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| Foto: Marcos Santos /USP Imagens

O plano de governo do PT e do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva propõe alterar um dos maiores ganhos da economia brasileira: o regime de metas para inflação. O economista Guilherme Mello, apresentado como formulador de propostas para essa área na pré-campanha petista, defendeu que seja feita uma “reforma monetária”, com flexibilização da meta de inflação, câmbio fixo e alterações na política de juros. 

“Nossa economia é profundamente aberta. E usa-se muito o câmbio para combater a inflação. No fundo, a política de metas de inflação é usar o câmbio (para conter a inflação). O que acontece: você aumenta os juros em momento de baixa liquidez internacional ou de baixa confiança internacional para atrair capital. Isso é uma herança que a gente tem. Para resolver esse problema, nós formamos o regime de metas para inflação mais rígido do mundo. Todos os critérios são extremamente rígidos”, afirmou ele, em evento promovido, nesta quarta-feira (25), pelo Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), em parceria com o Conselho Federal de Economia (Cofecon).

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As propostas apresentadas por Mello se distanciam do que foi praticado por Lula em seus dois governos e apresentado na Carta ao Povo Brasileiro pelo petista em 2002. O regime de metas para inflação estabelece um limite aceitável para a variação anual de preços – hoje está definida em 4,5% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Cabe ao Banco Central usar a taxa básica de juros, a Selic, para manter a inflação dentro dessa meta.

Para Mello, os juros não devem flutuar tanto. “Não é porque quebrou a safra do tomate que você vai ter de aumentar juros. Costumo brincar que juros não é dança da chuva. Se quebrou a safra do tomate, aumentar juros não vai resolver o problema do preço do tomate”, disse o economista, formado pela Unicamp.

O economista petista ainda criticou o Plano Real, criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo Mello, a âncora cambial imposta pelo Real “quebrou o Brasil para reeleger o presidente”.  “O câmbio brasileiro é alvo de especulação, pela taxa de juros e pela abertura comercial”, disse. “A estabilidade da taxa de câmbio em patamar competitivo auxilia a competitividade no Brasil”, defendeu.

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Mello também sugeriu mudanças no pagamento da dívida pública. Para ele, os juros da rolagem da dívida deveriam constituir um fundo, gerido por bancos públicos, para financiar investimentos no país. Defendendo uma agenda de garantia da “soberania nacional” e “desenvolvimento inclusivo e sustentável”, Mello afirmou que o Brasil não deve rumar na direção do “capitalismo tipicamente brasileiro, que exclui e que empobrece”. 

Outras propostas do PT são o fortalecimento dos bancos públicos e das empresas estatais. “A soberania nacional está sendo aviltada por um governo entreguista, que vende nossas empresas e a nossa esperança. Não dá para esperar que o capital internacional venha aqui nos desenvolver”, avalia. 

Um dos chamados “eixos” do plano econômico da campanha petista, segundo Mello, é a revogação do que foi feito pelo governo Michel Temer. Ele citou a PEC do Teto de Gastos, as privatizações, a alteração na obrigatoriedade da Petrobras em ser exploradora única do petróleo do pré-sal.

Vice de Amoêdo defende Estado “em tamanho ideal”  

Dividiu a mesa de debate com Mello o pré-candidato a vice-presidente Christian Lohbauer, do partido Novo, que tem João Amoêdo como presidenciável. Lohbauer disse que se equivoca quem acha que o Novo quer um Estado mínimo. “O Novo é o partido do Estado essencial, que cabe na conta. Ele pode até ser grande, mas tem de caber na conta. Não precisa ser mínimo, mas tem de se pagar”, disse. 

Em sua fala, ele criticou as propostas econômicas de partidos que não consideram o princípio da escassez na economia. Ele também reforçou que será inevitável a realização de uma reforma da Previdência. “(Os economistas das pré-campanhas demonstram) absoluto desconhecimento, não sei se por cinismo ou má-fé, da avaliação do ambiente de escassez. Essa palavra não é conhecida pela maioria dos formuladores. Estamos num ambiente de escassez e é preciso fazer opções”, disse. 

As principais medidas que fazem parte do programa econômico do Novo são a redução dos custos de capital no país, com fortalecimento da iniciativa privada; e o aumento da produtividade. 

“Não dá para fazer puxadinhos para privilegiar setores amigos do poder enquanto o resto luta para sobreviver. O processo de desindustrialização é resultado de decisões equivocadas que foram tomadas no país”, disse Lohbauer. “Precisamos de horizontalismo. Temos de ser impessoal. Quando damos benefício fiscal para algum setor, estamos dando privilégios, e isso é perverso. Alguém paga o pato”, defendeu.

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