O general da reserva Antônio Hamilton Mourão, que ficou conhecido nacionalmente no ano passado por aventar a possibilidade de uma intervenção militar para resolver a crise política do Brasil, voltou a dar fortes declarações, nesta quarta-feira (13), em palestra para mais de 150 pessoas na Associação Comercial do Paraná, em Curitiba. Ele afirmou que o Exército poderá ser acionado caso sejam registrados indícios de fraudes nas eleições deste ano, disse que os problemas do Brasil têm origem na cultura indígena e africana e sugeriu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso na capital paranaense para cumprir a pena imposta pela Lava Jato, deseja se tornar um mártir, como Getúlio Vargas.
Ao abrir o microfone para perguntas, Mourão foi questionado pela plateia se não estaria na hora de uma intervenção militar. A plateia era formada, na maioria, por militares. Ele pediu calma aos companheiros de armas e afirmou que o melhor caminho para mudar o país é a via direta.
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“O Brasil de hoje não é o do 1964 [ano do golpe militar]. A sociedade é muito mais complexa. Não podemos cair em uma aventura”, disse, antes de defender a candidatura a presidente do deputado Jair Bolsonaro (PSL). “Temos que eleger um presidente comprometido com essas mudanças, honesto e integro. E essa pessoa é Jair Bolsonaro.”
Segundo o general, tem muita gente dentro do PT que está “louca” para que o Exercício use a força e faça uma intervenção para melar as eleições. “O objetivo deles: se tornar mártires”, disse. “Temos que solucionar a crise por dentro e não pelo uso da força”.
Questionado sobre a possibilidade de fraudes na urnas, Mourão falou que os militares têm de confiar e participar do processo eleitoral. Porém, se houver fraudes, isso justificaria uma intervenção militar. Ao fim, concordou que há sim dúvidas sobre a lisura do voto eletrônico. “Tem que mudar isso”, afirmou, alinhando com o que pensa Bolsonaro sobre o assunto.
Lula e os índios
Mourão sugeriu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso na capital paranaense para cumprir a pena imposta pela Lava Jato, deseja se tornar um mártir, como Getúlio Vargas. Getúlio se suicidou em agosto de 1954, após uma grave crise política que desestabilizou o seu governo. Com o gesto, a imagem de ‘pai dos pobres e dos trabalhadores’ suplantou a do ‘ditador’ que comandou o país por 15 anos após um golpe de Estado.
Ao falar sobre o tema ‘Os desafios de uma nação’, Mourão criticou o que chamou de heranças culturais do Brasil. “Não é o ambiente, é a raça brasileira”, afirmou, falando da suposta indolência de indígenas e da malandragem herdada, segundo ele, dos africanos.
“Temos a herança da indolência, o índio é indolente, gosta de ficar na rede. Pode olhar para mim aqui que eu sou descendente direto de indígena, é só colocar um cocar na minha cabeça, uma canga e vou aí protestar”, disse, arrancando risos da plateia. Ele citou também a cultura dos privilégios, vinda da Península Ibérica.
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Disse que a elite brasileira não tem convicção de país e que permite a mediocridade e o empobrecimento moral. “As nossas elites aceitam placidamente que nossa cultura seja formada por Anitta, Pablo Vittar e Jojo Todynho”, atacou.
Mourão elencou medidas necessárias para, na sua visão, superar os problemas do país. Entre elas, revisão do pacto federativo e do direito de greve, retirada da ideologia da escola e das universidades, incentivo ao livre mercado e defesa da democracia. “Seria o parlamentarismo uma solução para isso tudo [os problemas do país]”, indagou, encerrando a exposição.
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