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O ex-ministro dos governos Dilma e Temer e ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) afirmou, nesta quinta-feira (6), durante audiência de custódia, que sempre cooperou com a Justiça e se disse “surpreendido” com sua prisão preventiva. Ele negou ter sido “maltratado” durante o ato de seu encarceramento e alegou não ter tido “tratamento diferenciado”. A detenção dele foi decretada pelo juiz federal da 10ª Vara Federal em Brasília, Vallisney de Oliveira, na segunda-feira (3), no âmbito da “Operação Cui Bono?”. Ele está preso no presídio da Papuda, no Distrito Federal.

“Tudo isso pra mim aqui é uma surpresa. Tenho 58 anos de idade e não tinha nenhum tipo de problema. Coopero com a Justiça e sempre cooperei. Tudo que eu fiz foi sob orientação dos meus advogados. Tenho crença inabalável que em nenhum momento eu tomei nenhuma atitude que pudesse ser interpretada como um embaraço à Justiça”, relatou.

A prisão é de caráter preventivo e tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos, em acordo de colaboração premiada.

Os procuradores afirmam que Geddel tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o próprio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Para isso, segundo os investigadores, tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.

Por meio de seu advogado, Bruno Espiñeira, Funaro fez chegar à PF “impressos de ligações” recebidas pela esposa do doleiro via WhatsApp. As ligações foram feitas por um certo “Carainho”, que, segundo os investigadores, é Geddel. O ex-ministro admitiu que fez ligações para ela, mas não com o intuito de obstruir a Justiça.

”Acabei de dizer que nesta ligação se tratou exatamente: ‘como vai você?’, porque é o mínimo. ‘Sua família está bem?’ Não se tratou de marido dela, de esposo dela, nada disso”, afirmou Geddel durante o depoimento. Questionado a respeito de quantas ligações fez a Raquel Pitta, esposa de Funaro, o ex-ministro relatou que conversou com ela “mais de dez vezes”. Sempre, segundo o peemedebista, o teor era o mesmo: “Isso: ‘Como vai? Tudo bem?’ Ela me ligava”.

Liberdade negada

Também nesta quinta, Vallisney decidiu manter a prisão preventiva de Geddel. O juiz Oliveira reiterou que há indícios de autoria e materialidade de crime que justificam a prisão preventiva, além do pressuposto de preservação da ordem pública. “O argumento mais forte que levou a decretar a prisão foram esses telefonemas [feitos para a esposa de Funaro]. Isso me pareceu grave. Pode haver uma certa influência, algo que possa prejudicar o resultado do processo”, afirmou o magistrado.

O advogado de Geddel, Gamil Föppel, havia pedido a revogação da prisão preventiva e a conversão dela em medidas cautelares alternativas, como uso de tornozeleira. O defensor argumentou que, nos últimos dias, o Supremo soltou pessoas investigadas em outros processos – como o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, acusado de receber uma mala com R$ 500 mil da JBS para o presidente Temer, e parentes do senador Aécio Neves (PSDB-MG), também acusado de corrupção – e pediu tratamento semelhante para seu cliente.

Föppel sustentou ainda que os registros de ligações entregues por Funaro –”prints” da tela do celular da esposa – não passaram por perícia e não podem usados como prova, e que a mulher do corretor de valores não foi ouvida pela Polícia Federal.

Além de decidir manter a prisão, o juiz determinou que a PF ouça, com urgência, a mulher de Funaro sobre os telefonemas e realize uma perícia no telefone dela para analisar a autenticidade das ligações.

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