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| Foto: Atila Alberti/Gazeta do Povo

O juiz federal Sergio Moro disse nesta quinta-feira (26) que a falha no sistema de Justiça do país explica, em parte, o escândalo das malas de dinheiro encontradas pela Polícia Federal em um apartamento ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima.

O magistrado citou a ficha corrida do político baiano, que esteve envolvido em escândalos de corrupção desde a década de 1990. “Será que se o sistema tivesse dado uma resposta naquela época, teríamos esse apartamento com R$ 51 milhões?”, questionou.

Moro discursou em um seminário realizado nesta quinta-feira (26) na Associação Médica do Paraná. O tema da palestra foi Compliance e seus reflexos na saúde - a responsabilidade dos gestores, entidades e prestadores de serviços.

O juiz, que conduz as investigações da Lava Jato em Curitiba, disse ainda que o sistema de Justiça brasileiro sempre foi “extremamente frágil” em relação a pessoas poderosas, o que, segundo ele, é inconsistente com uma democracia.

“A Lava Jato se insere nesse mesmo contexto. Sequer o juiz imaginava os resultados que foram alcançados”, disse em relação ao número de empresários, políticos e agentes públicos responsabilizados. Para Moro, houve uma pequena mudança no quadro anterior de impunidade. “Houve uma mudança desse quadro de impunidade generalizada. Houve pelo menos uma redução na impunidade”, disse.

Mas, segundo Moro, ainda há muito que se avançar. Para o magistrado, o sistema judicial no país precisa avançar para transcender a Lava Jato. “Se a regra for a impunidade, o que acontece é uma progressiva erosão da confiança das pessoas no sistema de Justiça e, em última análise, na democracia”, disse.

Esse quadro, segundo o juiz da Lava Jato, traz à tona o pensamento autoritário, que deve ser combatido. “Quando a corrupção é sistêmica e disseminada o que se tem é uma afetação geral na confiança e isso é que vai gerando descrédito no regime democrático, isso que vai gerando na cabeça de algumas pessoas, de uma maneira equivocada, alguma espécie de saudosismo quanto a soluções autoritárias. Isso nós temos que enfrentar para que nós salvaguardemos não só nosso bem estar econômico, mas igualmente o próprio regime democrático”, disse.

Sobre investigações que envolvem pessoas com foro privilegiado, Moro foi claro: “O caso não se acaba enquanto não for devidamente esclarecido e essas pessoas forem efetivamente responsabilizadas, se de fato receberam esses valores e isso for provado”.

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