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João Vaccari Neto, tesoureiro do PT: pagamento da propina era feito na forma de doação eleitoral para o Diretório Nacional do partido. | Antônio More/Gazeta do Povo
João Vaccari Neto, tesoureiro do PT: pagamento da propina era feito na forma de doação eleitoral para o Diretório Nacional do partido.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

O empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia – réu e delator da Lava Jato – disse nesta segunda-feira (8) que sua empreiteira e outras que formavam o cartel que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014 pagavam propinas “porque eram instados a colaborar”.

Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, na condição de testemunha arrolada pela Procuradoria da República na ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil dos Governos Lula e Dilma) são réus por suposta lavagem de dinheiro, o empreiteiro relatou que 1% do valor de contratos com a estatal petrolífera era destinado a agremiações políticas, segundo ele o PP e o PT. Ele afirmou que nunca chegou a “tratar desse assunto” com Palocci e nem com Lula.

“Eu diria que se pagava propinas porque nós éramos instados a colaborar, tanto para o PP, através do diretor Paulo Roberto (Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal), através do José Janene (ex-deputado paranaense apontado como o mentor do esquema de propinas na Petrobras), isso depois ficou a cargo do Alberto Youssef (doleiro). E à Diretoria de Serviços, que ficava uma parte dentro da ‘Casa’, como eles chamavam, dentro da própria companhia (Petrobras), com o (Pedro) Barusco. Eventualmente, pode ser o diretor (Renato) Duque. E uma parte pro João Vaccari (ex-tesoureiro do PT), que era para o Partido dos Trabalhadores.”

“Porque se pagava isso é porque nós éramos cobrados”, afirmou o empresário que fez delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. “Eu encaminhava (a propina) através dessas pessoas que eu falei, eu tinha contato com o João Vaccari, como tinha com o José Janene (morto em 2010), e depois Alberto Youssef tomou iniciativa de substituir durante um período, mas não conseguiu.”

Ao final do depoimento, Moro fez perguntas a Ricardo Pessoa:

Moro: “Era com o sr. João Vaccari que o sr. tratava?”

Pessoa: “Sim, senhor.”

Moro: “As contribuições políticas, o sr. mencionou repasse de valores aos partidos políticos que apoiavam os diretores (da Petrobras), isso?”

Pessoa: “Exatamente, excelência.”

Moro: “As tratativas se deram com o sr. Vaccari?”

Pessoa: “Sempre.”

Moro: “Chegou a tratar desse assunto com o sr. Antonio Palocci?”

Pessoa: “Nunca, senhor.”

Moro: “Chegou a tratar desse assunto com o ex-presidente Luiz Inácio?”

Pessoa: “Não, senhor.”

Moro: “Esses valores repassados, a parte política através do sr. João Vaccari, ia para a direção nacional do partido?”

Pessoa: “Na grande maioria para o diretório nacional, sede em São Paulo.”

Moro: “Sabe a destinação disso, dentro do Diretório Nacional, se ia para a campanha? Para onde?”

Pessoa: “O que me era dito era sempre para reforçar o caixa das campanhas, mas a grande maioria das contribuições era feita fora das campanhas.”

Moro: “Também repassou valores em propinas de contratos da Petrobras para campanhas presidenciais?”

Pessoa: “Não, senhor.”

No início da audiência, a defesa do ex-presidente Lula disse que iria também fazer a gravação do áudio, como foi o procedimento da Justiça Federal. Não houve gravação de vídeo para proteger a imagem dos depoentes.

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