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| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A advogada Roberta Maria Rangel, mulher do ministro do Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e a ministra Isabel Gallotti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também aparecem entre os nomes de contribuintes citados pela Receita Federal na investigação que mirou 134 agentes públicos.

A reportagem teve acesso a uma lista com parte dos nomes que aparecem no material produzido pela Equipe Especial de Programação de Combate a Fraudes Tributárias (EEP Fraude), grupo criado no Fisco para fazer uma devassa em possíveis irregularidades tributárias envolvendo agentes públicos.

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Para escolher os agentes a serem alvo, a EEP mapeou os agentes públicos com base em filtros, entre eles, o patrimônio superior a R$ 5 milhões, aumento patrimonial acima de R$ 500 mil no ano anterior, movimentação em espécie acima de R$ 500 mil ou valor de rendimento isento acima de R$ 500 mil. Além do próprio contribuinte, o mesmo foi utilizado para parentes de 1º e 2ª grau, sócios e pessoas jurídicas com algum tipo de relação.

Após esse primeiro filtro, a Receita encaminhou o material para a região fiscal onde o contribuinte tem residência. No documento em que estão elencados os nomes dos alvos, o Fisco explica que “cada situação analisada pode ter uma situação particular, não havendo uma fórmula única nem um conjunto de indícios determinados para decidir-se pela abertura de um procedimento fiscal”.

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“A metodologia ora apresentada visou a identificação de indícios, que não prescindem de um aprofundamento em Âmbito regional, ainda em sede de programação”, diz trecho da nota técnica que explica a atuação do grupo.

A atuação da Receita e a criação do EEP Fraude têm sido criticadas desde o vazamento da documentação relacionada ao ministro Gilmar Mendes produzida pelos auditores do grupo. Após o vazamento, congressistas e ministros do STF passaram a discutir um projeto de lei com o objetivo de limitar os poderes de atuação da Receita Federal.

A força-tarefa criada pelo Fisco para mapear agentes públicos com indícios de irregularidades tributárias selecionou 134 pessoas de um universo de 800 mil. “Não existe foro privilegiado na Receita Federal”, afirmou à época da criação do grupo, em maio de 2018, o subsecretário de Fiscalização da Receita, Iágaro Jung Martins.

Parentes, cônjuges e empresas viram alvos

A Receita se valeu da experiência adquirida na Lava Jato e em outras grandes operações para fazer a devassa em possíveis irregularidades tributárias praticadas por agentes públicos. Um dos métodos utilizados foi o de não mirar apenas o contribuinte, mas também parentes, cônjuges e empresas com algum tipo de relação.

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Em julho do ano passado, a mulher de Toffoli havia sido citada em reportagem da revista Crusoé. De acordo com a revista, o ministro recebe uma mesada de R$ 100 mil de Roberta Maria Rangel. Os repasses, segundo a reportagem, sairiam de uma conta de Roberta no banco Itaú com destino a outra mantida em nome do casal no banco Mercantil do Brasil. Os repasses, de acordo com a publicação, foram realizados ao menos desde 2015 e somam R$ 4,5 milhões.

A ministra Isabel Galotti, por sua vez, é casada com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues. A reportagem entrou em contato com os gabinetes da ministra Isabel Galotti e do ministro Dias Toffoli, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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