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 | Geraldo Magela/Agência Senado
| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Irritado, pressionado e temeroso. Assim o presidente Michel Temer fez um pronunciamento e apresentou uma série de medidas para acabar com a paralisação dos caminhoneiros, que caminha para o nono dia. 

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Acatou reivindicações de uma classe que vinha ignorando desde o ano passado. Mas as resoluções tinham como objetivo muito mais que retomar a normalidade no país. O caos social migrou para o campo político. E ai Temer foi convencido a agir sem demora. 

Um país parado. Filas. Desabastecimento. Voos cancelados. Falta de gêneros alimentícios. Cobertura da imprensa em tempo real. Redes sociais praticamente monotemáticas. Uma chuva de críticas e reclamações. Uma greve a caminho do nono dia. Pressão. 

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Um presidente com as maiores taxas de desaprovação e impopularidade desde a redemocratização. Um governo em estado de alerta. Temor de um retorno a junho de 2013 nas ruas. Mas medo maior de uma repetição de 2016 no Congresso. 

O presidente Michel Temer vive a maior crise política do seu curto governo. Os sucessivos erros na condução das negociações com os caminhoneiros, admitidos em conversas reservadas por seus interlocutores, fragilizaram ainda mais uma realidade já abalada. 

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Após ver o movimento dos caminhoneiros crescer e ganhar proporções que ele e seu governo não conseguiram prever, o presidente se fechou em reuniões, onde recebeu atualizações da situação em todo o país praticamente minuto a minuto. 

Mas o celular dos ministros que o acompanharam ao longo de todo o fim de semana - e fizeram papel de mensageiros - não traziam só novidades sobre o estado das estradas e o abastecimento de várias cidade. Junto com os relatórios que auxiliares apresentavam, cobranças e ameaças. Aliados pediam breve solução. Houve quem chegasse a falar em se voltar contra o governo em votações no Congresso.

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É ano de eleições. Desordens não caem bem a nenhum governante. Deputados e senadores sentiram-se pressionados em seus redutos eleitorais no fim de semana. Eleitores, afetados diretamente com a greve, reclamaram. "E, nessas horas, sobra pra qualquer político. Você pode nem ser da base, mas vai ouvir e será cobrado", relatou um ministro que recebeu uma série de mensagens no whatsApp e diversas ligações. 

"Houve quem, pressionado pela situação de caos, chegasse a falar em sair da base governista caso a solução demorasse mais tempo", disse outra pessoa presente nas sucessivas reuniões que tomaram o quarto andar do Palácio do Planalto desde semana passada. 

Ou tem apoio do Congresso, ou acaba como a Dilma

A greve abalou a já combalida imagem de Temer. Mas as ameaças de ter apoio reduzido no Congresso o sensibilizaram. "Um presidente sem apoio congressual acaba como a Dilma (Rousseff)", destacou um outro ministro. 

Essa semana é considerada determinante. A proposta de reoneração da folha de pagamento de diversos setores precisa ser votada logo. Está no Senado. Mas rodeada de uma série de polêmicas e pontos com os quais o Planalto não concorda, pode ter sua discussão alongada. A base governista será testada. A orientação do Planalto é votar, e rápido. 

Se demorar a ser aprovada, a equipe econômica de Temer acredita que vai precisar aumentar impostos. Se a população for mais afetada economicamente, muitos aliados correm risco em seus redutos. Um estica-e-puxa de todos os lados.

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