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| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Quatro meses depois de ter deflagrado a maior crise política do governo Michel temer, o empresário Joesley Batista, dono do Grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, diz em entrevista à revista Veja que ainda tem dificuldades para sair na rua e encarar o olhar das pessoas. Acha que hoje sua imagem é a de alguém que cometeu uma série de crimes e não foi punido.

“Esse negócio de virar colaborador da Justiça é muito novo para todo mundo. Um delator não “faz” uma delação simplesmente, ele vira uma chave. Muda sua forma de pensar, de agir. Aqueles amigos que você tinha já não servem mais. Se você mudou realmente, você muda de grupo e passa a enxergar as coisas sob outro ângulo”, afirmou ele em conversa com a jornalista Thaís Oyama.

De fato, a delação premiada de Joesley, do irmão Wesley Batista e de outros executivos do grupo, como o lobista Ricardo Saud, impactou também na vida empresarial e particular do empresário. Logo que as primeiras notícias das gravações comprometedoras feitas com o presidente Michel Temer, o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures e o senador Aécio Neves (PSDB) vieram a público, Joesley viajou com a família para fora do país. Temia o que estava por vir após denunciar o alto escalão da política nacional – ou exatamente 1.829 candidatos eleitos, de 28 partidos diferentes, que foram “ajudados” financeiramente pela JBS, tanto via doações oficiais quanto por meio de recursos não contabilizados, o famoso caixa 2.

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À Veja, o empresário tentou justificar sua conduta pré-delação. “Nós somos empresários e os empresários estão subordinados ao Estado. Se os mandatários do Estado negociam com você daquela forma, você acaba achando que opera dentro de um padrão de normalidade. A gente vai ficando anestesiado.”

Mas ele reconhece que o fazia não era acerto. “Descobri que eu era um criminoso”, diz. “A primeira vez que a polícia fez busca e apreensão na minha casa foi em 1º de julho de 2016. Graças a Deus eu não estava, tinha acabado de chegar de uma viagem internacional com a minha família. Mas, como tenho câmeras de segurança lá, acessei pelo celular e assisti ao vivo àquele monte de gente andando no meu quarto, pelos corredores. Olhava aquilo parado, congelado. Não é uma coisa com que você esteja acostumado, e eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Da mesma forma, acho que a grande maioria dos políticos e dos empresários ainda não entendeu o que está acontecendo”, completa.

Joesley quer crer que ainda poderá sair de casa sem ser apontado como um fora da lei. Acredita que a sociedade ainda vá lhe agradecer por ter ajudado a desmontar esquemas de corrupção na política tão logo as informações que prestou à Justiça sejam aprofundadas por investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Na entrevista à Veja, o empresário diz desconfiar que o governo Temer operou, sem sucesso, para impedir sua delação. “Esse Temer que você vê na televisão é falso. O Temer verdadeiro é o que eu gravei. Aquele Temer que fala sem cerimônia”, afirma. Segundo o empresário, o presidente “sempre foi muito direto, ele pedia dinheiro mesmo.”

A entrevista completa pode ser conferida na edição de Veja deste fim de semana.

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