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| Foto: Mark Scott Johnson /Wikimedia Commons

Lançado oficialmente como candidato ao Planalto pelo DEM nesta quinta-feira (8), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), pode se tornar o primeiro presidente da República nascido fora do Brasil – caso seja eleito. Maia é “chileno”. Nasceu em Santiago, capital do país, em 1970. Na época, o pai dele, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, era exilado político e vivia no Chile.

Embora tenha nascido no exterior, Rodrigo Maia foi registrado num consulado do Brasil naquele país. Por esse motivo, é considerado brasileiro nato e pode ser presidente da República. A Constituição exige que os presidentes sejam brasileiros natos.

Militância comunista está por trás do nascimento de um político de direita

Rodrigo Maia tem boa relação com setores da esquerda e vai investir nisso para ser presidente.Foto: Sergio Lima/AFP

Pai de Rodrigo Maia, Cesar Maia foi militante de esquerda na juventude. Era integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e acabou sendo preso após o golpe militar de 1964.

Cesar Maia exilou-se no Chile em 1968 – onde conheceu a sua mulher, a chilena Mariêngeles. Em Santiago, durante o período do exílio, nasceu Rodrigo Maia e um irmão dele. Após retornar ao Brasil, em 1973, Cesar Maia trabalhou na iniciativa privada e depois ingressou na política – quando já não era mais comunista. O principal cargo que ocupou foi o de prefeito do Rio de Janeiro.

O filho, Rodrigo Maia, aproveitou-se da fama do pai e se candidatou à Câmara pela primeira vez em 1998, quando tinha 28 anos. Foi eleito e desde então sempre consegue a reeleição – já está no quinto mandato. E nunca chegou a ser um campeão de votos: entre os 46 deputados do Rio eleitos em 2014, Maia foi apenas o 29.º mais votado, com 53.167 votos – 8,7 vezes menos que o campeão naquele pleito, Jair Bolsonaro, que obteve 464.572 sufrágios.

Curiosamente, Rodrigo Maia diz ser um liberal e é filiado ao DEM, um dos maiores partidos de direita do país – o completo oposto do comunismo do qual seu pai foi militante e que, indiretamente, levou ao nascimento do atual presidente da Câmara.

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Rodrigo Maia tem bom trânsito com os comunista e diz querer “conversar com todos”

Apesar de ser de um partido de direita, Rodrigo Maia tem bom trânsito entre os comunistas do PCdoB. Em 2017, quando o presidente Michel Temer (PMDB) esteve ameaçado de ser afastado da Presidência devido às denúncias dos donos da JBS, Maia teria costurado com o PCdoB um acordo para tentar assumir o Planalto numa eleição indireta realizada pelo Congresso. E a vaga de vice teria sido ofertada justamente a um comunista: o ex-ministro e ex-deputado Aldo Rebelo, que hoje está no PSB.

Em julho de 2016, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), em entrevista à Gazeta do Povo, resumiu o perfil político de Rodrigo Maia: “É um amigo, um conciliador. Tem consciência do momento e entende que a radicalização não leva a nada. (...) Tem capacidade de pactuar. É defensor de uma economia de mercado sem fechar os olhos para o social. É um opositor [dos partidos de esquerda] moderado e tem uma visão política que vai além desse Fla-Flu que estamos vendo aí”.

Durante o pronunciamento em que aceitou ser candidato a presidente, nesta quinta-feira (8), Maia buscou reforçar essa percepção e disse que será um candidato que vai “conversar com todos (...) sem o antagonismo atrasado da direita e da esquerda”.

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Os possíveis “enroscos” da campanha de Maia: Eduardo Cunha e a Lava Jato

Mas o bom trânsito entre os políticos possivelmente fará Maia ter de dar explicações durante a campanha eleitoral. Até 2015, o atual presidente da Câmara era um deputado um tanto apagado. Foi após o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chegar ao comando da Câmara, naquele ano, que Maia começou a ganhar força dentro do Legislativo. Os dois foram próximos. E, numa manobra, Cunha tirou Marcelo Castro (PMDB-PI) da relatoria da reforma política e a cedeu a Maia. Foi a partir daí que Maia ganhou os holofotes.

Além disso, Rodrigo Maia está envolvido em denúncias da Operação Lava Jato, assim como Eduardo Cunha. O deputado do DEM aparece nas delações dos ex-executivos da Odebrecht por suposta prática de caixa dois nas eleições de 2008, 2010 e 2012. Teria recebido, segundo um ex-dirigente da empreiteira, R$ 600 mil por, entre outras razões, ter atuado numa medida provisória de interesse desses empresários. Maia nega as acusações.

Autor de projetos de lei curiosos: SUS para animais, controle da gordura trans e filtro solar para trabalhadores

Na lista de projetos de autoria de Rodrigo Maia na Câmara dos Deputados, chamam a atenção alguns temas em princípio estranhos para um liberal. Ele defende, por exemplo, que seja criado no país um Sistema Único de Saúde (SUS) para os animais. E justifica com o argumento de que os maus-tratos aos bichos gerou um “holocausto da vida animal” no Brasil.

Outra proposta de Maia quer controlar o excesso do consumo de gordura “trans” e restringir sua comercialização. “Estudos recentes sobre os possíveis efeitos das gorduras trans no organismo mostraram a necessidade de prover informações para que o consumidor tenha a opção de escolher os alimentos que deseja consumir”, explica na justificativa do projeto.

O excesso de sol na pele das pessoas é outro incômodo para Maia. Ele defende que seja incluído na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) a obrigatoriedade de as empresas fornecerem filtro solar para seus funcionários que trabalham expostos ao sol. E o filtro tem de ter, no mínimo, fator de proteção solar número 30.

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