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| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, minimizou os votos favoráveis à denúncia contra o presidente Michel Temer na sessão da Câmara dos Deputados de quarta-feira (2) e informou que a expectativa do governo é aprovar até outubro a reforma da Previdência e até, no máximo, novembro a reforma tributária.

“A tributária vai depender de ela ser apresentada, mas claramente se espera que seja neste ano (...) A Previdência em outubro e a tributária idealmente até outubro, mas se for novembro também, tudo bem”, afirmou o ministro ao ser questionado sobre o prazo da aprovação das reformas.

O placar da sessão que votou na quarta-feira a denúncia contra Temer, feita pela Procuradoria-Geral da República, mostrou apoio ao presidente suficiente para barrar o processo, mas não o bastante para aprovar matérias que dependem do apoio de dois terços do Congresso, caso da reforma da Previdência.

Meirelles avaliou, porém, que a sinalização dada na quarta pelos deputados não foi “necessariamente negativa”, considerando que a rejeição ao governo não significa falta de apoio às reformas. “Reforma dessas, como a trabalhista ou a da Previdência, não é simplesmente uma questão de quem é a favor ou contra o governo. Vai além disso. Acreditamos ainda assim na viabilidade da aprovação”, comentou Meirelles, em entrevista à imprensa concedida após participação em evento do Goldman Sachs na capital paulista.

Segundo ele, a expectativa é que a reforma da Previdência seja votada antes da tributária. Ele ponderou, contudo, que o governo está trabalhando duro na reforma tributária, que será apresentada ao Congresso em breve. “Se até lá a Previdência não tiver sido votada, a gente pode perfeitamente votar a tributária primeiro”, informou.

Questionado se haverá mais concessões na reforma que muda as aposentadorias, Meirelles respondeu que o relatório aprovado pela comissão especial da Câmara, que já reduziu em 25% a economia prevista na proposta original encaminhada pelo Executivo, está “a principio” adequado. “Achamos que funciona, mas não há muita margem para baixar isso”.

Temer sonda base sobre disposição de votar reforma da Previdência

O presidente Michel Temer reservou sua agenda de compromissos nesta quinta para agradecer o apoio de parlamentares governistas à sua permanência no cargo e para medir a temperatura na base aliada sobre a possibilidade de votar a reforma previdenciária.

A intenção do peemedebista é votá-la em primeiro turno na primeira quinzena de setembro e finalizá-la na Câmara e no Senado até o final de outubro. No entanto, há resistências entre deputados governistas ao conteúdo da proposta aprovada, em maio, em comissão especial.

Nos encontros, segundo relatos de presentes, o presidente ressaltou a necessidade de reaglutinar a base aliada. Ele recebeu Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Beto Mansur (PRB-SP), Soraya Santos (PMDB-RJ) e Wladimir Costa (SD-PA), que fez uma tatuagem em homenagem ao peemedebista.

Ele também se reuniu com o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), que defendeu junto ao presidente que a reforma previdenciária seja votada apenas com a idade mínima. “Não adianta convencer o inconvencível, porque há muitas dificuldades”, disse à reportagem.

Em resposta, o presidente teria dito que é necessário ver qual é o momento certo para colocar a proposta em votação. A defesa feita por Ramalho é compartilhada por parlamentares de partidos como DEM, PSD, PR e PRB.

Cobrança por fidelidade

Com a denúncia barrada, o presidente pretende, enquanto a Procuradoria-Geral da República não apresenta uma nova, reconquistar o apoio do mercado financeiro, reajustar sua base de apoio, acelerar reformas governistas e segurar o apoio do PSDB à sua administração.

Ele cobrará agora fidelidade dos partidos governistas e pretende retirar cargos de segundo e terceiro escalões de deputados infiéis, entregando-os a parlamentares que votaram contra a denúncia e têm pouco espaço na máquina pública.

Para garantir o apoio do PSDB e do PSB, contudo, não fará mudanças na Esplanada dos Ministérios. Em conversas reservadas, ele tem dito que a fidelidade dos ministros, que reassumiram mandatos parlamentares para votar contra a denúncia,”será recompensada”.

As trocas serão baseadas no placar da denúncia e serão feitas pela postura individual de cada parlamentar, não pelo posicionamento partidário. O Palácio do Planalto avaliou como traição, por exemplo, os votos de Carlos Gomes (PRB-RS), Fernando Franceschini (SD-PR) e Esperidião Amin (PP-SC).

Com o remanejamento de cargos, o presidente tenta recompor a base aliada, que saiu da crise política menor. Pelos cálculos do Palácio do Planalto, o total de parlamentares governistas caiu de 411 para 370, o que coloca em risco a aprovação de medidas de interesse do governo.

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