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 | Lucio Tavora/AFP
| Foto: Lucio Tavora/AFP

Uma lancha naufragou em Salvador na manhã desta quinta-feira (24) na Baía de Todos-os-Santos. Dezoito corpos já foram resgatados (inicialmente a Marinha havia informado que eram 22). De acordo com a Astramab (Associação de Transportadores Marítimos da Bahia), entidade que reúne donos de embarcações, a lancha Cavalo Marinho 1 tinha capacidade pra 162 pessoas.

As primeiras informações da Capitania dos Portos apontam que 21 pessoas feridas foram resgatadas e outras 22 morreram no acidente. Ainda não é possível dizer quantas pessoas estavam a bordo. As previsões iniciais apontam 130 passageiros. A travessia das lanchas, que demora cerca de 40 minutos, foi suspensa.

Um dos sobreviventes do naufrágio relatou ter sido coberto pela embarcação durante o acidente, que ocorreu sob chuva forte. Matheus Ramos, 23, conta que estava sentado mais próximo ao mar e que a lancha virou por cima dele. “Fui atingido no ombro esquerdo. Quando emergi, dei de cara com uma lona e tive que rasgá-la para poder respirar.”

O pai do rapaz, o teólogo Marival Ramos, 51, havia pego uma lancha diferente, apenas meia hora antes da que o filho embarcou. Ao saber do acidente, correu para o terminal marítimo. “É um alívio muito grande vê-lo bem.”

O estudante de engenharia da computação em uma faculdade privada em Salvador, Felipe Marques da Silva, 22, foi outro que se salvou. Ele estava dormindo na parte interna da lancha quando sentiu ela virar. “Entrou muita água de vez, a parte interna encheu quase toda. Tive sorte que estava perto de uma janela e consegui sair”, disse o estudante.

Ele conta que conseguiu vestir um colete salva-vidas e permaneceu junto a outros sobreviventes. Eles foram arrastados pela maré e foram salvos por um barco de pescadores depois de ficarem cerca de uma hora à deriva.

Após ser resgatado sem ferimentos, foi direto para casa. Os pais, que tinham viajado para uma cidade próxima, retornaram ao saber do acidente. “Quando cheguei em casa ele estava lá, sozinho, corando muito. Para nós foi um alívio”, diz a mãe de Felipe, a comerciante Ana Dantas, 37.

Apreensiva, diz que o filho vai deixar a faculdade em Salvador -Luis faz o trajeto entre Vera Cruz e Salvador de Lancha todos os dias para assistir as aulas. “Não vamos deixar ele continuar, é um medo que vai ficar”, diz

O naufrágio ocorreu por volta das 6h30 no momento em que a lancha deixava Mar Grande, no município de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador.

No horário, o público mais comum na travessia é de trabalhadores e de estudantes que passam o dia na capital baiana. A Marinha e a Capitania dos Portos estão no local do acidente para auxiliar o Corpo de Bombeiros no resgate às vítimas.

Eduardo Aguadê 65, é um dos sobreviventes. Ele conta que a chuva e os fortes ventos fizeram entrar água na embarcação. A lancha virou e eles caíram na água. A maioria conseguiu subir em botes que também caíram na água. Ele ajudou um idoso que estava segurando-se numa mochila e diz que o resgate demorou –os dois ficaram cerca de duas horas à deriva.

O mau tempo na região tem deixado o mar agitado durante toda a semana. Na quarta-feira (23), as travessias no local onde houve o acidente chegaram a ser interrompidas.

Familiares de sobreviventes e de desaparecidos aglomeram-se em frente a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Vera Cruz, na ilha de Itaparica. Um homem, abalado, aguarda informações sobre o filho que está desaparecido. Parentes no local criticam a falta de informações sobre as vítimas.

O naufrágio na Bahia ocorre quase dois dias após uma outra embarcação, no Pará, afundar com dezenas de pessoas a bordo.

Condolências

Em nota oficial, o presidente Michel Temer “lamentou profundamente as perdas trágicas”, manifestou solidariedade às famílias das vítimas e colocou a estrutura do governo federal para ajudar na busca de sobreviventes.

“As providências para apurar as causas dos acidentes e punir os responsáveis estão sendo tomadas, em todas as três esferas de governo”, disse.

O presidente também lamentou o naufrágio na terça-feira (22) de um barco no rio Xingu, no Pará. Segundo o Corpo de Bombeiros, houve 23 sobreviventes e 21 corpos foram resgatados.

O governador Rui Costa (PT) decretou três dias de luto oficial, contados a partir desta quinta, por conta da tragédia.

Rui lamentou o acidente e informou que todos os esforços estão sendo feitos para dar apoio aos atingidos pelo naufrágio. “Manifesto minha solidariedade aos familiares. Todas as forças do governo do Estado estão mobilizadas para dar assistência e prestar socorro às vítimas”, afirmou.

O mesmo protocolo foi cumprido pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). “Neste momento de profunda dor, presto minha solidariedade às vítimas e seus familiares e, ao mesmo tempo, informo que todos os órgãos da prefeitura estão envolvidos para ajudar no atendimento social, psicológico e nos primeiros socorros às pessoas.”

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