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro e a PEC do Teto dos Gastos, que impediria a transferência de mais recursos para áreas como a saúde. “Qualquer candidato que não enfrentar o problema da PEC do teto dos gastos estará enrolando os prefeitos e a população sobre como dar mais apoio aos municípios no financiamento da saúde pública”, criticou. O líder petista ainda lembrou do fim da CPMF, em 2007, que teria sido vendido como “uma derrota de Lula e do PT”, mas que “foi mesmo foi uma derrota do Brasil, das prefeituras, dos brasileiros, que ficaram sem esses repasses para os crescentes gastos com a saúde.”

Questionado sobre a ausência do PT no evento, o presidente da FNP, Jonas Donizette (PSB), explicou que “o PT nos solicitou que fosse enviada representação. Nós não aceitamos. Quero registrar que o pré-candidato do PT mandou uma carta assinada por ele, que vamos depois passar à imprensa e subir no site”, comentou ele, que é prefeito de Campinas.

Metodologia da pesquisa Datafolha

A pesquisa eleitoral do Instituto Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.

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