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| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A partir do dia 1º de setembro será trocada toda a equipe de promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro que atuava na investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL). Pouco mais de cinco meses após o assassinato dela e do motorista Anderson Gomes, o crime continua sem solução e as autoridades decidiram silenciar sobre o caso. 

Nesta terça-feira (21), após reunião com o comando da intervenção federal na segurança pública do Rio, o procurador-geral de Justiça do estado, Eduardo Gussem, afirmou que o promotor responsável pelo caso, Homero Freitas, está de saída das investigações em razão de uma promoção na carreira. Ele passará a atuar como procurador de Justiça – que são os profissionais do Ministério Público que atuam na segunda instância da Justiça estadual.

Em seu lugar assumirá a promotora Emily Letícia, que decidiu substituir toda a equipe de cinco pessoas (seis, se considerado o promotor responsável) que trabalhava há cinco meses no caso. O procurador-geral de Justiça explicou que a promotora tem autonomia para escolher sua equipe, mas não revelou os motivos para a troca completa.

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A promotora indicou que irá incluir no caso o Caeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado), que atua no Rio principalmente na investigação aos grupos milicianos. Uma das linhas de investigação  aponta a participação de grupos milicianos com apoio de políticos locais na morte da vereadora.

Um segundo grupo do Ministério Público, o CSI (Coordenadoria de Segurança e Inteligência), também irá entrar na investigação. O procurador-geral de Justiça não informou quantos servidores do Ministério Público passarão a atuar exclusivamente no caso. 

A promotora que passa a responder pelas investigações do crime não participou da reunião da cúpula da segurança pública no Rio, ocorrida na tarde desta terça no Centro Integrado de Comando e Controle, no centro do Rio. Atualmente, a Divisão de Homicídios da Polícia Civil é quem lidera as investigações. 

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Na semana passada, quando o caso estava prestes a completar 150 dias sem respostas, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, declarou que a Polícia Federal poderia assumir o caso. A fala gerou mal estar na cúpula da intervenção federal, decretada em fevereiro passado. O general Walter Braga Netto, nomeado interventor, tem sob seu comando as polícias, bombeiros e setor penitenciário do Rio. 

Nos bastidores, a fala do ministro foi interpretada como uma crítica velada às investigações em curso. No mesmo dia da declaração, o Gabinete de Intervenção afirmou que a Polícia Federal já estava atuando no caso Marielle. 

O procurador-geral de Justiça disse nesta terça-feira que uma mudança no comando das investigações só poderia ocorrer caso o general interventor solicitasse algo do tipo ao governo federal. Ainda segundo ele, a PF atuou no caso Marielle com apoio técnico principalmente na fase de perícias. 

Egresso do Ministério da Defesa para ocupar a recém-criada pasta da Segurança Pública, Jungman deixou de ter influência direta sobre os militares, mas passou a comandar a Polícia Federal e a Força Nacional, que migraram do ministério da Justiça para a pasta da segurança pública. 

As divergências entre Jungmann e o general interventor Walter Braga Netto ficaram claras quando, na semana passada, o ministro ordenou que cerca de 140 agentes da Força Nacional que davam apoio às ações da intervenção deixassem o Rio.

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A ordem gerou desgaste com os generais que comandam a intervenção que, segundo a Folha apurou, só souberam da medida quando ela foi publicada no Diário Oficial da União. 

Enquanto as autoridades protagonizam disputas políticas, a família de Marielle continua sem proteção do estado. Na segunda-feira (20), após reunião da família de Marielle com o gabinete de intervenção, a irmã da vereadora Daniele Franco declarou que a família continua a sofrer ameaças relacionadas ao caso nas redes sociais. 

A família reiterou na última segunda pedidos de proteção oficial ao estado. Segundo Daniele, o general Richard Nunes, que comanda a secretaria de Segurança Pública do Rio, teria prometido providenciar segurança à família. 

Os generais que comandam a intervenção não falaram com a imprensa na saída da reunião desta terça.

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